Corsário da meia noite (Mitake)

Capítulo I

O garoto congelou por um momento, sentindo sua saliva descer rasgando por sua garganta, encarando os olhos intimidadores do pirata carrancudo que o havia descoberto. A figura sombria diante de si emanava autoridade e uma aura perigosa que fez seu coração acelerar novamente, tinha completa certeza de que o jovem pirata a sua frente não era alguém que deveria entrar no caminho, caso não quisesse acabar na prancha como as histórias de piratas que ouvirá de sua mãe quando era apenas uma criança.

- 'Mas tenho certeza absoluta que a forma dos piratas de lidar com simples vermes como eu, é bem pior que apenas andar na prancha para virar petisco de tubarão branco'. - pensar nisso o fez morder os lábios aflito, tremendo da cabeça aos pés.

Com isso em mente e sem perder tempo, o garoto tentou articular uma resposta coerente, lutando para controlar sua voz trêmula e não parecer um cãozinho assustado. - não que não fosse um nesse exato mometo.

- Eu... Eu estava tentando escapar. Dos guardas da marinha. Não queria problemas, só... preciso sair da cidade. - ele balbuciou, tentando manter-se o mais calmo possível diante da ameaça que sentia pairar sobre ele.

O pirata estudou-o com um olhar penetrante, parecendo avaliar a sinceridade nas palavras do garoto. Então, com um sorriso malicioso, o pirata deu um passo mais próximo, sua presença imponente pressionando o garoto ainda mais contra os barris. - Então, você escolheu o navio certo para uma fuga, garoto. Mas aqui não se entra sem permissão. - ele ditou com uma voz rouca quando seu rosto irritado e tenebroso voltou a aparecer, em uma mudança de humor surpreendente.

O intruso sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas antes que pudesse responder, outros membros da tripulação começaram a se aproximar, observando com curiosidade a cena que se desenrolava. Empurrando caminho entre os piratas intrometidos, uma feição mais calma com belos cabelos platinados se fez presente. Se pudesse dizer algo sobre sem saber que o platinado era um pirata, diria até que se tratava de um nobre. - Isso se não fosse por suas vestes surradas e desgastadas.

Ele pareceu suspirar cansado com a situação. - Baji, pare de assustar esse intruso e o leve para o capitão. - suplicou, esfregando sua têmpora em busca de afastar o estresse. O moreno alto. - que agora sabia que se chamava Baji. - bufou irritado como uma criança fazendo birra por não conseguir o que quer. - o que seria até engraçado, se a situação toda não fosse completamente aterrorizante.

- Você não tem graça nenhuma, Mitsuya. - bufou encarando o platinado, antes de voltar sua atenção ao garoto choroso no chão. - eu mereço.. - murmurou desanimado.

Agarrou o braço do moreno e o puxou para cima, sem tanta violência, vendo como o garoto parecia indefeso e frágil. - vem logo. - bufou chateado ainda segurando seu braço. Com o coração ainda martelando no peito, o garoto foi levado através do convés até uma cabine no centro do navio. Após bater na porta, esperou alguns segundos até uma afirmação do outro lado, lhe concedendo a permissão para entrar. A porta rangia ao se abrir, revelando um espaço escuro iluminado apenas pela luz filtrada através das janelas. Sentado à mesa, com mapas e papéis espalhados, estava uma figura bela, que julgou ser o capitão.

Um garoto não tão alto que aparentava ter sua idade, ou até mais velho, poderia ter uns 19 anos mais ou menos. Seus belos cabelos loiros que seguiam até acima de seus ombros, caindo maravilhosamente por seus rosto. Usava uma camisa de linho desgastada, com mangas largas e um decote aberto, exibindo a pele pálida adornada por cicatrizes de lutas. Suas calças eram justas, se ajustavam perfeitamente, terminando em botas de couro surrado que testemunharam o uso de muito tempo. Mas o que mais o chamou a atenção, foram seus olhos penetrantes e sombrios. Sentiu um nó se enrolar em sua garganta.

- Baji, eu te disse para parar de trazer ratos para nosso navio. - resmungou irritado. Era notável uma veia de irritação saltando em sua testa. Baji bufou e coçou a nuca nervoso. - dessa vez não fui eu, Mikey! - reclamou irritado, caminhando para mais perto da mesa do capitão, levando o garoto com si.