Gatilhos

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Mudanças são como um equilíbrio, há lado bom e ruim, ela vai cair para o lado que você mais colocar peso.
Uma semana em seu novo quarto, Malia dormia confortavelmente em sua cama de madeira, mas com o estofado perfeitamente macio, as três garotas faxinaram a casa empoeirada e arrumaram alguns móveis que poderiam ser reutilizados. Malia tem um sono pesado, mas o seu sentido é ótimo e logo percebe dois pares de olhos familiares há observando dormindo.
- KYAAAAH!!!!. - Ela grita e salta em um pulo da cama. - Qual é o seu problema?!. - Questionou.
- Eu não gosto quando fica imóvel e em silêncio. - Wooyoung responde, primeira vez que o espírito travessou não brincou. A morte de seu amigo que sofreu em silêncio e sozinho o traumatizou.
- Espera... se sabe como eu durmo, tem me observado dormir?. - A garota questiona rapidamente como o seu raciocínio.
A cozinha exalava um odor maravilhoso de carne frita, Choi San preparava o jantar para as garotas, ele podia não ter paladar mas ainda recorda-se como fazer uma comida deliciosa. Addison é guiado pelo o cheiro viciante até a cozinha, observando a imagem a sua frente de ombros largos cozinhando.
- Quer ajuda?. - Perguntou a professora.
Choi San derruba uma faca no chão, Addison se aproximou e se agacha para tentar apanhar a faca, mas o espírito é mais rápido.
- NÃO TOCA NISSO! SAI DA COZINHA!. - Esbravejou San, visivelmente irritado por não estar sozinho na cozinha.
Addison atordoada assente e solta a faca de volta no chão. Ela levantou-se e caminha apressadamente para fora da cozinha como o falecido irritado ordenou.
Bernadette caminhava pelo o corredor em direção ao banheiro, ansiosa para o seu banho quente em uma noite chuvosa. Ela adentra o banheiro ao constar que não há nenhum dos fantasmas mordedores e fecha a porta do cômodo, logo começa a se despir, ela abre a porta de vidro do armarinho, apanhando a pasta de dente e sua escova.
- Porque nós vivemos num mundo materialista, e eu sou uma garota material.... AAAAAH!!. - Gritou Bernadette ao fechar a porta do armário e enxergar Yeosang atrás de si com uma expressão séria. - Quer me infartar?!. - Esbravejou.
O vidro do armário começa a tremer e quebra em pedaços, felizmente Bernadette se afastou antes que algum caco a atingisse.
Três garotas irritadas sentadas no sofá de couro da sala de estar tentavam manter a calma para não matarem outra vez os espíritos. Malia está com olheiras de noites mal dormidas, o seu cabelo bagunçado e volumoso está tão confuso como os seus pensamentos planejando formas de tortura. Addison com restos de molho de carne em seu cabelo e blusa após sair correndo da cozinha, mas os seus sentimentos após ser expulsa por seu paquera está mais dolorido que queimadura de molho. Bernadette ainda enrolada com a toalha em seu corpo e outra em seu cabelo, ela está de pés descalços, desejando que o seu espírito bipolar pudesse sentir dor para pisar em um caco de vidro do seu precioso banheiro.
- Precisamos conversar. - As três afirmaram em sincronia.
As amigas encaravam fixamente os três espíritos problemáticos a sua frente, há uma semana que decidiram conviver com eles como forma de retiro psicológico e de extra os ajudarem com os seus homicídios, as suas vidas tem se tornado mais problemáticas que anteriormente, um banho tranquilo, cozinhar ou dormir uma noite inteira é algo raro para as três, é impossível conseguir prever quando um dos espíritos irá surtar e gritar com elas.
- Precisamos impor limites. – Addison começou. – Também moramos nessa casa agora. – Afirmou irritada encarando chateada San por ter gritado mais cedo com ela.
- Sabemos que vocês morreram por aí, mas eu quero dormir, ir no banheiro e poder comer algo de madrugada sem surpreendida com um susto. – Malia acrescentou. – Ao menos que seja uma surpresa boa de madrugada. – Concluiu travessa.
Cinco minutos silenciosos dominam o ambiente, com exceção dos pensamentos impuros das amigas, criando histórias que poderiam acontecer com eles em vida em uma madrugada.
- Todo mundo em pânico me pareceu tão certo agora... – Murmurou Bernadette ao recordar de uma cena especifica que a personagem tem relações sexuais com uma fantasma safado.
- E querem impor o quê?. – Questionou Wooyoung, ofendido por ter que seguir regras impostas por garotas em sua casa.
- Woony, vamos ouvir. – Afirmou San autoritário, ele é o líder dos três como Addison é das garotas.
Um líder é alguém que tem a palavra final, todavia, o poder da decisão, entretanto, sabe escutar propostas de terceiros e quando necessário acrescentar ou unir ideias para formar a decisão final, mas Bernadette e Malia tem o hábito de rapidamente olharem para Addison e aguardarem que ela pense pela as três, como agora.
- Ok... Com todo o respeito, estamos vivas, precisamos comer e isso significa tem passe livre para a cozinha. – Addison começou e bateu sutilmente com sua mão direta na coxa de Malia, incentivando que continue e imponha sua opinião.
- Quero dormir sem ser diretamente observada por um obsessor. – Malia afirmou um pouco agressiva com as palavras, recebendo o olhar repreendedor de Addison. – Não reclamo de ter você na minha cama, mas de preferência não me encarando dormir. – Ela corrige, mais aceitável que a primeira colocação.
- Eu me assusto fácil, docinho. – Bernadette diz com o olhar direcionado para Yeosang.
Os fantasmas se entreolham pensativos, é a primeira vez que dividem a sua casa e seu lugar de descanso eterno, entre eles também é difícil, San e Wooyoung não podem entrar no banheiro. Os três mantém um silêncio decisivo de vinte minutos, as amigas impacientes não aguentavam esperar, principalmente por estarem os espíritos sentados à sua frente em três cadeiras em silêncio. Eles respiram profundamente, San e Wooyoung cruzam os braços em frente ao seu peito, Yeosang contrariando, cruza as suas pernas com uma postura impecável, os dois amigos exageradamente próximos inclinam suas costas para trás.
- Isso é tortura!. – Exclamou Addison impaciente. – Concordam ou não?. – Ela questiona. San arqueia sua sobrancelha esquerda, encarando a líder a sua frente, fazendo a professora corar com a encarada sedutora.
- Estou sentindo esse sofá um pouco úmido. – Brincou Malia com a excitação da amiga ao seu lado com o flerte.
- Aceitamos suas regras, mas terão que seguir as nossas regras. – Afirmou Wooyoung. – Colega de quarto. – Concluiu direcionando seu olhar para Malia, dando uma piscada com seu olho direito e expressa um sorriso travesso em seu rosto.
- Acho que está chovendo aqui dentro, esse sofá está tão molhado. – Brincou Bernadette.
- Não parece molhado. – Diz Yeosang tocando no sofá com sua mão direita ao lado da coxa esquerda de Bernadette.
- Confere de novo. – A loira brinca com um sorriso malicioso.
O dia percorreu tranquilamente após a longa conversa sobre as regras estabelecidas e flertes, as meninas puderem tomar o seu primeiro banho tranquilo, Bernadette pode preparar curry para as três e Malia agora oficialmente tem um novo colega de quarto, não um stalker. A casa antiga está silenciosa, aparentemente estão todos dormindo em seu quarto, alguns tem estado em um sono eterno ou sonho acordado eterno, ou estavam.... Cabrum, brrr booom, brrr buuum. Ecoa trovões e raios pela as paredes de madeira, mas logo são abafados por sons de gritos dos fantasmas, Wooyoung, San e Yeosang gritavam e desaparecem de seus quartos, retornando ao seu local de descanso.
- PARA! PARA!. – Ambos os três gritavam. – NÃO CONSIGO RESPIRAR!. – Eles berravam.
As três levantam-se rapidamente e correm em direção aos cômodos divididos, Bernadette seguiu até o banheiro e se agachou em frente ao Yeosang que está deitado no chão, cobrindo a sua cabeça.
- Yeosang!. – Ela chamou preocupada.
- É muita areia... Vai me sufocar... – Ele murmura.
Addison e Malia correram em direção a cozinha, elas encontram os dois amigos abraçados no chão, usando seus braços como escudos tentando cobrir os seus rostos como se algo tivesse caindo neles, mas não havia nada, nem uma miséria goteira. As duas se agacham e tentam se aproximar dos dois, afastando os seus braços para tentar entender.
- Wooyoung, olhe pra mim!. – Ordenou Malia.
- Eu não consigo me mexer, é muito pesado. – Ele responde, confundindo a garota.
- San! Estou aqui, o que houve?. – Perguntou Addison preocupada.
- Eu não consigo respirar. – San exclama ofegante.
As amigas não entendiam, a chuva foi como um gatilho para a crise dos fantasmas com fatos que a mídia não compartilhou, a sociedade não tinha conhecimento, exceto, as vítimas e o seu assassino.

Amor da sua morteOnde histórias criam vida. Descubra agora