Prólogo

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Acampamento Lake Tianchi: Para Idiotas Apaixonados


Se você já se apaixonou por um amigo e sentiu que poderia explodir por esconder tanto amor, mas escolheu sucumbir lentamente nessa tortura velada por medo de perdê-lo, este livro é para você.

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Quando eu tinha dez anos meus pais renovaram os votos de casamento. Segundo meu pai: "Mais de quinze anos ao lado da mulher da sua vida merecem ser comemorados com uma festa de arromba!".

De todo modo eles planejaram tudo de última hora; a ideia inicial era apenas um jantar intimista na casa dos meus avós. No entanto, papai bebeu duas garrafas de vinho, ouviu o álbum completo do Junichi Inagaki e, sem aviso, ajoelhou-se na frente de todos, pedindo minha mãe em casamento pela segunda vez.

Juro que parecia coisa de filme. E por um momento tudo ficou muito rápido e confuso. Olhei em volta, sem entender bulhufas, e vi minha vó chorando, vovô gritando e minha tia derramando vinho no vestido todo enquanto pulava e ria. Na época nada entendi. Meus pais já eram casados, então como iriam casar de novo? Mas eu sorri e comemorei, porque todos estavam fazendo o mesmo e isso me parecia uma coisa muito boa.

E realmente era.

Os dias que se seguiram foram uma loucura. Os preparativos para um simples jantar se transformaram em uma festa de casamento express, e todos, inclusive as crianças, tiveram que ajudar. Eu e meus primos, Seojun, Namjoon e Eunji, ficamos encarregados da decoração, tia Jieun nos ajudou em tudo, é claro, e todos juntos criamos os arranjos de mesa com flores de papel crepom, limpamos o jardim para acomodar as mesas e cadeiras e também fizemos a maior parte do altar improvisado.

Naquele final de semana, todos trabalhamos de verdade para que tudo saísse perfeito e, quando o dia finalmente chegou, tudo estava realmente lindo. Inicialmente, não iríamos convidar muitos parentes, mas é aquela coisa, você convida um, depois o outro e acabamos chamando todos de última hora e os mesmos aceitaram o convite com muita empolgação.

Pela manhã, quase não vi minha mãe, ela ficou o tempo todo trancada no quarto se arrumando com a ajuda das minhas tias. Achei um exagero, porque mamãe já estava linda o tempo todo, então não via necessidade dela se arrumar tanto, mas papai me explicou que isso era importante para ela, então fui compreensivo.

Fiquei com papai a manhã inteira e, perto do início da Cerimônia, já de banho tomado, nós dois subimos para terminar de nos arrumar também. Recebi uma versão menor do mesmo termo bonito que meu pai usaria e fiquei me sentindo como o 007 quando, juntos, passamos gel nos cabelos e penteamos para trás.

Nos traços, sempre fui mais parecido com a minha mãe, com os mesmos olhos grandes e escuros, boca pequena e dentes proeminentes, mas naquele dia eu estava como uma versão de bolso de meu pai. Gostei disso, era engraçado.

— Você está um cavaleiro muito elegante, senhorzinho! — ele disse a mim, bem-humorado.

— Você também, senhorzão! — retribui o elogio e, feliz, batemos as mãos bem no alto.

Naquele momento, me surgiu uma vontade de perguntar a papai algo que estava curioso há vários dias:

— Pai, por que vocês vão casar de novo? As pessoas sempre fazem isso? — Ele balançou a cabeça e pensou por alguns instantes, então me respondeu:

— Nem todas as pessoas, mas as muito apaixonadas e românticas gostam de fazer, sim. Não estamos casando de novo, estamos renovando os votos, é um pouco diferente. Fazemos isso para reafirmar nosso amor e selar nosso compromisso mais uma vez, perante todos aqueles que são importantes para nós.

— Então é porque vocês se amam um montão?

— Isso mesmo! — ele sorri e então me disse: — Mais de quinze anos ao lado da mulher da sua vida merecem ser comemorados com uma festa de arromba, não acha?!

Eu achava, sim, então concordei com ele. Papai ajeitou a gravata e olhou pela janela. Ele suspirou e, com um olhar sonhador, me perguntou:

— Tudo pronto?

— Tudo sim! — confirmei, sorrindo grande, emocionado por fazer parte de algo que parecia tão importante como um casamento.

Dei uma espiadinha pela janela do quarto dos meus avós e vi o quintal cheio de parentes. Da primeira vez que meus pais se casaram eu não estava nem no saco do meu pai ainda, então aquele segundo casamento as pressas era, também, o primeiro casamento que vi na vida. Porém, minha empolgação foi pelos ares, quando descobri que teria de levar as alianças e que, segundo meu pai, esse era um trabalho muito (muito) importante. E se eu as perdesse? Poxa, eu perdia os meus carrinhos o tempo todo! Como eles poderiam me deixar encarregado de algo tão importante assim?

Desci para o primeiro andar segurando a caixinha das alianças com as duas mãos, concentrado em não fazer besteira e me encontrei com vovó, que parecia nunca parar de chorar, ela estava mesmo muito emocionada. Meu pai foi para o quintal, falar com os convidados e ficar esperando no altar, já eu segui minha avó até a frente da casa, onde esperaríamos pela hora de entrar.

Minha mãe já estava lá fora, com os braços entrelaçados ao do vovô, segurando um lindo buquê de tulipas. Elegante e linda como sempre, com os cabelos escuros presos em um penteado alto, vestida de branco e enfeitada com brincos e pulseiras douradas.

Emocionado, disse a ela:

— Uau! Você está parecendo uma princesa!

— Oh, querido. Obrigada! — ela ri, envergonhada, e se abaixa para me beijar a bochecha.

Seguro a mão dela até quando é possível e na hora certa nos despedimos para que ela fizesse sua grande entrada, a minha seria um pouco depois. Foi emocionante e, ao mesmo tempo, constrangedor, todos aqueles pares de olhos sobre mim novamente despertou meu medo de acabar tropeçando e perdendo as alianças, mas então olhei para os meus pais, que estavam lá na frente, os dois chorando e rindo para mim e percebi que as alianças nem eram tão importantes assim. Eles se casariam até sem os convidados, sem as roupas chiques e a música clássica. Eles simplesmente se casariam, porque se amavam de verdade e apenas isso bastava.

Meus pais eram felizes de verdade e desejei silenciosamente ser assim também no futuro, ao lado da pessoa que conquistasse o meu coração.

Na hora dos brindes, papai (coração-mole) não aguentou dizer mais que duas palavras sem desabar em lágrimas. Foi engraçado. Já mamãe (sempre controlada) respirou fundo e, sem pretensão, disse algo que mantive em mente pelo resto de minha vida:

— Durante toda esta tarde, me perguntaram qual o segredo de um casamento feliz. Eu poderia lhes encher os ouvidos com meia dúzia de palavras floridas, mas o caminho para a felicidade conjugal é muito simples: case-se com o seu melhor amigo.

E isso mudou a minha vida. 


...

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