capítulo 4

93 5 58
                                    

 Park Jimin

Que final de semana entediante. E quando eu digo entediante, quero dizer daquele tipo que faz a gente questionar o sentido de ficar em casa esperando qualquer coisa emocionante acontecer. Sem compromissos ou visitas inesperadas, me vi preso em um loop de filmes aleatórios e tentativas frustradas de me distrair com algo decente.

Desde o afastamento de Yoongi e Hoseok, minha vida se tornou monótona, sem passeios, visitas e conversas aleatórias vindas da parte deles. O trabalho na editora me ajudava e muito a esquecer o abandono, mas até isso perdi depois de descobrir a insuficiência renal. Ser visto como alguém incapacitado de fazer o próprio trabalho, me deixa mal. Mas quem sabe um dia eu consiga mudar isso. Talvez um dia eu tenha forças para mostrar que sou capaz.

Não que eu não aprecie um pouco de paz — afinal, ter um tempo pra mim é bom de vez em quando — mas, honestamente, a quietude começou a pesar. Eu precisava de um escape, de uma distração, e a única coisa que quebrou o silêncio tedioso foram as ligações de Taehyung. Se tem uma coisa que ele sabe fazer é iluminar qualquer momento, mesmo que seja através de uma tela.

Conversamos por horas, rindo das coisas mais aleatórias possíveis, desabafando sobre os desafios da vida, e até fazendo planos para o futuro. Era como se ele estivesse aqui do meu lado. A forma como ele falava sobre tudo... isso sempre me contagiava. As conversas e risadas com ele salvaram meu fim de semana, e, como sempre, me deixaram com um sorriso bobo ao final de cada ligação.

Mas como nem tudo é apenas morrer de tédio em casa, mais um dia de hemodiálise chegou, e com ela, minha animação por finalmente poder ver Taehyung mais uma vez. Sorri largo quando o vi se aproximando para iniciar o procedimento em mim. Mesmo tendo nos visto há apenas dois dias e falado horas na noite passada, a saudade ainda era forte. Era como se precisássemos estar em contato o tempo todo. Desde aquela noite em que ele cantou para mim, senti que nossa amizade se intensificou. Não lembro de ter escutado ele terminar ou até mesmo desligar, mas amei ouvir sua voz baixa e rouca cantar pra mim.

— Bom dia, enfermeiro Kim — cumprimentei, tentando esconder o quanto a presença dele me alegrava.

— Bom dia, paciente Park — ele respondeu com seu sorriso quadrado, fazendo meu coração dar um salto.

Observando-o enquanto ele preparava tudo, vi Taehyung fazer a higienização, colocar as luvas e molhar um algodão com álcool. Ele passou o algodão no meu braço, e o toque das suas mãos cobertas pela luva de látex na minha pele, sempre era a melhor parte. Os dedos dele pareciam demorar um pouco mais que o necessário, o que só aumentava meu nervosismo.

— Está tudo bem, Tae? Você parece meio distraído hoje — perguntei, notando ele balançar a cabeça para negar.

— Estou bem, só estava pensando... hoje seria o dia perfeito para ir à biblioteca, tomar um café e ler alguns livros.

— É, você tem razão — sorri.

Ele finalizou a segunda punção com cuidado e, meio despretensioso, me perguntou:

— Gostaria de me acompanhar, Jimin?

Meus olhos se arregalaram um pouco. Era só um café na biblioteca, nada de novo. Mas o convite direto me pegou de surpresa — uma surpresa boa.

— Sim, adoraria ir com você — respondi, sentindo as bochechas corarem.

— Perfeito. Nos vemos às 16h na biblioteca? — Ele sorriu para mim enquanto verificava a máquina de hemodiálise, ajustando os últimos parâmetros.

— Sim, 16h está ótimo.

— Perfeito! — Ele sorri, e se afasta após ajustar tudo que era necessário. — Boa diálise, Ji. E tenta descansar.

For You / VMinOnde histórias criam vida. Descubra agora