Cada escolha, cada passo, é uma dança delicada entre redenção e condenação.
Mas o sangue que flui em suas veias é uma tinta indelével, e os pecados dos pais são como sombras que nunca desaparecem completamente.
Assim, eles seguem adiante, carregando...
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Observando todos os rostos que vagam pelo grande salão de festas em busca da mulher que terá a sorte de me fazer companhia essa noite, levo o cigarro aos lábios e inspiro profundamente, sentindo o aroma familiar e reconfortante me envolver.
Mas a sensação de contentamento dura apenas alguns minutos, pois logo noto a aproximação de Octavia pela minha visão periférica e ouço seus passos que soam como pequenas tempestades prestes a desabar sobre a minha tranquilidade.
Então, preparando-me mentalmente para o inevitável confronto devido a sua energia incansável e suas provocações incessantes, descarto o cigarro em um canto qualquer e me endireito antes de desviar o meu olhar para ela.
Minha irmã mais nova se destacava na multidão com a sua postura altiva. Os cabelos negros, herdados diretamente de nosso pai, caíam como ondas sedosas ao redor do rosto delicado. E os seus olhos, tão escuros quanto a meia-noite, capturavam a luz de maneira intrigante, revelando o mistério profundo atrás do olhar penetrante.
Apesar da sua irritação constante, era impossível negar sua beleza cativante. E foda-se, a pestinha era como um ímã para a atenção masculina, e cada sorriso, cada olhar dirigido a ela despertava um desconforto latente que era compartilhado não só por mim, mas por meus irmãos e pai.
- Todos estão esperando você. - Sua voz irritada me arranca um sorriso cínico. - Vamos de uma vez, estou farta dessa festa sem graça. - Pontua, e sem ao menos esperar por uma resposta, agarra meu braço e me arrasta entre os convidados.
- Não pense que vai escapar essa noite. - Murmuro, sabendo que a sua pressa não é para voltar para casa. - Não vou deixar Dag limpar sua barra mais uma vez. Na próxima, vai passar a noite na cadeia.
- Não vai acontecer, fui pega apenas porque Madden decidiu não escutar minhas ordens.
Revirando meus olhos, não estendo o assunto mais do que o necessário, pois apesar das advertências da família sobre as suas tendências problemáticas, não consigo evitar a pontada de orgulho.
Sua essência indomável a tornava digna de respeito, e era uma qualidade que eu admirava, pois mesmo que isso a tornasse difícil de compreender ou lidar em certos momentos, revelava a sua coragem em ser verdadeiramente ela mesma, sem máscaras ou artifícios.
Ao atravessarmos a porta, pude sentir o peso dos olhares impacientes que me aguardavam na sala. Minha chegada tardia não passou despercebida, e a desaprovação pairava no ar. No entanto, me mantive inabalável, expulsando o filho mais novo dos Fane's da cadeira para que eu pudesse me acomodar.
- Pode começar. - Digo arrogante ao encarar Athos. Sua postura exalava confiança e uma aura de mulher fatal, como se soubesse o poder que excercia sobre os que a cercavam.
- Preciso que dois de vocês se estabeleçam em Meridian por um tempo para ficar no meu lugar. - Inicia, e por um momento, observo ela vacilar enquanto parece buscar as palavras certas. - Os Moreaus estão nos cercando cada vez mais, preciso mudar meu foco exclusivamente para isso. - Esclarece.
