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DEIXE QUE O TEMPO CURE.

Luiza encontrou Milena já praticamente na calçada do prédio de Valentina e fez questão de demonstrar a sua insatisfação pelo que tinha acontecido só com o olhar, firme e duro, quase cortante. Destravou as portas do carro e viu a namorada deslizar porta adentro também em um gesto silencioso, assim que ocupou o volante e deu a partida, a única coisa que era ouvida dentro daquela SUV, eram as batucadas dos dedos de Luiza no volante e o barulho do chacoalhar de um terço que pendia no assoalho do carro, preso no espelho retrovisor. Fora isso silêncio total e respirações pesadas, Milena começou a morder o lábio, sinal claro de nervosismo e Luiza percebeu, tragando a saliva ela decidiu cortar o silêncio de uma vez por todas.

— Você não poderia ter sido mais errada... — Milena fez menção de responder mais foi cortada — Eu não acabei! Não importa o que você fale, estávamos na casa dela e você a desrespeitou. Foi uma atitude completamente ridícula e dispensável.

— Agora você fala como se ela também não tivesse falado um monte de besteira, claro que ia cair tudo no meu colo... A coitada da Valentina não pode responder pelos próprios atos... — Respondeu com desdém.

— Você estava na casa dela, se meteu no assunto do nosso filho, foi hostil e ainda quer ter razão? Por favor, Milena! — Rolou os olhos — Ou você ficava quieta ou respeitava a Valentina! Ela é e sempre será presente na minha vida, eu não tenho a menor intenção de mudar isso e quando nos conhecemos você soube desde o início da nossa história, então o mínimo que eu exijo é respeito com ela!

— Não acredito que você está fazendo um discurso para defender a sua ex com problemas mentais, — Negou com a cabeça e recebeu um olhar cortante de Luiza — aí tá, não falo mais. Não tenho também a menor vontade de encontrar com ela de novo, tanto faz. Ela que não atravesse o meu caminho e já vai ser ótimo, eu posso fingir que ela não existe.

— Eu espero que eu não precise te lembrar que eu não aceito mais nenhum tipo de desrespeito com ela, — Luiza a encarou pela primeira vez, visto que estavam paradas no sinal vermelho. — se eu tiver que escolher, não vai ser difícil. Então colabore!

Milena sentiu as palavras a ponto de engolir seco e as duas seguram o trajeto em silêncio. Luiza praticamente fez a namorada descer na própria casa, desfazendo do combinado de que iriam terminar a tarde juntas.

— Nós não íamos...

— Não vamos mais! Eu estou explodindo de dor de cabeça, e eu quero descansar para ir buscar o Léo mais tarde. E você não vai comigo!

— Tudo bem, Luiza... a gente se vê amanhã ou você não vai trabalhar para ficar de babá?

— A gente se vê amanhã... — Luiza reduziu a velocidade devagar até parar totalmente na portaria da cacheada. — Até mais!

Milena bem que tentou um beijo, mas o máximo que conseguiu foi um selinho muito do mal dado. E desceu do carro pisando firme.

[...]

Quando a noite já se fazia presente, Valentina acordou sentindo uns puxões de leve nos cabelos. Abriu os olhos e se deparou com a figura de Leonardo sentado na cama passando vulgo pesando, as mãos em seus cabelos. Abriu um enorme sorriso e sentou, pegando ele nos braços.

— Acordou a mamãe, é carinha? Está com fome? — Ele assentiu e ela pensou que Léo já estava dormindo por um bom tempo — vamos ver, o que o meu bebê vai comer.

— Quero biscoito! — Pediu ainda concentrado nos cabelos agora mais escuros da mãe.

— Ah, você quer biscoito? Ok, vamos ver se vovó Catarina comprou biscoito. — levantou trazendo consigo ele no colo. E foi até a cozinha.

Inconstante.Onde histórias criam vida. Descubra agora