Tinha um tempo que eu não encontrava as meninas do curso de inglês. Para ser sincera, que nem lembro quando foi a última vez, nunca fui muito chegada algumas delas. Mas depois de alguns anos resolvemos nos encontrar de novo aqui em casa, fiz elas subirem a serra. Aqui tem bastante espaço, tem piscina, não preciso ficar fazendo muita sala para nenhuma delas.
Elas chegaram. Carol e Natália, como sempre naquela melação de casal recém apaixonado, me dão nos nervos, mas o restinho de carinho que eu tenho me faz achar fofo. Adriana, eu chamei por educação, não gosto dela. Lara, Renée e Taís, eu sinto um carinho, assim como pela Carol e Natália.
Eu tinha pedido para fazer um pouco de cada comida que eu lembrava que elas gostavam desde a época do curso. Queria tentar mostrar para elas que mudei um pouquinho do meu jeitinho grosso.
N: Nossa, como você está diferente. Mandou até comprar as comidas que gostamos. Tem alguma coisa acontecendo para você mudar desse jeito?
H: Depois da minha separação, eu achei melhor mudar um pouquinho. Em vários aspectos da minha vida.
Não sei por quê, mas venho pensando muito em algumas vontades que tive na época do curso. Algumas delas eu nunca tirei do imaginário. Eu sempre tive uma quedinha pela Carol e pela Natalia. A Carol, com esse jeitinho dela meio desengonçada, sempre me deu vontade de mandar nela por algumas horas. Já a Natalia só tem cara de Santa, sempre achei que ela gostava do babado. Eu, que nunca passei da imaginação com nenhuma mulher. Quem sabe agora, depois de solteira, eu não abra um pouco a cabeça para isso.
C: Helena, trouxe umas garrafas de vinho para a gente beber. Onde tem taça?
H: Vou buscar na cozinha.
C: vou te ajudar.
Por que não jogar uns verdes? Fomos para a cozinha e eu estava pegando as taças e colocando na bancada.
H: tem quantas aí?
C: 6. Falta uma.
H: vocês vão dormir aí? Porque se não forem, alguém tem que não beber para dirigir.
C: vamos sim. Tiramos a noite para beber e conversar.
Não sei por quê, mas está me dando muita vontade delas duas. Acho esses desejos muito estranhos, nunca fui de sentir isso. Acho que reprimir tanto essas vontades na adolescência que, agora, depois de grande, eu estou pensando nisso. A Carol sempre pareceu mais cabeça fechada, acho que ela não aceitaria nada que eu propor. Talvez, quem sabe, eu tentando convencer a Natalia, ela não convence a Carol.
Passamos longas horas ali bebendo. Ninguém estava mais totalmente sóbrio ali. Carol e Natália já estavam no quarto. A Lara e a Taís já estavam se arrumando para deitar também, a Renée já estava no quarto também, ela tinha ido ligar para os filhos. No final, só sobrou eu mesma acordada, meia garrafa de vinho e uns cigarros. Fui para o jardim, a noite estava tão linda e eu ali sozinha com meus cigarros e agora com uma garrafa inteira de vinho. Estava um silêncio de doer, mas eu comecei a ouvir alguns passos por trás de mim e levantei a cabeça para olhar, era a Carol.
H: tá tudo bem?
C: sim. A Natalia dormiu, ouvi uns barulhos daqui de fora e vim ver quem era.
Ela falou isso, se aproximando da cadeira e pegando o cigarro da minha mão.
H: você nem fuma, devolve meu cigarro. Você é geração saúde.
C: saiba você que eu já fumei muito na minha vida. Mas achei melhor parar.
Ela deu um trago no cigarro e jogou a fumaça para cima. Eu nunca tinha olhado para ela direito. Ela tem uns olhos que hipnotizam, um olhar sexy, a boca, o sorriso de canto.