Capítulo 2

394 43 12
                                    

Enquanto os dias iam lentamente se passando Kaveh percebia a gigantesca armadilha que o seu próprio plano o meteu.
Não que não tenham havido resultados, houveram, mas o ponto é que o loiro já não tinha como esconder os seus sentimentos. A cada pequeno sorriso que Alhaitham dava quando Kaveh se aproximava fazia o arquiteto se desmanchar em um sorriso três vezes maior, o rubor em suas bochechas definitivamente era visível, ele não podia evitar.

Se o objetivo era descobrir como o mais novo se sentia, Kaveh estava indo de mal a pior. Tudo o que saía dali era um gaguejo desconcertante quando Alhaitham retribuía um simples toque que o loiro arriscava dar. Kaveh não conseguia pensar direito e muito menos tentar compreender a mente do companheiro nessa situação, foi um fracasso total!

Esse plano não durou nem meia semana até que o arquiteto estivesse em seu limite. "Tudo o que eu preciso agora é de uma boa noite de sono para poder ajustar esses pensamentos e ai amanhã eu vejo o que farei!" Kaveh pensou, fechando agressivamente os olhos e buscando por um sono que longe de si estava.

Cinco, dez minutos... E nada de o sono vir. Nesse ponto seus olhos já estavam abertos novamente, encarando o teto e deixando seus pensamentos fluírem em uma desordenada correnteza de fantasias.

Mais algum tempo se passou e um barulho de porta se abrindo pôde ser escutado. Alhaitham havia chegado, porém Kaveh apenas decidiu fingir estar dormindo e assim não precisar falar nada.

O arquiteto concentrou sua atenção nos passos do escriba, percebendo que o mesmo agora estava se aproximando de sua cama. Um frio ansioso se instaurou no estômago do loiro quando sentiu a presença de Alhaitham se inclinando sobre si.

O mais alto levou os dedos calmamente até a franja de Kaveh, arrumando-a e deixando a testa alheia à mostra. Lábios gelados tomaram lugar ali, fazendo o "adormecido" estremecer, seus longos dedos apertaram os lençóis abaixo de si.

— Boa noite... — O homem sussurrou, e céus...sua voz era tão boa de se ouvir, e ainda mais assim, tão calma, grave e tão perto de Kaveh.

Mas por que ele fez isso?

Não, Kaveh não precisava se perguntar isso, ele sabia. O arquiteto não era tão bobo assim, mas alguma coisa no fundo o dizia para não se precipitar.

Se não fosse por esse pequeno receio, ele já teria confrontado Alhaitham ali.

Pelos arcontes... Kaveh de modo algum conseguiria dormir depois disso, o que seria uma ironia com o que lhe foi desejado segundos atrás.

A maior parte de sua surpresa não foi nem o beijo em si, (por mais que isso tenha feito seu coração errar uma batida e sua mente ficar completamente em branco) mas sim o fato de que aquele toque suave veio junto de um sentimento de familiaridade, Kaveh de algum modo sabia que a sua pele já havia sentido aquilo, e isso lhe trouxe um doce aconchego em seu coração.

Tudo isso fez o homem ponderar se essa havia sido a primeira vez. A primeira vez que Alhaitham tinha beijado ele.

Uma parte de si estava em surto e a outra em uma confortável paz, sentimentos totalmente contraditórios mas que faziam o loiro ser quem ele é.

Depois de intermináveis minutos de pensamentos desalinhados a sua mente lhe deu um descanso, colocando finalmente uma pausa a tudo isso.

O meu amor por você - HaikavehOnde histórias criam vida. Descubra agora