10. lonely boy, the black keys.

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NATHAN

A noite anterior foi uma experiência de quase morte. Não ouvia nada além de um zunindo irritante, minha cabeça doendo muito, insuportável abrir os olhos e receber a claridade vinda da janela. Nós precisamos de uma cortina blackout.

Minha salvação foi ter acordado pouco antes de Esmeralda e Dana chegarem em casa. Elas passaram no mercado e na farmácia em busca de qualquer coisa para nos salvar. Salvar o Zak.

- Eu pensei que você não tivesse bebido tanto assim. - A de olhos verdes disse, me obrigando a beber mais água. Minha garganta arranhava. - Mas considerando o que aconteceu, só era possível assim, né?

- Do quê você está falando? - Me lembro de ter dito. - Porra, tá doendo muito.

- O quê? A cabeça? - Ela se apressar para ajeitar o travesseiro atrás de mim. -  Quer tomar algum comprimido?

- Não. Eu não preciso dessas coisas. - Respondi, me ajeitando sozinho. - Só preciso dormir.

- Certo. - Ela suspirou. - A Dana tá cuidando dos outros. A situação tá feia.

- O Zak tá bem?

- Ele já dormiu. A Alícia está vomitando ainda. Elas estão no banheiro.

- E o Alex?

- Também no quarto, mas não sei se já dormiu. Vou conferir agora, enquanto as meninas estão no momento desabafo.

- Vai lá e me fala.

- Não sou sua empregada. Agora vai dormir.

Me lembro de ter resmungado um pouquinho e apagado. Estico meu braço até a mesinha de cabeceira, ligo meu celular. Dez da manhã. Simplesmente não consigo acordar mais tarde que isso.

Esmeralda ainda está dormindo na cama do outro lado do quarto. Aposto que todos estão dormindo. Posso aproveitar para fazer uma caminhada.

- Bom dia. - Ouço alguém falar assim que fecho a porta do banheiro atrás de mim. - Como você tá?

A de olhos puxados está na sala, com uma vasilha de uvas em mãos. Tem dois sanduíches na mesinha de centro, e uma jarra de suco com dois copos vazios do lado.

- Bom dia. - Minha voz saí um pouco rouca. - Melhor.

Não vi que ela estava ali quando passei para o banheiro. Que vergonha.

Ela dá batidinhas no sofá, ao lado dela. Eu passo e me sento. Na TV um filme do Studio Ghibli.

- Fez isso agora? - Pergunto, servindo um pouco de suco. - Eu não consegui ouvir nada.

- Aham. - Balança a cabeça, levando outra uva verde até a boca. - Tentei fazer pouco barulho pra não acordar os outros.

E o assunto morre. Eu estou me lembrando aos poucos do que aconteceu naquela festa.

Pensei que era nossa obrigação ficar juntos, mas Esme e Dana não ficaram com a gente o tempo todo. Até Alex e Alícia sumiram no começo.

- Onde você ficou ontem? - Dou uma mordida no sanduíche.

- Durante a festa? - Eu balanço a cabeça. - Sentadas no andar de cima. Com umas amigas de outras bandas. Do Sweet e do Say Something. Daí fomos para a casa delas, era aniversário da Sabrina.

Não faço ideia de quem seja Sabrina.

Ela me encara, séria. Presto atenção em detalhes do seu rosto. Parece ter algumas sardas no nariz e bochechas, a boca de um formato bonito. Os olhos estão um pouco vermelhos, mas não sinto cheiro de cigarro.

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