perfeições aparentes

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Acordo mais um dia e ao sair de casa naquele dia, sinto um frio na barriga incomum. Talvez seja a expectativa de conhecer a famosa modelo surpresa, talvez é algo mais profundo. A caminho da faculdade, a limusine a deixava sempre no centro das atenções, mas algo começava me incomodar. Será que a vida perfeita que meus pais me prometeram é o suficiente?

No corredor da faculdade, enquanto esperava a aula de desfile começar, eu olhava ao redor, analisando as pessoas, mas sua mente estava longe. O sonho de ser uma modelo famosa estava tão perto, mas o vazio dentro de mim crescia. Desde a partida dos meus pais, algo parecia fora do lugar. Tudo era oferecido a mim de bandeja, menos o que mais importava: um sentido real para minha vida.

Quando finalmente entrei na sala de aula, a expectativa se espalhou entre os alunos. A professora, uma mulher esguia e de postura impecável, apresentou a convidada especial: era Daphny. A própria Daphny, minha modelo favorita, estava ali. O meu coração disparou, mas ao mesmo tempo uma onda de nervosismo me invadiu. Eu não podia perder a chance de causar uma boa impressão.

— Bom dia a todos — começou Daphny, com um sorriso enigmático. — Hoje, vou ensinar a vocês algumas técnicas que aprendi ao longo dos anos. O desfile não é só sobre beleza, mas sobre presença, sobre como capturar uma sala inteira com o seu olhar.

Mal posso acreditar que estava ali, frente a frente com alguém que admirava tanto. Durante a aula, Daphny observava cada aluno com atenção, mas parecia que seus olhos pousaram vinham para mim com mais frequência. Quando chegou a minha vez de desfilar, concentrei toda minha energia em cada passo. A sala ficou em silêncio. O som dos saltos ecoavam, e a minha postura impecável atraiu a atenção. Ao final, Daphny sorriu levemente e aplaudiu.

— Impressionante, Isy. Você tem um talento natural. — disse Daphny, aproximando-se. — Gostaria de conversar com você depois da aula, se não se importar.

Eu saltei de excitação. Não consigo acreditar no que estava ouvindo. Será que minha chance finalmente chegou?

Depois da aula, me aproximo de Daphny, tentando manter a calma.

— Quero ser direta com você, Isy — disse Daphny, enquanto os dois caminhavam pelos corredores vazios da faculdade. — Você tem potencial, mas quero saber algo: por que você quer ser uma modelo?

A pergunta a pegou de surpresa. Eu nunca havia realmente parado para pensar no "porquê". Sempre foi algo óbvio para mim, um caminho que parecia traçado pela minha aparência e pelos desejos de meus pais. Mas agora, diante de Daphny, a pergunta parecia carregar um peso maior.

— Eu... — comecei, hesitante. — Eu sempre sonhei com isso, ser reconhecida, viver a vida que eu vejo nos desfiles, nas capas de revista.

Daphny olhou profundamente nos olhos dela, como se estivesse tentando ver além das palavras.

— Não me entenda mal — disse Daphny. — O glamour é sedutor, mas você precisa de mais do que isso. A verdadeira força vem de algo mais profundo, de um desejo maior do que a fama. Pense sobre isso.

Eu fico em silêncio, absorvendo as palavras. Daphny não parecia estar me testando, mas me desafiando a olhar para dentro de mim mesma.

Nos dias seguintes, a frase de Daphny continuava ecoando em minha mente. O que eu realmente queria da vida? Será que todo aquele luxo, dinheiro e a busca por reconhecimento realmente me preenchem? As perguntas começaram a surgir, e com elas, uma inquietação que eu não podia ignorar.

Em casa, deitada na enorme cama, com todas as suas coisas ao redor, percebi que, apesar de ter tudo o que poderia querer materialmente, faltava algo mais. Eu não sabia exatamente o que era, mas estava determinada a descobrir.

Não ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora