— És tu o Yritrius?
Lyoko gelou, abraçando Ceta com força. O vulto atrás de si não era ameaçador, mas emanava uma seriedade que o colocava em alerta.
Quando se virou, arqueando o pescoço para ver a mulher, reconheceu-a de imediato. Tinha cruzado olhares com ela no mundo onde Talibah tinha trabalhado na clínica.
Em silêncio, reconheceram um no outro um viajante do espaço-tempo. Faliza retornava àquele ambiente campestre para cumprir uma promessa de visita e Lyoko tinha explorado um mundo arcaico que a mãe jamais visitara por ter agarrado a linha errada ao fugir da avó. Numa situação normal, a primeira vez que se cruzaram teria sido a última.
— Mas não correspondes à descrição que me deram... — ponderou, avaliando-o dos pés à cabeça.
O menino engoliu em seco, intimidado pela aura da mulher de madeixas lilases.
— O meu nome é Lyoko. E o seu?
— Faliza —respondeu, ainda pensativa. Parecia algo contrariada. — Conheces algum Yritrius?
— Não.... Está à procura dele? Eu estou à procura da minha mãe, Talibah. Ela cria portais como eu e veio em busca de um remédio para o meu pai. Viu-a nas suas viagens? — inquiriu, um dedo hesitante a apontar para Sperantia nas suas mãos.
— Lamento, mas não... Vocês criam portais? Sozinhos?
— Sim! Seguindo a energia que conecta o espaço e o tempo.
Com a curiosidade científica espicaçada, Faliza quis continuar o interrogatório. Mas depois, encarando a criança e aquela tentativa de recriação de uma baleia em tecido, deteve-se. Havia urgência nos seus olhos, uma pontada de desespero na sua postura. Notava-se estar naquela busca há algum tempo e, claramente, fazia-lo a contra relógio. Aquele não era o momento.
Talvez pudesse visitar o pequeno e a mãe noutra altura para trocar impressões. Quem sabe, eles não teriam as respostas que procurava.
Então, ela disse o que ambos mais precisavam de ouvir.
— Não desanimes, Lyoko. A esperança é a última a morrer. Se resistires, de certeza que a encontras.
Os olhos do menino brilharam como duas contas preciosas
— Obrigada, Sra. Faliza! — exclamou, precipitando-se para um abraço apertado e sorridente. — Se eu encontrar o Yritrius, digo-lhe que anda à sua procura!
A cosmóloga pensou que ter Yritrius de sobreaviso talvez não fosse o mais sensato, apesar dos objetivos aparentemente alinhados, mas não se atreveu a corrigi-lo. Em vez disso, compadecida, abraçou o corpo diminuto contra o seu da melhor forma que conseguiu.
— Se me cruzar com Talibah, dir-lhe-ei que o filho, e o seu pequeno ajudante, a procuram — suspirou, o esboço de um sorriso a aflorar nos seus lábios.
Separaram-se. O comentário da cientista sobre Ceta eliminou, involuntariamente, as dúvidas e receios que Lyoko tinha há dias sobre como gerar o próximo portal depois de dois enganos consecutivos. Fechou os olhos. Pensou na família unida, na mãe por regressar. Sentiu o amor, carinho e dedicação no peluche. Seguindo a energia, agarrou a linha.
Quando entrou no portal, sorria, a determinação na demanda renovada. Para trás ficou Faliza, intrigada com o fenómeno aparentemente "natural" que testemunhara.
500 palavras
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Lyoko ✔
Cerita Pendek🥇 VENCEDOR DA COPA DOS CONTOS (COPA DOS PORTAIS) Um pai moribundo. Uma mãe desaparecida. Um rapaz desesperado. Uma corrida contra o tempo. Nesta série de contos escrita para a 𝗖𝗼𝗽𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗖𝗼𝗻𝘁𝗼𝘀 𝟮𝟬𝟮𝟰, interligados pelos portais que o...