Capítulo 4

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Gustavo ON

Encerro mais uma missa e sorrio feliz com o trabalho que estou fazendo, só de pensar em tudo que passei para chegar até aqui me sinto orgulhoso e feliz por estar cumprindo meu papel como um homem de Deus. Não foi nada fácil me tornar padre tão jovem, muitas vezes as pessoas desacreditaram de mim e da minha capacidade, mais eu nunca desisti e aqui estou hoje feliz com mais uma bela missa bem sucedida.

_ padre já podemos fechar a igreja? - pergunta irmã Teresa me tirando dos meus pensamentos

Gustavo: vamos ver se a casa do senhor está vazia antes - falo me levantando e ela concorda - vamos lá irmã

Caminho com ela até a parte da frente da igreja onde ainda tem algumas pessoas então conversamos com algumas dessas pessoas mais logo as mesmas se despedem para ir embora, então descidimos por fechar a igreja mais antes que façamos isso irmã Raquel vem até nós perguntando sobre a visita que faremos ao orfanato amanhã, então trocamos algumas palavras mais logo minha atenção é direcionada a uma jovem sentada aos fundos. Olho para ela e vejo tristeza em seus olhos e de uma forma estranha sinto vontade de abraca-la e dizer que vai ficar tudo bem, mais me contenho afinal sou um padre e não seria certo agir de dessa maneira, sem falar que não quero parecer um maluco.

Raquel: padre o senhor está bem? - pergunta chamando minha atenção

Gustavo: sim, eu estou bem - falo piscando algumas vezes - vocês conhecem aquela jovem? - pergunto olhando para elas

Teresa: não, mais ela não parece estar bem - fala penalizada - pobrezinha o que será que aconteceu?

Gustavo: vou lá conversar com ela e tentar ajudar de alguma forma - falo e as irmãs concordam

Sem dizer mais nada caminho até a jovem e a cada passo que dou em sua direção sinto que ela me olha fixamente da mesma maneira que olho para ela e estranhamente sinto que estou ficando nervoso a cada passo que dou em sua direção e ao mesmo tempo parece que tem algo se mechendo dentro de mim. Quando chego até ela tanto ignirorar o que estou sentindo mais aparentemente fazer isso não é tão fácil como penso, parece até que perdi o controle do meu próprio corpo.

Gustavo: Boa noite senhorita - falo olhando para ela

_ boa noite - fala com uma voz doce e suave

Gustavo: posso me sentar? - pergunto indicando o lugar vazio ao seu lado

_ claro, fique a vontade - fala dando um pequeno sorriso para mim e meu Deus o que está acontecendo comigo que me sinto cada vez mais nervoso na presença dessa jovem

Gustavo: você está bem? - pergunto direto

_ sim, só tive uma pequena discussão com meus pais - fala novamente dando um pequeno sorriso

Gustavo: entendo, os pais as vezes podem ser difíceis mais no fundo só querem o melhor para seus filhos, tenta entender o lado deles - falo e ela nega com a cabeça

_ os meus são um pouco mais complicado - fala com tristeza

Gustavo: quer me dizer o que aconteceu? - pergunto e ela fica em silêncio por alguns minutos - as vezes é bom desabafar e acredite, sou muito bem em escutar

_ sabe desde criança eu faço de tudo para chamar a atenção dos meus pais, mais eles só pensam em trabalhar e quando estão em casa a atenção deles vai toda para minha irmã, não entendo o porquê deles terem me colocado no mundo se não dão a mínima para mim, se eles iriam amar apenas Luiza porque me tiveram? - fala entre lágrimas

Gustavo: entendo que você deve se sentir abandonada, mais tenho certeza que seus pais te amam e que eles apenas não sabem demonstrar isso - falo e ela nega com a cabeça

_ as vezes acho que a vida é tão difícil e injusta, e que tudo seria tão mais fácil se eu não existisse - fala deixando algumas lágrimas caírem e me sinto mal por ela - me desculpa por estar te enchendo com meus problemas, nem nos conhecemos e eu já estou te aborecendo

Gustavo: você não está me aborecendo, e esta tudo bem chorar, você é humana isso faz parte de quem somos - falo olhando para ela enquanto tento conter a vontade imensa que estou de abraçar ela

_ obrigado por me escutar - fala e eu apenas concordo com a cabeça - a propósito meu nome é Maria Clara - diz estendendo a mão para mim

Gustavo: prazer Maria Clara, sou o Gustavo - falo pegando na mão dela e assim que nossas mãos se tocam sinto uma eletricidade percorrer por ela e aparentemente ela sentiu o mesmo pois se afastou rapidamente

Maria Clara: acho que já vou indo, já está ficando tarde - fala sorrindo sem graça

Gustavo: te acompanho até a porta - falo me levantando e ela faz o mesmo

Enquanto caminhamos até a porta da igreja reparo que ela é bem mais baixa que eu pois sua cabeça bate um pouco a baixo do meu ombro, ela também é bem magrinha o que a faz parecer bem mais delicada do que realmente é, mais apesar de toda diferenca entre nós, acho que ela é linda, a mais bela mulher que já vi. Mais isso não faz a mínima diferença, afinal sou um padre, não devo ter esse topo de sentimento e muito menos achar uma mulher bonita dessa maneira errada, afinal meu dever é com o senhor, eu sou seu servo e irei lhe servir até o fim, foi para isso que nasci.

Assim que chegamos na porta da igreja ela para na minha frente acho que para se despedir mais quando ela iria falar alguma coisa seus olhos focam no colar cervical no meu pescoço, em seguida sua boca se abre em um círculo perfeito e ela pisca algumas vezes como se não estivesse acreditando no que está vendo e só então percebo que ela ainda não tinha notado que sou o padre dessa igreja.

Gustavo: senhorita está tudo bem? - pergunto olhando para ela

Maria Clara: vo...você é padre? - pergunta parecendo em choque

Gustavo: sim, eu sou o padre dessa igreja - falo olhando para ela que nega com a cabeça - senhorita es...

Maria Clara: e...eu preciso ir para casa - fala rapidamente

Gustavo: quer que eu chefe um táxi, você não parece estar nada bem - falo preocupado com ela

Maria Clara: eu estou bem e não precisa de táxi, meu carro está logo ali - diz apintando para um veículo luxuoso estacionado na frente da igreja

Gustavo: tudo bem então, só dirija com cuidado - falo e ela concorda com a cabeça

Maria Clara: sua bênção padre - fala sem me olhar nos olhos e pela primeira vez na vida me sinto estranho escutando essas palavras, coisa que jamais imaginei que fosse acontecer

Gustavo: que Deus lhe abençoe filha - falo fazendo o sinal da cruz em sua testa e ela da um pequeno sorriso

De maneira tímida ela se despede de mim em seguida caminha até seu carro, então entra no mesmo e assim que ela parte sinto um estranho vazio. Eu devo estar ficando maluco ou estou muito cansado pois somente isso explica esse sentimento estranho e errado que estou sentindo, mais assim que chegar na casa paroquial irei fazer uma longa oração pedindo perdão ao senhor.




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