Capítulo quinze

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— Seonghwa, tem certeza que você está bem? — Yeosang perguntou pela terceira vez só naquela manhã.

— Já disse que sim. — Seonghwa respondeu, mas sem tirar os olhos das suas anotações. — Me faz um favor? Pergunta para San quando poderemos sair daqui.

— Sim, senhor. — murmurou o loiro, com um suspiro.

Yeosang não era muito de ter sonhos, mas durante aquela madrugada, algumas lembranças do orfanato lhe vieram a mente, principalmente aquelas de onde perguntava a titia Sun sobre a sua família.

Além desse fato estranho, o loiro notou muito rapidamente que Seonghwa estava agindo estranho consigo, ao ponto de nem lhe encarar nos olhos.

Como se não fosse estranho o suficiente, o Kang perguntou sobre o diário e se terminariam de ler. O veterano imediatamente desconversou e disse que não havia mais nada para ser lido, o que era uma grande mentira.

— Será que ele está assim comigo por causa do beijo? — o Kang se perguntou, preocupado com a relação pessoal deles atrapalhasse a investigação. — Será que ele não gosta de mim e por isso está se afastando para que eu não crie desejos? Merda, por que eu fui beijá-lo? Mas, espera... Se ele não sente nada por mim, então por que retribuiu?

— Falando sozinho, Yeosang? — uma voz grave falou atrás de si, o que lhe fez dar um pulo para trás.

— Meu Deus, Mingi, quer me matar de susto!? — Yeosang colocou a mão sobre a cabeça, enquanto as batidas do coração aceleravam. — Você escutou o que eu falei?

— Não, apenas sussurros. — o Song deu uma piscadela para tranquiliza-lo.

— Ufa, menos mal. Você viu o San?

— Ele precisou sair, mas deve voltar daqui a uns dez minutos.

Yeosang assentiu com a cabeça e agradeceu a informação. Na volta, ele fez questão de deixar suas preocupações dentro da mente, com medo de mais alguém lhe escutar.

— E então? — Seonghwa perguntou, ao vê-lo entrar.

— O policial Choi está no segundo andar, e não tenho acesso para lá. — mentiu.

Seonghwa deu um suspiro pesado e se levantou do assento, frustrado por ter que parar o trabalho para resolver a situação.

Yeosang se certificou de que Seonghwa já havia se distanciado, antes de começar a procurar pelo diário de Hyuntae, que tinha certeza de que estava ali.

— Onde você colocou, Park? — murmurou, enquanto abria as gavetas.

O Kang decidiu que, se seu parceiro não queria lhe contar tudo sobre a investigação, ele mesmo iria descobrir sozinho.

— Sabia... — ele deu um sorriso, ao encontrar o caderno dentro da gaveta onde Seonghwa guarda seus objetos pessoais.

Furtivamente, Yeosang colocou o objeto dentro da sua bolsa, enquanto implorava mentalmente para Seonghwa não notar a falta daquilo tão cedo.

— Mingi disse que San saiu já tem alguns minutos. — o Park disse com um tom acusatório, ao entrar.

— Merda, que cabeça a minha. Na verdade, eu tinha que dizer ao senhor Lee que Jongho estava lá em cima! — bateu em sua própria testa, fingindo frustração. — Eu já volto, senhor.

Para uma encenação perfeita, Yeosang se retirou do escritório, perambulou pela delegacia por uns dois minutos, e logo voltou, com um sorriso de canto.

— Desculpa por isso, acho que estou um pouco cansado.

— Tudo bem. — o veterano deu de ombros, mas sem deixar de suspeitar.

Yeosang não era do tipo distraído, muito pelo contrário, sempre fazia tudo à risca, e dificilmente algo caia em seu esquecimento, pelo tempo de convivência que tiveram.

— Ah, falei com San pelo telefone. Ele disse que podemos ir, então arrume suas coisas.

Qualquer um de fora poderia sentir a áurea de desconfiança vindo de ambos os lados, incluindo eles mesmos. Como se não bastasse Yeosang saber da desconfiança que Seonghwa sentia em relação a si, o Park também sabia que o Kang desconfiava da história do diário, e mais algumas desculpas para deixá-lo mais afastado do caso.

Isso era um grande problema. Como conseguiriam resolver um caso juntos se ambos não confiavam no próprio parceiro?

Enquanto arrumava suas coisas, Yeosang pensava nisso.

Confiança...

Tudo bem se Seonghwa não conseguisse confiar nele, mas o Kang tinha a consciência limpa de que não havia feito nada de errado. Ele seria diferente, iria confiar no seu veterano, mesmo que não recebesse a sua confiança...

— Seonghwa... — ele tirou o diário que havia guardado na bolsa há pouco tempo. — Aqui.

Ao olhar para o que Yeosang estendia, o mais velho imediatamente arregalou os olhos, surpreso.

— Desculpa. Eu ia pegá-lo para ler, pois fiquei irritado com você escondendo parte da investigação de mim... — confessou, sem coragem de olhá-lo nos olhos. — No entanto, se isso é necessário, é porquê encontrou algo nessas páginas que podem me afetar de alguma maneira, não é?

— Yeosang...

— Está tudo bem. — o Kang voltou a erguer o olhar. — Vou confiar em você, além disso, quem não deve não teme, certo? — em seguida abriu um sorriso.

Seonghwa se aproximou para pegar o diário, em seguida para segurar o rosto do mais novo e puxá-lo para um beijo, que foi correspondido por Yeosang sem hesitação.

— Me desculpa. — o Park pediu em um sussurro, colocando a cabeça na curvatura do pescoço alheio. — Eu juro que não estou fazendo isso por desconfiança.

— Não precisa me explicar nada. — o Kang o abraçou. — Já disse que confio nas suas atitudes.

"Eu sou um idiota... Mas que se dane!" — Esse pensamento fez Yeosang abrir um sorriso.

The Case (Seongsang fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora