Já faz mais de um mês que eu me mudei para a nova casa e o novo emprego.
Durante este tempo, liguei duas vezes para falar com Juliette. Das duas vezes a chamada foi parar à caixa de mensagens. Deixei mensagem, mas ela não retornou as chamadas e eu não insisti.
Estou com uma saudade danada dela, mas não sei o que fazer.
Hoje é o meu dia de folga. Agora eu posso finalmente ter folga. Resolvi que vou lá esperá-la à saída da clínica.
Vou convidá-la para jantar.17,30 horas. Rodolffo estaciona na frente da clínica e espera dentro do veículo.
Ele sabe que ela não sai antes da 18 horas.Pontualíssima. Às 18 horas, Juliette atravessa a porta. Vinha numa conversa animada com uma colega.
Eu apitei e saí do carro. Ela olhou, sorriu e despediu-se da colega, caminhando depois até mim.Demos o nosso abraço habitual, e que saudades eu tinha deste abraço.
- Que fazes aqui?
- Vim ver-te e convidar-te para jantar.
- Hoje?
- Sim. Agora mesmo.
- Posso passar em casa, primeiro?
- Claro. Como quiseres.
- É que estou com o meu carro. Não vou deixá-lo aqui.
- Vai que eu sigo-te.
Juliette deu partida e Rodolffo seguiu atrás dela. Assim que estacionaram, Juliette pediu para ele entrar e esperar que ela ia tomar um banho rápido.
- É rápido. Bebe alguma coisa. Tem na geladeira e no bar. Podes servir à vontade.
Rodolffo disse que não queria nada e ficou à espera sentado no sofá e folheando uma revista que ali se encontrava.
Não passou muito tempo e Juliette surgiu de vestido curto, sandália de salto e um casaco leve. Era Verão, mas por vezes ventava à noite.
A maquilhagem era muito discreta, mas o que mais o cativou, foram os cabelos soltos. Nunca ele a vira assim. Na clínica trabalhava sempre de cabelo apanhado num rabo de cavalo ou trança.
- Estás linda. Devias usar o cabelo sempre solto.
- No trabalho não dá.
- Nem perguntei como tens passado.
- Muito bem. Alguns problemas, mas tenho conseguido levar. E tu? Como foi a mudança?
- Foi tarde demais. Perdi tanto tempo numa relação sem futuro.
- Nunca é tarde. Fomos dois trouxas, isso sim.
Seguimos para um restaurante à beira rio. Da mesa que nos coube na esplanada coberta podíamos ver e ouvir as àguas correrem.
- Este local é lindo. Olha as luzes reflectidas na àgua! Vê o contraste das cores.
- É lindo mesmo, mas diz-me, porque não retornaste as minhas chamadas?
- Parvoíce minha. Não estava bem na altura.
- Estavas doente?
- Doente, não. Só conflitos internos, mas não falemos disso. Estou contente por estar aqui e por rever-te.
- Já consegues ter folga?
- Sim, por acaso amanhã é a minha folga.
- Quer dizer que eu folgo terça e tu quarta. Vamos fazer um trato?
- O quê?
- Jantarmos juntos num destes dias, todas as semanas. Jantar de amigos de longa data.
- Combinado.
A conversa saía solta e leve. Já passava da meia noite quando Rodolffo deixou Juliette na porta de casa.
Viu-a entrar, deu meia volta e conduziu em direcção à sua. Atravessou a ponte, estacionou e entrou a cantarolar.