Capítulo 4

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A cada passo que dava, o nervosismo retornava. Kaveh até havia esquecido da confusão que mais cedo dominava a sua mente, mas agora aqui estava ela, mais forte do que nunca enquanto ele caminhava em encontro ao escriba.

As ruas estavam vazias e pouca luz se fazia presente por ali, logo uma silhueta alta com cabelos acinzentados foi surgindo em meio ao caminho que estava à sua frente.

Seus corações palpitaram, seus olhares se encontraram.

— Vejo que chegamos no mesmo momento. — Alhaitham iniciou a conversa. — Vem, vamos conversar enquanto caminhamos.

Kaveh seguiu os passos alheios, mas não conseguiu evitar de corar ao lembrar da sensação dos lábios do companheiro em sua pele, seu corpo ficou inquieto, fazendo então os próprios dedos se mexerem ansiosamente sobre a bainha de sua roupa como forma de conter essa ansiedade.

— Kaveh, ontem eu... — O homem suspirou, era difícil externar a verdade, e ele estava com medo do impacto que isso teria sobre o relacionamento deles.

Antes que Alhaitham pudesse continuar, o arquiteto antecipou-se na conversa.

— Não foi a primeira vez, foi?

— Não. — O escriba admitiu.

Kaveh sorriu, e seu sorriso fora tão genuíno e caloroso que fizera com que todas as dúvidas do seu companheiro se esvaíssem nos ventos agradáveis da noite.

Em curtos passos, Alhaitham se aproximou. E em suaves movimentos, entrelaçou a própria mão com a de seu amado. A atmosfera não poderia ser melhor, os seus sentimentos estavam transbordando a esse ponto.

— Eu preciso de você... — Alhaitham sussurrou.-Kaveh, eu amo você...

O escriba havia finalmente confessado, e seu corpo se sentiu tão leve que o homem se deixou apoiar no ombro do "amigo".

O loiro estava em euforia, seus longos dedos percorreram as costas do seu colega de quarto, buscando apressadamente por algum contato físico (para assim ter a certeza de que tudo era real). A confissão de Alhaitham era tudo o que ele precisava e queria, e isso acabou fazendo com que lágrimas se formassem no canto de seus olhos. Ao mesmo tempo em que Kaveh sentia braços envolvendo a sua cintura, ele cuidadosamente buscou pelo rosto alheio, segurando-o com ambas as mãos e encarando o olhar apaixonado que pairava sobre o seu.

— Como eu poderia não te amar? Alhaitham, você é a pessoa mais importante da minha vida, e eu não digo isso apenas por você ter me proporcionado um lugar para eu chamar de lar, mas por tudo o que você faz, por tudo o que você é. — Kaveh acariciou a bochecha do companheiro. — Eu amo o fato de que na verdade você se importa com coisas simples minhas, apesar de fingir que não por conta do seu temperamento orgulhoso e provocativo. Eu amo como você decorou todas as minhas comidas favoritas e usa isso como um guia para fazer cafés da manhã surpresa. — Kaveh solta uma risada boba ao lembrar das respectivas vezes em que ele se deparou com essas surpresas matinais. — Eu amo a sua preocupação em me dar beijos de boa noite todos os dias...

O arquiteto então finalmente sentiu o beijo de Alhaitham novamente, porém desta vez não em sua testa, mas sim em seus lábios. O toque gentil e gélido da boca do escriba fez Kaveh estremecer por completo, suas mãos logo aumentaram a pressão no rosto que seguravam, tornando assim, o ósculo mais profundo.

A espera de anos por esse amor incondicional fez com que nenhum dos homens quisesse dar um fim àquele pequeno selar, mas a consciência de Kaveh voltou assim que ele sentiu a mão sorrateira de Alhaitham se esgueirando por dentro de sua roupa.

— Ei! Estamos no meio da rua...! — O loiro exclamou entre gaguejos envergonhados.

— E...? — O escriba perguntou enquanto descia seus beijos pela mandíbula do amado.

O arquiteto corava mais e mais a cada instante. Ele já sem saber o quê fazer, deu um tapa no topo da cabeça do companheiro, como último recurso para fazê-lo parar.

— Você é algum tipo de pervertido ou algo assim? Estamos LITERALMENTE no meio da rua! Okay que já é tarde e não tem ninguém por aqui, mas se aparecesse alguém, a pessoa definitivamente veria a gente. — Kaveh bufou.

— Eu já estava até me acostumando com o meu Kaveh todo amoroso e gentil... Mas até que eu gosto desse seu lado agressivo também, o seu rosto fica fofo quando você fica irritado, acho que é por isso que eu gosto de te provocar tanto... — Alhaitham diz com o seu usual tom de flerte.

— Ugh Alhaitham! — Kaveh disfarçou a sua vergonha com um tom irritadiço.

— Não finja estar bravo, eu te conheço melhor que ninguém. — E novamente o homem levou as suas mãos até as curvaturas definidas do corpo do arquiteto que murmurou algo inaudível em baixo tom.

— Perdão? — Alhaitham perguntou em confusão.

— Casa... — Kaveh repetiu, ainda tímido. — Vamos para a nossa casa primeiro...

Alhaitham levantou o rosto para encarar o loiro, deparando-se então com a face do parceiro notavelmente mais rubra do que anteriormente.

— Rápido. — Foi tudo o que o escriba disse antes de arrastar rapidamente Kaveh pelas ruas estreitas que os cercavam, para enfim chegar em sua moradia.


-Fim-

O meu amor por você - HaikavehOnde histórias criam vida. Descubra agora