Brisa da ameaça

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Xie Lian on~

"TEM UM DEUS AQUI" Diz Nan Feng com um ar de horror que reverbera com intensidade em mim e Fu Yao ao meu lado.

Me levanto e olho para os dois. "Vão embora daqui! Eu cuido disso." 

Fu Yao levanta bruscamente e segura meu braço com força, "Não! Não vou te deizar aqui soz-" 

"Vai Fu Yao! Eu sei como contornar a situação. Pega o Feng e se esconde em qualquer buraco!" Digo. Fu Yao hesita por um segundo, mas logo em seguida corre até Nan Feng, que caído no chão e nauseado devido a sua estranha aversão á deuses (mesmo sendo um oficial junior do céu), não parece em muitas condições de levantas. Decidido como só aquele moreno podia ser, ele segura Nan Feng no estilo noiva e corre em direção a porta dos fundos.

Ouço os passos dele se distanciarem e alguns segundos depois uma jovem mulher muito bonita de cabelos castanhos entra pela porta da frente com vestes brancas e cianas de seda cara.

Ela entra com uma postura esplendida e um sorriso lindo no rosto, apesar de não me confortar nem um pouco.

Pelo contrário, deuses também me incomodam. Afinal, eu sou a piada preferida deles.

"Aqui está bem quente, não acha, Vossa Altesa?" Diz a mestra dos ventos, abrindo seu leque e abanando a si mesma. Shi Qing Shuan é o nome dela. Ou até mesmo nome dele, pois Shi Qing Shuan é uma divindade que pode assumir ambos os gêneros feminino e masculino; como sua forma feminina é mais poderosa, é mais comum encontrar com a Mestra do Ventos do que com o Mestre (apesar de serem a mesma pessoa). 

Olho para ela e abro um sorriso controlado e forçado, porém muito convincente.

"Imagino que esteja mais quente aqui do que lá em cima, não?" Digo. Ela me olha incisivamente de um modo falsamente gentil, e eu prendo meu cabelo em um rabo de cavalo alto, me empertigando.

"Vamos aos negócios" digo indicando com os olhos a mesa de centro para ela se acomodar; continuamos a manter nossa falsa cortesia, pois ambos sabemos que estamos sendo observados pelos deuses. Procuro servir chá em dois copos e ofereço-a um deles.

"Obrigada, Vossa Alteza."

"Imagine, Grande Mestra dos Ventos"

Sento em frente dela, dando margem para ela falar o que eu já esperava que falaria.

"Eu não espero que você imagine por que vim aqui, mas, eu quero ser sincera com sua Alteza. Vossa alteza deve achar que os deuses não ligam muito para sua existência, mas saiba que isso sendo verdade ou não, Vossa Alteza deveria imaginar que ainda pode ser alvo da observação dos deuses, ás vezes." Ela diz.

Não fique me enrolando, diga logo o que quer, penso com raiva da cena que ela está fazendo para me lembrar que eu sou um grande inconveniente insignificante nos céus, mas que ainda posso causar problemas.

"Bom, devo lembra-lo de que ocorreu uma interação entre sua Alteza e uma das quatro calamidades. Inconvenientemente, a mais forte delas: O Chuva Carmesim Que Atinge A Flor. Vossa Alteza já sabe como este sujeito afeta os céus, e uma aproximação entre os senhores não poderia ser vista com bons olhos em qualquer palácio divino que fosse."

Fico em silêncio. Eu realmente desejo que os deuses tenham acompanhado somente os últimos segundos da nossa "interação". Seria muito constrangedor chegar aos céus e ouvir por aí que "caí nas armadilhas de sedução do Rei Fantasma".

"Para a sua sorte ou infortúnio, a interação dos senhores só foi presenciada nos últimos segundos por um dos membros da Corte Celestial. Ele diz não ter visto vocês trocarem palavras, mas que estavam á uma distância física que não poderia sugerir que apenas esbarraram por aí em uma caminhada, se é que você me entende."
Ufa, penso. Parece que meu azar perdeu para a sorte do Rei e não fomos flagrados.

"Não vim aqui esperando que Vossa Alteza conte a história ou qualquer coisa do tipo. Estou apenas lhe avisando, por ordens superiores, de que todo e qualquer problema que este Rei Fantasma possa causar para o céu relacionada a interação de vocês deve ser evitado e lidado com sabedoria por Vossa Alteza, O Príncipe Herdeiro."

"Diga aos céu para não se incomodarem. Nada relacionado àquela interação irá afeta-los." Digo com um ar de seriedade e superioridade. Quero transmitir muito claramente que tenho a situação sob controle e que ela pode, ou ainda melhor, deve deixar este local o quanto antes. Eu sei que ela não queria estar aqui de mensageira, mas provavelmente foi sorteada para a missão, em função de mostrar pra mim que a situação é tão incomoda que um Deus de verdade veio me alertar.

As vezes eu não queria ser um Deus, sabe?

"Eu direi, Vossa Alteza." Ela diz, e sinto o ar esfriar a nossa volta. Uma brisa leve e ameaçadora brinca com a minha franja, solta frente aos meus olhos, e tenho certeza de que é controlada por ela. Olho com firmeza e assumo a postura de Deus que realmente sou, empertigando a coluna com uma expressão de poder a antipatia.

"Imagino que seja hora da Grande Mestra partir, não? Alguém importante como a senhorita deve ser atarefada" Digo. Ela se levanta, sem medo algum, e dá alguns passos em minha direção. Uma ventania começa levantando poeira e derrubando os copos no chão, fazendo com que eu só enxergue poeira.

Então vejo O Deus Mestre Dos Ventos, alto e forte, imponente e impiedoso como o Deus Elementar que as lendas retratam, bem perto do meu rosto. Com os olhos cerrados devido a poeira, o encaro com determinação. Ele aproxima a boca de meu ouvido, e percebo como ele é alto.

"Não me faça rir, Xie Lian. Essa pose de Deus não significa nada vindo de você. Você não passa de uma piada." A voz sombria dele reverbera em meu cérebro.

Cerro os dentes e fecho os punhos com força. Mais alguns segundos e ele some na poeira, sumindo junto com o redemoinho.

Tiro meus braços das mangas da túnica branca que uso por cima da calça e deixo ela escorregar pelo meu tronco e ficar presa no cinto de cordas azuis que uso, como se fosse alguma blusa marrada em minha cintura. Deixo meu tronco enfaixado receber o vento natural que entra pela porta.

Dizem que quando o cérebro se percebe em uma situação de risco ou ameaça, ele trabalha juntamente com o sistema nervoso para preparar o corpo caso haja a necessidade de atacar, fugir ou se defender. Uma das formas de preparar é aquecer o corpo.

E caramba, eu to cheio de calor agora.


Hiro (Autora) on~

Olá meus queridos leitores! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim. Voltei com um capítulo diferenciado. Botei o mestre dos ventos no rolê, e sim, ele não é tão simpático por aqui, kkkkk.

Só pra deixar bem claro, a aversão do Xie Lian á Deuses se dá pelo "bullying" que ele acaba sofrendo pelas vergonhas que passou durante a história dele. Já o Nan Feng tem aversão pois costuma receber tarefas que desagradam ele, e ainda não pode expressar incômodo ou reclamar em voz alta quando recebe ordens; ele acabou alimentando tanto essa aversão que é ele fica inconscientemente muito desconfortável na presença de qualquer Deus que não seja Xie Lian (Afinal de contas, as coisas que o Xie Lian mandar, ele não é obrigado a fazer, sem falar que ele pode reclamar e xingar a vontade com o príncipe).

Mais uma coisinha antes de me despedir. Esse "calor" que ele sentiu no final foi porque ele queria muito dar umas porradas no mestre do vento, o que significa que ele queria fazer um ataque. Por isso eu relacionei com o calor.

Enfim galera, por hoje é só, vejo vocês em breve! Agradeço aqueles que continuam comigo até aqui, acompanhando. Grande beijo, forte abraço, e até o próximo capítulo!! <3 <3

Eu já conhecia o meu amor há muito tempo(tgcf au)Onde histórias criam vida. Descubra agora