O Desafortunado Deus do Infortúnio

35 4 9
                                    


Xie Lian on~

Não Foi assim que eu planejei. Não...não era isso. Estava tudo tão bom e leve com os dois...mas eu sabia que essa hora chegaria. Contar para eles sobre Hua Cheng significava ter que lidar com esses tipos de reação, afinal de contas, Hua Cheng não é pouca coisa. Lembro me de uma vez em que eu estava pesquisando sobre as calamidades e usei a rede de comunicação para perguntar sobre ele...ah, não foi nada bom. O silêncio mortífero da rede de comunicação foi, possivelmente, a coisa mais barulhenta e angustiante que ouvi na vida. 

Parece contraditório, mas os céus realmente temem este homem. Isso significa que tentar se aproximar de um Deus símbolo do infortúnio, como eu, banido 3 vezes, pode ter sido apenas uma forma de desafiar a corte celestial, o que também significa que eu fui só um instrumento para ele. Hahaha, caindo sempre em desgraça, hein, Xie Lian. Você deve ter nascido para isso mesmo. 

Coloco a mão na boca e rio comigo mesmo. Eu sabia que algo daria errado. Estava muito fora do comum para ser verdade. Um deus caído três vezes milagrosamente se apaixona por um jovem misterioso e atraente muito estranhamente interessado no Deus. Um homem como aquele, se fosse mortal, meramente prestaria atenção em um catador de sucata pobre construindo um templo de um deus que quase ninguém conhece ou quer seguir. Muito estranho, realmente. No fundo, no fundo, eu apenas não tinha certeza, mas eu já deveria imaginar.

A minha situação atual é culpa da minha irresponsabilidade. Se eu não tivesse me distraído, nada estaria assim agora. E ainda por cima, posso estar causando grandes problemas à corte celestial, que ficaria furiosa comigo se eu fosse meramente utilizado como instrumento de ameaça de Hua Cheng. Arg, eu realmente mereço essas coisas. Deve existir alguma profecia que sei que não posso quebrar. Sou o Deus do Infortúnio agora, e é isso que vou ter. Infortúnio. 

Cubro a boca com a mão e uso a manga das minhas vestes para abafar os sons que deixo escapar. Lágrimas caem dos meus olhos, fazendo-me sentir envergonhado e miserável. Eu achava que já havia perdido a vergonha, depois de tanta humilhação em vida, mas agora está sendo quase que como dá primeira vez. Esmagador, avassalador e terrível. Mordo minha mão tentando focar em outra dor que não seja esta na minha consciência, mas de nada adianta.

Mordo com mais força, o mais forte que posso. Só me acalmo, efetivamente, quando sinto um líquido quente e com gosto de ferro escorrer pela minha boca, me trazendo de volta a realidade e diminuindo minhas lágrimas. Retiro com cuidado minha mão da boca e olho para ela, sentindo o gosto do sangue que vejo. Isso é sangue de Xianle, sangue do príncipe, digo a mim mesmo. Meu pai diria para encarar a situação como um homem de Xianle. É isso que devo fazer.

Ergo a cabeça e seco o rosto com a manga das vestes. Em todas as minhas acensões eu tentei sei um bom Deus, e desta vez não será diferente. Vou até Hua Cheng e vou negociar com ele para que fique longe da corte celestial e dos Deuses, mesmo que isso custe a minha liberdade. O simples fato de ir falar com ele já acaba com sua saúde mental, sendo assim, nem precisa de liberdade mesmo, pontuo para mim mesmo. Não tenho nada a perder mesmo. Aliás, nem tenho posses para poder perde-las. Se eu conseguir perder o meu azar, sorte a minha. Hahahahaha.

Um pouco mais estabilizado, me sentindo um pouco melhor, começo a organizar meus pensamentos. Já que estou falando de azar mesmo, vou aproveitar o gancho: Na cidade fantasma, governada por Hua Cheng, o Chuva Carmesim que Atinge a Flor e a mais forte das quatro calamidades, o que predomina são os jogos de azar incluindo apostas. Quanto mais sortudo, mais bem sucedido nos jogos, e consequentemente mais posses. Obviamente que Hua Cheng é a presença mais sortuda de todas em um raio de milhares de quilômetros.

Isso significa que não tenho chance de me aproximar dele pelos jogos, não sendo azarado desta maneira. Preciso pensar em uma outra técnica. Ah, se me recordo bem, certa vez, no festival Zhongyuan (Festival dos Fantasmas) em que eu, novamente azarado, me encontrei no meio de uma passagem de fantasmas, me lembro de ter ouvido alguns deles comentarem sobre as dançarinas que trabalhavam para o Rei Fantasma. 

Se tem uma coisa que aprendi a fazer após cair em desgraça foi dançar. Eu fazia performances de rua em busca de dinheiro, e apresentava danças maravilhosas. Se eu me esforçar, talvez possa me infiltrar entre as damas e me aproximar dele, para que eu possa tentar fazer negócios. Muitos pensariam se eu não tenho vergonha na cara, de me infiltrar, aparecer com vestes femininas, abordar o rei diretamente e negociar uma força de trabalho barata como a minha, e ainda por cima, isso tudo vindo de um Deus caído e desafortunado.

Mas sinceramente, com tudo isso, eu já passei por muita coisa, não é? Vergonha é, para mim, o sentimento mais familiar de todos.


(Autora) Hiro on~

Olá a todos! Perdoem-me pela demora. Apesar da espera que vocês tiveram, eu voltei, e trouxe para vocês o que eu chamo de 'buraco na narrativa'. Certa professora minha tem o costume de dizer que se o autor coloca um buraco na história, é porque alguém vai cair nele, e é isso que eu preparei hoje. Desta vez eu cavei o buraco. Será que vocês adivinham quem cairá nele na próxima?

Espero vocês ansiosamente no próximo capítulo! Obrigada àqueles que seguiram comigo até aqui, um beijo da Hiro, e vejo vocês logo!

Eu já conhecia o meu amor há muito tempo(tgcf au)Onde histórias criam vida. Descubra agora