18. love you need, ashe.

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DANA

Do corredor ouço vozes ecoando nas paredes. Temos visita?

- Dana? - Vejo a silhueta do meu pai, vindo de encontro comigo na escuridão.

- Oi! — Sorrio, mesmo que ele não possa me ver. - Desculpa a demora, eu me esqueci totalmente e acabei dormindo!

Ele ri e as vozes continuam mais para o fim do corredor, onde está a porta que dá acesso a sala.

- Quem está aí? - Fico animada só de pensar que alguém do restaurante vá passar a noite conosco. Da última vez a Amanda foi a escolhida e nós rimos muito juntas antes de pegar no sono.

- Sua mãe convidou seu amigo para comer aqui também. - Meu sorriso some e a ansiedade intensifica. - É fim de ano. Sentimos sua falta, não faça desfeita.

Inspiro e expiro o ar de meus pulmões. Sigo ele devagar pelo corredor, tentando não esbarrar no amontoado de plantas que minha mãe cuida.

Quando a luz amarelada da sala me alcança, atiro meu olhar diretamente para a cozinha. O sorriso dele congela quando seu olhar alcança o meu.

Está de avental. Cortando legumes junto da minha mãe. A cena me machuca tanto que não sei se consigo disfarçar. Quero sair correndo.

Meu pai pede minha mochila - me fazendo acordar - e a coloca junto da de Nathan, no sofá menor da sala.

Ando devagar até lá. Meu pai para na bancada e sorri para nós três.

- Hoje teremos reforço em dobro! - Meu pai comemora.

Nathan se vira para sorrir e quando percebe que estamos perto demais, volta a se inclinar na bancada, de costas para mim. Suspiro.

Minha mãe fala muito. Igual a mim. Sinto um pouco de amor quando percebo isso.

Nat nem parece se incomodar, até quando ela diz as maiores besteiras sobre as tatuagens dele. Ou sobre as minhas.

Ela explica um pouco sobre a Tailândia e tudo que aprendeu com o marido. Como o restaurante surgiu e até sobre o sonho que teve com ele, trabalhando com a gente.

- Foi muita sorte. - Diz, limpando a boca com um guardanapo. - E você sempre vai ser muito bem-vindo aqui, viu, filho?

Encaro os dois do outro lado da mesa. Ela põe a mão levemente sobre seu ombro e ele se mostra muito grato. É como se houvesse uma luz branca contornando ele por inteiro, deixando-o completamente iluminado.

Tenho a impressão de que seus olhos se enchem d'água, mas talvez seja só mais uma das coisas que gostaria que acontecesse. Nat não é sensível a esse ponto.

Abaixo a cabeça e termino o meu prato ainda em silêncio. Meu pai me dá uma cotovelada gentil. Sei que vamos conversar mais tarde.

Meu irmão tinha uma conexão forte com a nossa mãe e eu com o papai. Sentada aqui me lembro dos dias que seguiram o nosso aniversário alguns anos atrás. Com a cadeira que o Nathan ocupa agora, completamente vazia. O silêncio e os talheres batendo no prato, sem ninguém conseguir comer.

Quase perco o apetite, mas me forço a comer porque não quero ver minha mãe chateada. Ela odeia desperdício.

Depois que terminamos de comer, Nathan extendeu a conversa com um toque de humor. Parecia até estar bêbado. Rimos juntos durante alguns minutos, até que ele concordou comigo sobre o horário.

- Vocês podem dormir aqui! - Minha mãe começou a insistir. - Eu arrumo as camas em um instante! Podem voltar amanhã de manhã.

- Sem chance. - Sinto minhas bochechas queimando. - Nós realmente precisamos ir.

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⏰ Última atualização: Jun 14 ⏰

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