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O primeiro ano do ensino médio.... eu me lembro bem... como eu e a Anita fomos humilhadas, foi um dia que... eu não queria reviver nunca mais! Foi um dia horrível para mim... eu... não. Eu não quero passar por aquilo de novo. Assustada, dei um passo recuando para trás.

Anita  percebeu o meu medo, ela sabe como aquele dia foi traumatizante para mim, ela chamou para um canto, afastando o suficiente para que Luiza não pudesse ouvir.

"Eu também não quero reviver aquele dia", admitiu Anita, sua voz não estava carregada de medo... mas de... coragem??. "Mas e se desta vez, pelo menos uma ÚNICA vez, nós não permitíssemos que ninguém nos humilhasse? E se tomássemos o controle e déssemos o troco?"

Seus olhos brilhavam com uma mistura de coragem e desafio, e eu soube imediatamente que ela estava certa. Eu adoraria revidar.... Fazer com que o Eduardo e aqueles amigos idiotas dele sejam colocados em seu lugar. Com um aceno de cabeça decidida, concordei com a ideia de Anita. Era hora de mudar o jogo, Eduardo e aqueles 2 idiotas iam ver.

Luiza nos encarava tentando saber o que é que estávamos falando que ela não podia saber, mas mudamos de assunto, falando que estávamos com muito medo do primeiro dia.

"Meninas, para de graça, vamos sair logo! Estamos atrasadas, eu quero chegar logo!" Luiza batia os pés, ansiosas para irmos logo.

Imploramos por mais alguns minutos para nos arrumar. Corremos para o quarto, revirando o  armário da Anita atrás da roupa perfeita, mesmo que a Anita não tinha muito bom gosto em 2006.

-Ei! Para de falar mal das minhas roupas, eu gostava do meu estilo em 2006, ok?!"- Anita disse, rindo.

Escolhemos a melhor roupa que encontramos e passei um pouco de maquiagem na gente, nada extravagante, apenas o basico para realçar mais ainda nossa beleza, olhamos no espelho, satisfeitas com o resultado. Estávamos prontas para mudar nossa história.

Ao descermos para a sala, Luiza soltou uma gargalhada, surpresa em como, do nada, decidimos nos arrumar, já que em 2006, não nos preocupavamos com nossa aparência. "Vocês estão um arraso, mas precisamos sair agora ou vamos chegar atrasadas", disse ela, pegando sua bolsa.

Concordamos animadas e seguimos Luiza em direção à escola, cheias de expectativas, queríamos rever nossos amigos, Henrique e Carol, não sabíamos quanto tempo íamos ficar aqui, mas, vamos pelo menos, tentar aproveitar, né?

• • •

A escola era bem mais bonita do que era no futuro, eu sorri vendo aquilo. Luiza se despediu de nós, indo encontrar suas amigas do terceiro ano, enquanto nós duas seguimos em direção ao pátio para encontrar Henrique e Carol.

Quando os vimos, saímos corremos para abraçá-los. Henrique, observa Anita com os olhos brilhantes. "V-você tá diferente, tá linda..." Eu e Carol rimos da situação. Naquele momento, quase pude ver a faísca de um romance entre eles, mas sabia que o futuro tinha outros planos.

-Obrigada! Gostou do meu look? A Maya que escolheu, só tive a liberdade para colocar meu Allstar rosa, acredita?"– Anita falou e todos nós rimos.

Mudando de assunto, Carol confessou estar com medo do trote, e naquele instante, uma onda de más memorias veio em minha mente. Quase mudei de ideia sobre participar, lembrando do quanto sofri no trote do meu primeiro ano. N-não... não vai dar.
Com o coração disparado, eu corri o mais rápido que pude, determinada a escapar do trote a todo custo. Carol, resolveu me seguir e veio atrás de mim, Henrique e Anita, sem muitas escolhas, optaram por encontrar um esconderijo próprio, longe de nós, para evitar chamar atenção com tanta gente em um lugar só.

Fui para a sala de aula no final do corredor, eu me lembrava que aquela sala não era mais usada por causa de um vazamento de gás. Era o local perfeito para nos abrigarmos sem despertar suspeitas. Carol, percebendo meu estado de pânico segurou a minha mão tentando me acalmar.

"Hey, está tudo bem", disse, com a voz calma  "Vai ficar tudo bem. Estamos juntas nisso, tá? Respira fundo comigo, relaxa... Ninguém vai achar a gente aqui, ok?!

Suas palavras  me ajudaram a acalmar um pouco, mas estava bom de mais para ser verdade... ouvimos a porta da sala de aula se abrir repentinamente. Era Eduardo, acompanhado por outro garoto que eu não reconheci. Seus olhos encontraram Carol e ele  decidiu deixá-la fora daquilo, já que eles tinham "um lance". No entanto, o outro garoto que estava junto com o Eduardo, me pegou a força.
Carol interviu, pedindo a Eduardo para me poupar também, mas ele recusou, dizendo que só pouparia Carol porque "ela era a mina dele". Não, não, não, por favor, não. "M-me solta! Eu não quero participar disso!" Me rebati tentando me soltar, mas o garoto era maior que eu umas duas vezes.

–Fica quieta menina, você vai acabar se machucando." Acabar me machucando????

–Você tá me machucando, seu idiota! Me solta, tá me apertando!

O garoto parou de me apertar mas não me soltou, contra a minha vontade. Fui arrastada à força para o pátio, vi Anita e Henrique também sendo capturados contra a própria vontade. Fomos conduzidos para uma rodinha, cercados dos veteranos, com os alunos do primeiro ano no meio.

A sensação de pavor aumentava a cada segundo, e eu me recusava a passar por aquilo novamente. Eu só quero sumir...

Eduardo, com seu semblante intimidador, anunciou que escolheria a primeira pessoa. Meu coração estava acelerado, e eu podia sentir o suor frio escorrendo pela minha testa enquanto esperava, torcendo desesperadamente para não ser eu.

Eduardo  apontou para Anita, e meu coração se apertou ao vê-la ser o alvo. Rezava silenciosamente para que Anita, conhecida por sua língua afiada, colocasse Eduardo em seu devido lugar.

"Olha só, a irmãzinha da Luiza", começou Eduardo, com aquela sua risada irritante. "O que dizer de você... vamos ver..."

Anita o interrompeu, e eu podia sentir a tensão no ar. Por um momento, ela pareceu reconsiderar, mas então sua determinação se renovou. Ela bateu o pé com firmeza e declarou que não queria saber o que ele ia falar dela, mas ela gostaria de falar um pouco dele.

– Você, Eduardo, é um completo idiota, sem noção, cafajeste, e eu não sei o que a minha prima viu em você, porque nem inteligente você é, para compensar os outros defeitos.

Meu deeeeeus, BOA ANITA MALUCA!! Todo mundo se animou, vendo o valentão da escola sendo humilhado pela caloura, eu me animei e decidi a ajudar, se isso for só um sonho, talvez eu preciso passar por isso, e então, finalmente acordar!

–E o que falar dos outros dois amiguinhos do Eduardo, prima?" Entrei na conversa, agora todos estavam olhando para mim, tentei ignorar o quão nervosa eu estava por ter tanta atenção em mim, e continuei.. -"Você.. Fabrício né? Não é aquele idiota que vive andando pela cidade de skate? Você é tão sem personalidade que se paga de badboy para esconder, que lá no fundo, você não tem qualidade nenhuma, e saiba que no futuro, você vai ser um Zé ninguém!" -Falei de uma vez só, todo mundo gritou, Fabrício só deu uma risadinha e revirou os olhos, olha só... deixei o badboyzinho sem palavras...

"E você? Qual o seu nome mesmo? Rafael... Gael? Joel? Joel, tão sem importância que ninguém nem lembra de você, não te conheço, mas sei se é para você estar andando com esses dois, boa pessoa não deve ser." Mais uma vez, todo mundo gritou,  agora foi a vez da Anita falar novamente.

–E é isso, acho que o espetáculo acabou, né? Vamos ir todos para sala estudar, para não ficarem com a cabeça oca igual esses três. –E dito isso, todo mundo aplaudiu, e Anita veio correndo me abraçar. -"Conseguimos!".

Conseguimos mesmo?....

    De volta aos 15!   【Fabrício】Onde histórias criam vida. Descubra agora