Kaveh sabia que o sentimento que tinha sobre seu colega de quarto não era puramente ódio ou uma pequena faísca de "camaradagem" no fundinho de si. Era algo mais, algo que na realidade ele teria vergonha de admitir para seus amigos, e ainda mais para Alhaitham.
— Ahh... — Kaveh suspirou, desabando sua cabeça sobre os papéis que na mesa estavam. Ele tinha um trabalho a fazer, mas os seus pensamentos não saíam de seu "amigo".
Se continuasse pensando tanto em Alhaitham ele iria colapsar definitivamente, mas só de Kaveh imaginar o rosto dele, fazia seu coração palpitar em ritmos que até então não estava acostumado. Isso causava uma inquietação incessante no loiro, que já estava surtando por não conseguir desviar esse pensamento de jeito nenhum.
— Projeto difícil? — Alhaitham deu um breve afago no topo da cabeça de Kaveh, e em seguida pôs um creme de rosa ao lado dos papéis espalhados desajeitadamente sobre a mesa. — Trouxe isso para você. Não demore a comer, não quero ter que cuidar de você se ficar fraco por conta de uma anemia ou algo assim. Aposto que ficou tão absorto em suas plantas que esqueceu totalmente de comer, não é?
Alhaitham conhecia Kaveh melhor que ninguém, mas errou o tópico que fez o homem ficar tão focado ao ponto de pular algumas refeições...
O loiro não pôde deixar de dar um sorriso, ele sabia que no fundo Alhaitham se preocupava com ele. Kaveh demorou um pouco para descobrir o modo que o amigo demonstrava isso, mas conviveu com ele por tanto tempo que acabou por se acostumar, e até achar isso adorável.— Obrigado... — Kaveh deu um sorrisinho bobo e começou a comer o creme. Ele não queria se encher de esperanças, mas o que podia fazer se Alhaitham até mesmo tinha decorado as suas comidas favoritas e o fazia surpresas corriqueiras como essa? Tudo bem que pode ser algo simples, mas Alhaitham não é de fazer esse tipo de coisa tão levianamente com outras pessoas.
O silêncio se tornou presente novamente sob o assoalho assim que Alhaitham deixou o cômodo e se dirigiu para o próprio escritório. Foi até bom ficar sozinho, pois seu olhar poderia pairar fixamente em seu colega de quarto de modo cujo estava vergonhosamente fazendo nos últimos dias. Sua sorte é que Alhaitham não é tão inteligente quando se trata de sentimentos, ao contrário de quando se trata de teses, escrituras ou qualquer outra coisa do gênero.
Kaveh deixou o pequeno pote de lado e descansou seus cotovelos sobre a mesa, envolvendo sua face em suas palmas e olhando sonhadoramente para o canto da sala. Ah... Ele realmente estava apaixonado, e nada em sua mente poderia negar esse fato.
Se ao menos ele tivesse a coragem de admitir isso para Alhaitham...
Na verdade mesmo se Kaveh tivesse essa coragem, ele ainda sim teria muita coisa a perder por se confessar. Perderia um amigo, ótimas conversas, risadas no meio da noite, saídas agradáveis em feriados ou fins de semanas e também perderia um lugar para chamar de lar.
Claro, tudo isso presumindo que o seu colega de quarto o rejeitaria, porque convenhamos, é meio difícil de compreender se Alhaitham apenas passou a gostar da presença de Kaveh como um todo e por esse motivo estar sendo "gentil" com ele, ou se de fato há um sentimento recíproco ali.
O loiro pesava na balança imaginária os prós e contras de uma possível declaração, criava possibilidades e analisava cada uma meticulosamente enquanto resolvia cálculos matemáticos das suas plantas de maneira automática no papel. "Bem que sentimentos poderiam ser algo com uma fórmula embutida para achar-se uma solução definitiva..." Kaveh pensou, logo se levantando e limpando delicadamente a ponta de sua pena em um pano, colocando-a então de volta em seu cabelo.
Okay, talvez ele realmente se declarasse... Mas não agora. Um passo de cada vez, certo? E um ótimo começo seria aos poucos se aproximar de um jeito mais íntimo de Alhaitham, alguns toques a mais, algumas palavras carinhosas... E então ver como o escriba reage a tudo isso.
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O meu amor por você - Haikaveh
FanfictionEm certo ponto, Kaveh teve a certeza de que estava apaixonado por Alhaitham, mas como ele seguiria a partir disso? De fato seria bem mais fácil se ele soubesse que o escriba o ama mais do que tudo, mas se ele soubesse desde o início, qual seria a gr...