Em vida

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5 de Setembro de 1970

- Entrega!. - Anunciou Wooyoung em frente ao portão de ferro. O proprietário da casa de madeira antiga se aproximou ao portão e abriu o cadeado, ele se aproximou do entregador que lhe entregou a planilha com o documento de entrega para assinar. - Aqui. - O entregador entregou o pacote e ligou a sua moto, digirindo até o próximo endereço.
A rotina diária de entregas é exaustiva para Wooyoung, mas preciso para manter Kyungmin, seu irmão mais novo, os pais dos dois irmãos falecerem em um incêndio em sua antiga casa, o progenitor conseguiu apenas retirar o seu irmão das chamas alarmantes que se propagaram e assassinaram seus pais, todavia, o rapaz precisou amadurecer para criar seu irmão caçula ou sua guarda seria entregue para a sua tia Nayoung que mora no exterior.
- Kyungmin, cheguei!. - Amunciou Wooyoung adentrando em seu apartamento alugado. - Kyungmin?. - Perguntou preocupado com o silêncio do irmão.
Cauteloso, Wooyoung caminhou até a sala, encontrando a pior cena que ele poderia ter, seu irmão de quatorze anos inconsciente. Ele correu até o seu irmão, segurou em seus braços e ligou para a Samu com rapidez, as lágrimas escorriam descontroladamente em seu rosto, aguardando com pesar a ambulância, mas a asma de seu irmão não pode esperar, ele morreu por asfixia antes de motoboy chegar.
- Kyungmin... - Murmurou com a voz embaralhada pelo o choro.
A Samu logo chegou, confirmando que o irmão caçula do rapaz veio a óbito, causa da morte por asfixia. O dinheiro que conquistou trabalhando exaustivamente para seu irmão agora seria para o seu enterro. Wooyoung respirou fundo, ergueu seu punho direito e esfregou as costas de sua mão em seu rosto limpando as lágrimas brutalmente, o jovem automaticamente entrou em estado de choque e êxtase, ele não sentia dor, tristeza ou raiva, ele não sentia absolutamente nada. Infelizmente, o processo funerário é demorado e doloroso para os familiares, nesse caso, apenas para o único familiar que esperava que seu irmão passasse pelo o processo natural de preparar o seu funeral. Wooyoung agachou-se em frente ao altar com o quadro com uma fotografia de Kyungmin que expressava um sorriso gentil no retrato.
- Até breve, meu irmão. - Wooyoung proferiu. Ele não sabia o quanto estava correto sobre essa fala.

"Estou enlouquecendo, no momento que nossos olhares se encontram, eu não consigo parar, sinto uma sede sem fim, Sei que você tem déjà vu."

Choi San dançava com graça os passos de Dejavu, a coreografia de seu grupo masculino preferido de kpop, Ateez. Os seus movimentos são lentos e com precisão até ser despertado por seu alarme tocando, recordando que está na área de retornar ao trabalho. O jovem se despediu que seus companheiros de dança de rua e correu apressado para o restaurante Hankook Tongdak, San trabalha meio período como garçom no local, ele é famoso com as clientes mulheres que se sentiam atraídas pela a sua beleza notável.
- Boa noite, posso ajudá-las?. - Perguntou San se aproximando de uma mesa enquanto vestia o seu avental, havia quatro mulheres sentadas nas cadeiras.
- Pode sentar e beber com nós. - A primeira logo respondeu.
- Pode se apresentar para o meu pai. - A segunda respondeu entrando na brincadeira das amigas.
- É solteiro?. - A terceira perguntou.
- Desculpe minhas amigas. - A última amiga desculpou-se. - Uma garrafa de soju por favor e uma porção de frango frito. - Concluiu o pedido.
Choi San incomodado com o assédio das garotas apenas assentiu e se afastou da mesa enquanto anotava o pedido no seu pequeno bloco, infelizmente é comum situações desconfortáveis em seu ambiente de trabalho. Ele seguiu para a próxima mesa, resmungou quando sentiu uma mão deslizando em sua bunda, provavelmente foi uma atitude proposital, San ergueu o rosto e direcionou seu olhar para a mulher de cabelos dourados, ela aparentava ter mais de quarenta anos, expressava um sorriso malicioso em seu rosto, o garçom respirou fundo e tentou lembrar do lema de seu chefe "As clientes sempre tem razão", ele seria despedido se tentasse se posicionar e demonstrar seu desgosto com o assédio. San respirou fundo outra vez e seguiu seu caminho até a cozinha apanhando o pedido das assediadoras, ele colocou o prato sobre a bandeja de metal, caminhou até o refrigerador e apanhou uma garrafa de soju, ele pegou quatro copos na bancada ao lado e seguiu seu caminho até a mesa das garotas, colocou o frango frito sobre a mesa e logo os copos, enquanto ele abria a garrafa de soju, as mulheres direcionavam olhares travessos em seu corpo, murmuravam comentários como "O extra pode ser no meu dormitório?", "Você pode me abrir também?", "Esse frango não é tão gostoso quanto você" e por fim "Lamento por elas". Choi San estava cansado, ele segurou no tecido de seu avental e arrancou com brutalidade de seu corpo, jogando o uniforme na mesa das mulheres, ele virou-se em direção ao seu chefe que o encarava no caixa.
- Eu me demito!. - Exclamou. - Me demito!!. - Afirmou em voz alta.

San apanhou da mesa a garrafa de soju e caminho em direção para fora do restaurante enquanto bebia o líquido alcoólico, ele retirou do bolso traseiro de sua calça o seu celular, abriu na conversa que havia em grupo com seus dois amigos, Wooyoung e Yeosang.
"Estou oficialmente desempregado, ainda há um quarto vago na casa que alugaram?" mandou a mensagem no grupo que logo foi respondida com uma singela confirmação. Os dois amigos após a perda do Woony de seu irmão mais novo, Yeosang sugeriu que alugassem uma casa juntos para que o amigo não se sentisse sozinho e ambos poderiam se ajudar, San estava receoso da ideia inicial por conhecer muito bem seus amigos e temia não dar certo, mas logo ele precisa economizar após a demissão, dividir uma casa com seus dois amigos bagunceiros é o menor de seus problemas.

Cabrum, brrr booom, brrr buuum. Ecoa o som de raios e trovões da grande caixa de som da festa.

- MUAHAHAHA!! Eu sou o Conde Drácula, escondam seus pescoços! Ou Não. - Anunciou Yeosang adentrando o palco da festa da infantil.
Yeosang vestia um terno preto e uma grande capa da mesma cor com o seu interior vermelho, a sua maquiagem está bem clara para lhe dar aspecto de pele mórbida como de um cadáver, ele usava implantes de caninos em seus dentes para ser como um vampiro das histórias literárias, todavia, é seu trabalho ser um Drácula perfeito para crianças de quatro anos.
- Porque é tão magro?. - Perguntou uma menina.
- Eu bebi pouco sangue, precisarei do seu para ficar mais forte. - Yeosang respondeu forçando a voz em um timbre rouco.
- Mamãe!. - A menina aclamou com a voz trêmula começando a chorar.
- Droga... - Murmurou o vampiro desempregado.

[ 15 minutos pós choro]

- Senhora, espere, eu posso melhorar, por favor. - Yeosang implorava por outra chance enquanto era empurrado para fora do salão de festa.
- Eu lamento. - A mulher mente e fecha a porta.
Cansado por tantos trabalhos dispensados e negados, lhe restou apenas a opção de retornar para a casa e se distrair com seus amigos, Yeosang e Wooyoung dividiam uma grande casa que alugaram com Kim Sunja, uma senhora gentil e prestativa, ela está sempre disposta a trazer novas toalhas, doces e principalmente chá para os seus jovens inquilinos. Choi San havia mandado uma mensagem para os amigos sobre a proposta que haviam lhe oferecido para ficar com o terceiro quarto da casa, primeiramente o rapaz recusou mas logo se arrependeu de sua decisão inicial.
- Não!. - Exclamou San correndo pisando fortemente nos degraus da escada até o segundo andar.
Wooyoung o esperava no segundo andar, escondido atrás da porta do quarto do amigo que logo entrou para se esconder e foi surpreendido. San solta um grito com o susto, o motoboy aperta o spray de espuma em direção ao seu amigo, agora coberto de espuma. Yeosang adentra o quarto e começa a gargalhar com o travesso Wooyoung.
- Bem vindo!. - Os amigos parabenizam em sincronia entre risos.
- Onde o nosso fracasso de vida é esquecido aqui. - Afirmou Yeosang.

Amor da sua morteOnde histórias criam vida. Descubra agora