Uma Manhã desastrosa

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Lena acordou com a cabeça pesada, como se marteladas rítmicas pulsassem em suas têmporas. A luz do dia invadiu seus olhos, quase como agulhas perfurando suas retinas. Ao tentar cobrir o rosto, um sabor amargo na sua boca lhe despertou um desejo urgente de gargarejar.

Um sobressalto percorreu seu corpo ao sentir uma perna desconhecida entrelaçada à sua sob o lençol. Com os olhos arregalados e o coração disparado, ela rapidamente percebeu que não estava em seu próprio quarto. O pânico a envolveu.

— Droga!

Num impulso para levantar-se, ela se emaranhou no cobertor e desabou no chão frio, o baque surdo ecoando pelo quarto. A mulher ao lado acordou com o barulho e, ao ver Lena no chão, abafou uma risada.

Ainda um pouco atordoada e com as bochechas ardendo de vergonha, Lena ofereceu um sorriso forçado.

— Já estou indo embora. — Foi tudo o que conseguiu dizer.

— Nem ao menos um bom dia? Lembra do meu nome, pelo menos?

— Sinceramente...? — Lena disse enquanto recolhia suas roupas. — Nem quero saber.

— Não se preocupe, — endireitou a postura. — A mídia não vai saber que você esteve aqui.

Lena parou por um instante, lançando um olhar desconfiado.

— Jornalista?

— Sim, eu sou! — Respondeu a mulher, com um sorriso enigmático.

Lena fechou os olhos por um momento, lamentando internamente cada escolha que a levou até ali.

Eu só faço merda...

— Garanto que nossas conversas ficarão somente entre nós. — Assegurou a mulher.

Respirando fundo para se acalmar, Lena perguntou:

— E você é...?

— Kate — a moça de cabelos curtos se apresentou. — Kate Kane.

— Adeus, Kate. — Forjou um sorriso.

— Apenas adeus?

Lena soltou um suspiro gelado e, assim que a porta se fechou atrás dela, pegou seu celular, pronta para uma ligação crucial.

Discou rapidamente no telefone, chamando seu braço direito que se encarregava dos serviços mais sombrios.

— Como posso ajudar, chefe? — A voz profunda de Samantha soou do outro lado da linha.

— Preciso de você agora! Vou mandar a localização.

Houve uma pausa breve.

— E esse serviço especial requer uma arma?

— Diabos, Sam! — A repreendeu. — Não fale dessas coisas ao telefone!

— Entendido! Me desculpe. Preciso de reforço?

Lena pensou rapidamente. Kate estava sozinha, não seria um problema.

— Você consegue lidar sozinha. — replicou finalizando — E haverá uma mensagem. Vou enviá-la. Quero que a transcreva em um papel e deixe no local.

— Considere feito!

Desligando, Lena enviou rapidamente a localização com as instruções adicionais: 5º andar, apartamento 503.

Em seguida, caminhou rapidamente até o estacionamento. Com um breve aperto no alarme, um apito ecoou e as luzes de uma Ferrari 812 piscaram à distância.

Deslizando para dentro do luxuoso interior de couro, ela abriu um compartimento oculto no console central, retirando de lá um celular descartável.

Lena sabia que precisava ser meticulosa com suas palavras, afinal, Kate era jornalista, e qualquer deslize em sua escrita poderia levantar suspeitas.

As Criminosas - KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora