Cap 6

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" Por favor, não esteja apaixonada por outra pessoa. Por favor, não tenha alguém lhe esperando por você."
Enchanted - Taylor Swift

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Após o fiasco na estação de trem, as duas mulheres foram convidadas por Wagner, o senhor responsável por cuidar da estação, a irem passar a noite em um local próximo dali.

Silenciosamente, os três caminhavam pela estrada do vilarejo adentro; Wagner cantarolava, liderando o caminho, Natália estava por último e tinha as mãos nos bolsos, chutando pedrinhas, e, entre eles, uma Carol suja dos pés à cabeça puxava a mala de rodinhas com uma carranca e o corpo dolorido pela queda.

— Pelo menos a descida foi bem mais rápida.
Natália falou baixo ao se aproximar da mais baixa, e Carol a encarou com os olhos semicerrados, sentindo uma vontade enorme de pular no pescoço dela e esganá-la.

— Eu te odeio. - grunhiu. — Tudo isso é culpa sua e da sua brilhante ideia de ir até aquele castelo.

— Você foi atrás de mim porque quis, em momento nenhum eu pedi sua companhia até lá.

— Você, como sempre, não foi nada gentil e me deixou sozinha com um cão raivoso, o que queria que eu fizesse?

A irlandesa revirou os olhos, ignorando as reclamações dela e voltando a se concentrar na na monótona tarefa de chutar as pedrinhas da estrada.

Natália não entendia o motivo de Carol precisar tanto se casar, ela mal tocava no nome do namorado e todas as vezes que a morena perguntava algo, a mais baixa desconversava ou rebatia dizendo que Natália era insensível demais para entender qualquer coisa sobre relacionamentos; talvez ela realmente fosse, mas com toda a certeza Natália tinha seus motivos para tal.

— Chegamos. - disse Wagner. - A melhor pousada de Tipperary!

Adentraram a pequena propriedade, que ficava quase na beira da estrada, se deparando com uma horta bem cuidada ocupando a lateral da casa e algumas galinhas ciscando pelo lugar.

A construção de apenas um andar se
erguia delicada na maior parte do terreno, e as mulheres se sentiram confortáveis com o ambiente; as paredes eram repletas de pratos de porcelana dos mais variados tamanhos, formas e estilos, e o gostinho de casa da vovó pairava no ar.

— Querida, cheguei! Temos visitas!

Wagner exclamou, pendurando o chapéu e o casaco em um suporte de madeira. Uma mulher magra e branca como a neve,de bochechas vermelhas apareceu sorrindo, saudando o marido e se surpreendendo ao pôr os olhos nas jovens mulheres.

— Ohh! Sejam bem-vindas, queridas! Vocês deram sorte, há menos de meia hora um casal de mochileiros apareceu querendo o quarto. - ela negou com a cabeça. — Mas eles não eram casados e admitiram na cara dura, sem vergonha nenhuma. — Eu logo neguei, onde já se viu? O que é certo é certo, com chuva ou sem.

Paradas lado a lado, Carol e Natália engoliram em seco, sorrindo nervosamente mediante a fala da esposa de Wagner.

— E então, queridas, vocês são as senhoras...

A mulher ficou esperando uma resposta, enquanto elas trocavam um olhar desesperado e buscavam algum jeito de sair daquela situação constrangedora. Mais tarde, Natália refletiu sobre, porém não compreendeu o porquê da senhora ter deduzido que ela e Carol eram um casal, e não apenas amigas, mas estava com tanto medo de ter que dormir na rua que no momento nem pensou em nada além de tentar bolar uma resposta convincente.

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