Eu já conhecia o meu amor há muito tempo(tgcf au)

O Jovem Cultivador

Xie Lian on~

Pago pelo último dos meus itens e retorno ao santuário. Quando entro, mal fecho a porta atrás de mim e já ouço algumas batidas firmes. Deixo as compras em um canto e corro até a porta, abrindo-a e me sentindo tímido. Do lado de fora, um grupo de pessoas diversificadas carregando cestas e garrafas cheias.

São os camponeses, percebo. Meus vizinhos, os quais eu reconheço alguns rostos, mas nunca falei com eles. Todos abrem grandes sorrisos convictos para mim e uma senhora baixa de vestes verde-escuras, carregando uma grande cesta repleta de morangos suculentos, se dirige a mim com uma voz cansada pela idade:

"Boa tarde, jovem cultivador!" Diz ela gentilmente. Jovem?  Penso comigo mesmo. 800 anos não podem afetar este meu rostinho mesmo, hein?  Ignoro meus pensamentos e espero que ela continue.

"Nós estamos acompanhando seus esforços há alguns meses para a construção do seu santuário, e vimos a placa sobre aceitar doações. Queríamos presentear você com alguns decoros das nossas hortas", declara ela.

Fico sem jeito. Nunca havia me aproximado deles antes, a não ser para dizer um 'bom dia' ou 'boa tarde', por isso sinto minha postura se desfazer um pouco. Me preparo para dizer a eles para que não se incomodem comigo, mas dizer isso para essas frutas doces e cheirosas, ainda mais com uma placa de doações na porta, me parece errado. Uno minhas mãos em frente ao rosto e abaixo a cabeça em agradecimento. Quando levanto, abro um sorriso e vejo alguns olhos brilharem, o que me faz corar. Eu ainda sou o príncipe mais bonito dos céus, aparentemente.

"Agradeço imensamente pela colaboração. Vou usufruir delas com carinho" digo  antes de aceitar a cesta das mãos da senhora. O cheiro dos morangos me faz salivar um tanto.

Convido o grupo a entrar. Eles depositam as cestas e garrafas ao lado do altar e se sentam ao redor da pequena mesinha de centro abandonada no meio do templo, e me apresso em servir um chá para todos.

"Diga-me jovem, para qual Deus você está dedicando este santuário?" perguntou a senhora, apreciando o chá. Essa é minha chance de trazer alguns seguidores para quando estiver pronto.

Arrumo minha postura e descanso meu copo. "Este santuário é dedicado ao Deus Marcial Coroado de Flores, o Príncipe Herdeiro de Xianle" Digo tentando manter o rosto da cor natural, o que é difícil pois a vergonha que sinto ao pronunciar um título que não mereço e nem tenho mais me dá vontade de corar. Durante um segundo, toda a minha vida de luxo sendo um príncipe lindo e adorado, rico, poderoso e venerado no imponente reino de Xianle, hoje acabado, passa pela minha mente; Ah, como era bom, penso. Nunca poderei me esquecer de como eram saborosas as refeições em Xianle na minha primeira ascensão...

"Mas diga-me, o que este Deus oferece? Fortuna? Saúde? Proteção? Talvez um par jovem e elegante para as moças e moços? Minha filha bem que precisa de um!" diz a senhora. A pergunta dela me tira de dentro do meu palácio imaginário com um banquete imaginário e me trás de volta á realidade onde eu sou pobre e esfomeado, vestindo trapos e pedindo por doações. Então percebo que a pergunta dela é um tanto problemática; não tenho condições de alimentar ou proteger a mim mesmo, então Saúde e Proteção estão fora  da lista. Fortuna nem se fale, com certeza fora, e se houver um Deus que ofereça isso me avisem que irei rezar para ele. Pares românticos estão totalmente fora de cogitação, principalmente levando em conta o  meu recente caso com o fantasma mais temido pelos céus.

O que direi a ela? Irá venerar o que neste templo?

Pensando bem: Sou um Deus marcial, e as pessoas oram por proteção aos deuses marciais. Recentemente não tenho me protegido pois não tive motivo. Também não precisei proteger nenhuma outra pessoa, pois a vila é muito tranquila. Isso significa que, a não ser que ocorra uma catástrofe na vila, não precisarei me preocupar em proteger as pessoas pois elas estarão seguras. Se ocorrer de a veneração sair dos limites da vila, já terei méritos o suficiente para proteger aos outros, o que deixa a situação sob meu controle, levando em conta que a vila está livre de catástrofes a décadas.

Então está decidido, é isso que deve se pedir em meu templo: Proteção.

"Este Deus oferece proteção, senhora. Protege seus veneradores em caso de algum perigo. Ele não é muito conhecido, por isso pode prestar especial atenção àqueles que o seguem" respondo convicto, torcendo para não ter demorado muito a responder. Alguns murmúrios de aprovação correm pela mesa e sinto uma felicidade invadir meu peito. Se eles estiverem realmente aprovando a ideia, talvez eu possa deixar o templo pronto antes de viajar e talvez já receba alguns incensos.

"Ficamos felizes por termos um pequeno santuário na vila Puqi. Desta maneira, teremos um Deus para olhar por nós, do vilarejo." Ela abre um sorriso. "Bem, meu jovem, receio que seja hora de nos despedirmos, pois temos muito á fazer. Inclusive meu nome é Ling Liu"

Abro um sorriso gentil e novamente vejo alguns olhos brilharem. "O prazer é todo meu, senhora Liu. Me chamo Xie Lian." 

"Engraçado; seu nome remete ao Deus que você venera" Diz ela com um sorriso, antes de se levantar com seu grupo e irem até a porta. Me despeço educadamente e após sumirem de vista, subo no telhado inacabado. Um solzinho gostoso da tarde me aquece e sento ali para aproveitar, sentindo o cansaço me derrubar. Fico observando as árvores, e já não recordo mais quando foi que caí no sono.

Notas da Autora (Hiro on~)

Oiee pessoal. Desculpem pela demora, mas voltei, como sempre. Esse capítulo de hoje foi mais levinho, eu queria dar um pouco mais de destaque para o templo e para o ambiente que ele está inserido, mas obviamente sem tirar nosso príncipe dos holofotes. Espero voltar em breve com os preparativos da viagem tão esperada e desesperada para nosso príncipe, hahahaha.

Até o próximo capítulo, obrigada por lerem! Beijos da Hiro <3 <3 <3