Polvora e pedra

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Contratei um grupo de homens que atuam sob anonimato, conscientes de que "não podem se expor". Durante a noite, as bombas foram cuidadosamente dispostas dentro de uma lata de lixo na rua mais movimentada, aguardando pacientemente o momento oportuno para explodir ao meio-dia, quando a atividade atinge seu ápice, prometendo uma catástrofe iminente.

Enquanto permanecia sentado em minha cama, meus ouvidos estavam em alerta máximo, captando cada mínimo ruído. As horas pareciam se arrastar interminavelmente, e à medida que a descrença começava a se instalar, o chão estremeceu, provocando o movimento de um copo de vidro sobre a mesa, que acabou caindo e se despedaçando em pequenos estilhaços pelo piso.

A bomba havia explodido.

09 de maio de 1942
12:09
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A bomba foi detonada com sucesso; estima-se que cerca de 24 pessoas estejam gravemente feridas e 5 tenham morrido instantaneamente.
Os estragos estruturais são descritos como catastróficos.
O objetivo é claro: atribuir a culpa a Galena e aumentar minha própria reputação, oferecendo assistência aos feridos e enlutados.

Entre os escombros e a névoa da explosão, minhas instruções foram inequívocas: cuidar dos feridos, proteger as crianças e apoiar os que continuam lutando. Sentia-me envolvido pela atenção e pelo calor humano; era como se eu estivesse verdadeiramente vivo. Planejei a próxima bomba para uma semana depois, quando as feridas estivessem cicatrizando e a dor começasse a desaparecer.

-Galena atacou nossas crianças.
-Eles estão intensificando os ataques.
-Não podemos permanecer passivos.
"Maldição, eles não nos deixam em paz."

Uma reunião foi convocada na sala principal; os anciãos se reuniram em um ambiente abafado e mal ventilado, impregnado com o odor do suor que me deixava nauseado. Eu lutava para manter a calma diante daquela assembleia.
-Senhores -interrompi o silêncio, todos os olhares se voltaram para mim, aguardando minhas palavras.
-Precisamos honrar os que perdemos e agir contra esses assassinos amanhã.
Houve murmúrios de consentimento, e ao me levantar, fui saudado com reverências e palavras de apoio; alguns até tocaram calorosamente meu ombro. Minha cabeça latejava; precisava encontrar um local com muitas pessoas para a próxima explosão e localizar Alan. Não o via desde a explosão; temia que ele estivesse entre os feridos ou os mortos não identificados.

E se eu fosse responsável por ferir ou matar quem eu mais amava? Era uma possibilidade que eu não podia ignorar. Mais Alan estava vivo, eu precisava acreditar perdidamente nisso. Meu plano continuava firme; o próximo alvo deveria ser um local com grande concentração de crianças.

Um ataque direto àqueles que simbolizavam o futuro de toda uma nação. Se essas crianças fossem brutalmente ceifadas, a mensagem seria devastadora: um presságio sombrio de que o destino da guerra seria a aniquilação total. No entanto, a ira inflamada das pessoas seria intensificada ainda mais, pois ataques dirigidos a inocentes causam uma comoção indescritível, uma dor que penetra profundamente na alma de qualquer comunidade.

16 de junho  de 1942
07:09
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A bomba foi detonada com sucesso a ala infantil do hospital ficou levemente devastada , obras de reconstrução e uma análise na estrutura do prédio deve ser realizada.
Entre os feridos (todos crianças) foram encontrados 4 mortos 2 gravemente feridos e 12 com ferimentos gerados pelos destroços
Objetivo:jogar a culpa em Galena e aumentar o prestígio que eu Edgar possuo oferecendo ajuda em cuidados com os feridos e com os que tiveram seus parentes mortos.

Alan estava desaparecido e ainda não havia nenhum sinal de onde ele poderia estar e a cada dia sem sua presença, sentia minha cabeça prestes a explodir, meu peito sufocava com o menor pensamento de que uma tragédia poderia ter acontecido. Alan poderia estar em pedaços, enterrado sob os restos de uma casa, poderia estar... Não, não posso continuar pensando nisso. Alan está vivo.

Pétalas de guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora