Marés Turbulentas

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CAPÍTULO 43

MARÉS TURBULENTAS

No fundo do mar, Elena mergulhou em uma jornada cheia de desafios e descobertas. Enquanto nadava através das águas profundas e misteriosas, ela foi acolhida pelos reinos submarinos de Maréfem e Aquaterra, cada um com sua própria cultura e tradições únicas.

Em Maréfem, um reino governado exclusivamente por mulheres, tudo no Reino era lindo e colorido, aparentemente bem cuidado e em perfeita ordem, Elena foi acolhida com curiosidade e admiração. Lá, ela testemunhou o poder e a força das sereias, que lideravam seu reino com determinação e coragem. No entanto, a fachada de hospitalidade logo deu lugar a desconfiança quando ela começou a questionar as tradições arraigadas do reino.

"Me desculpe perguntar mas, porque aqui só tem sereias e nenhum tritão?" Perguntou Elena.

"Porque não precisamos deles. Somos capazes de nos cuidar e de nos reproduzir sem a necessidades dos tritões", disse a Rainha.

"Entendo. Mas não seria melhor ter uma comunidade mais diversificada, com ambos os sexos representados?" Disse Elena com sinceridade.

"Quem é você para vir aqui e questionar séculos de tradição? Nossas práticas são sagradas e não cabe a você interferir nelas." Disse a Rainha "Você é ingênua criança. Não compreende a complexidade de nossas relações, os tritões são desprezíveis e os humanos, bem os humanos são meros peões em nosso jogo, e não devemos nos preocupar com o que acontece com eles."

"Eu só quero ajudar a encontrar uma solução que beneficie a todos. Não podemos ignorar o sofrimento dos outros, não podemos continuar matando humanos em nome de nossas tradições" , disse Elena.

"Você é do Reino das Marés, certo? Lá é o lugar perfeito para você, então. No Reino das Marés as sereias são como meros objetos de reprodução, abrigamos várias sereias que fugiram de lá. Que foram aprisionadas e abusadas a vida toda, por um bando de tritões desprezíveis,  e que mesmo sendo estéreis colocam a culpa nas sereias de lá", disse a rainha.

"Eu não apoio os extremos. A vida e os direitos das sereias são importantes, mas também devemos considerar a vida e os direitos dos humanos. Todos merecem ser ouvidos e respeitados", respondeu Elena com convicção.

"Os humanos não merecem nada. Eles destroem tudo o que tocam. Estamos fazendo um favor para o mundo ao nos livrar de alguns deles", Retrucou a rainha.

"Entendo sue ponto de vista, mas acredito que há espaço para diálogo e cooperação entre os povos da superfície e do mar. Juntos, podemos encontrar maneiras de resolver nossos problemas e construir um futuro melhor para todos", afirmou Elena.

"Você é ingênua se acha que os tritões e os humanos mudarão. Eles sempre serão uma ameaça para nós e para o oceano." Disse a Rainha.

"Eu entendo sua posição, mas acredito que todos merecem uma chance de mudar e melhorar. Se nos recusarmos a dar essa chance, nunca encontraremos a paz e a harmonia que tanto buscamos, e se matarmos os humanos eles vão nos perseguir e no matar também ódio sempre leva a mais ódio", concluiu Elena.

"Você pode acreditar no que quiser, mas nós sabemos o que é melhor para nós. E não precisamos da sua ajuda." Disse a Rainha.

"Eu respeito sua decisão, mas estou aqui para oferecer minha ajuda e se mudarem de ideia, estarei aqui para ajudar." Disse Elena enquanto saia.

Ao se aproximar da porta, ouviu-se gritos que vinham do quarto a diante.

Elas correm em direção ao quarto, onde encontram

Lilian, uma sereia loira de olhos grandes e verdes, dando à luz, cercada por outras sereias. Os gritos dela eram desesperadores.

"O que está acontecendo aqui?", disse a Rainha.

"Lilian entrou em trabalho de parto mais cedo do que o esperado. Ela precisa de ajuda!" Disse uma sereia que estava ao lado de Lilian.

Elena se aproxima de Lilian para ajudá-la, enquanto as outras sereias observam com surpresa e preocupação.

"Precisamos ajudá-la a trazer seu bebê ao mundo. Elena segurou a mão de Lilian e disse: vai ficar tudo bem"

Enquanto Elena e as sereias se preparam para ajudar Lilian, a Rainha Nerissa fica observando com uma expressão sombria, refletindo sobre as palavras de Elena e as crenças arraigadas do reino de Maréfem.

Enquanto tentava persuadir as sereias a abandonarem suas práticas cruéis, Elena se viu confrontada com resistência e até mesmo hostilidade por parte das líderes do reino que resistiam à mudança e à ideia de paz com os habitantes da superfície.

No reino de Maréfem, não existiam problemas com a natalidade, pois elas não viram problemas em misturar o seus DNA com o dos humanos. La as lendas das sereias clássicas ecoam através das profundezas do oceano. Lá, as sereias são conhecidas por sua beleza irresistível e suas vozes encantadoras, capazes de atrair os homens humanos para suas águas profundas. No entanto, o destino desses homens é sombrio, pois uma vez seduzidos, eles são descartados, deixados para vagar nas profundezas enquanto as sereias voltam para as águas protegidas do reino.

Os bebês nascidos dessas uniões são recebidos com alegria pelas sereias de Maréfem, mas a tradição é rigorosamente mantida: as meninas permanecem no reino, destinadas a se tornarem sereias como suas mães, enquanto os meninos são enviados para o reino de Aquaterra ou para o Reino das Marés, para serem criados pelos tritões, eles são usados como uma moeda de troca pela paz. Por isso elas buscavam se relacionar com homens humanos, pois a maioria dos tritões dos outros reinos eram seus filhos.

Elena, descobriu essa tradições da pior forma possível, ela presenciou uma jovem sereia dar a luz um lindo bebê tritão e viu o desespero dessa mãe ao ter seu bebê arrancado de seus braços logo após o nascimento. Lilian deu à luz um menino e segundo as tradições ele não poderia permanecer em Maréfem.

Elena ficou chocada com a crueldade e o desrespeito pelos direitos dos homens e meninos tritões. Ela se viu confrontada com a complexidade do reino de Maréfem, onde a beleza e a brutalidade coexistiam lado a lado.

Elena não conseguiu acreditar no que acabou de acontecer, e ao ver o desespero de Lilian, se virou imediatamente para a rainha Nerissa para questiona-la, e perguntar se ela não estava vendo o quão brutal e desumano essa atitude era, mas ao olhar nos olhos dela, tudo o que ela via era escuridão e tristeza Elena viu os punhos da rainha serrados, a rainha se virou e simplesmente foi embora.

No entanto, Elena também testemunhou a força e a determinação daquela jovem mãe, Lílian que estava disposta a fazer de tudo para recuperar seu bebê, Elena vendo o desespero de Lilian foi até ela levar uma palavra de conforto, todos os olhos de todas as sereias se voltaram para Elena naquele momento, olhares cheios de desconfiança e ódio, mas Elena não recuou. Lilian ouviu cada palavra que  Elena falou sobre paz, e de como a vida dela tinha sido transformada pela fé, então Lilian tentando segurar as lágrimas pediu com voz firme que Elena a curasse. Essas foram as únicas palavras que saíram da boca de Lilian e assim Elena o fez e saiu de perto de Lilian, antes que as sereias intervissem.

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