Além do Mar e da Lua

Turbulência Emocional

CAPÍTULO 52

 TURBULÊNCIA EMOCIONAL  

Draco caminhava pelas sombras, sua mente tumultuada com pensamentos conflitantes. Por um momento, ele se viu transportado de volta ao passado, lembrando-se do amor que um dia nutriu por Sofia. Mas essa lembrança era turvada pela angústia de saber que ela estava grávida, uma situação que inicialmente parecia impossível para ele, um vampiro imortal.

Ele se perguntava se sua decisão de se envolver com Sofia foi um erro, se deveria ter evitado essa ligação desde o início. No entanto, ao ouvir sobre a gravidez, o instinto de sobrevivência o dominou, e ele se convenceu de que a única solução era eliminar a ameaça antes que ela se tornasse realidade.

Mas a coragem para cometer tal ato o abandonou. Draco se viu confrontado com a realidade de suas próprias limitações, quando Sofia escolheu o bebê ao invés dele, sua imortalidade de repente parecia uma maldição. Ele estava cansado da sede insaciável por sangue, das lembranças de Sofia, da dor que o acompanhava a cada momento, da solidão que o consumia por dentro.

Em meio a essa tormenta de emoções, uma voz interior sussurrava um desejo profundo por algo que ele nunca ousara admitir antes: a esperança de ser humano novamente. Ele ansiava por paz, por uma vida livre das amarras de sua condição vampírica, sua mente vivia atormentada com seus pensamentos, qual a vantagem de ver todas as pessoas que você ama morrer.

Esses pensamentos tumultuados o levaram a uma decisão ousada. Draco não veio acompanhado de outros vampiros, ele veio sozinho, determinado a buscar sua própria cura, custe o que custasse. Ele estava disposto a enfrentar qualquer desafio, a fazer qualquer sacrifício necessário para encontrar a redenção e a paz que tanto almejava.

Draco sentiu um aperto no peito ao testemunhar aquela cena diante de seus olhos. O beijo entre Elena e o lobisomem traziam as memórias de seu próprio passado com Sofia. Uma sensação de déjà vu o dominou, como se estivesse revivendo os momentos que o levaram à tragédia que ele tanto lamentava.

Para Draco, a ideia de ver o sangue de um vampiro se misturar com o de um lobisomem era inconcebível.   

Mesmo que Elena não fosse completamente uma vampira, a simples possibilidade de ela se envolver com um lobisomem o perturbava profundamente. Era como se o erro que ele cometera no passado estivesse prestes a se repetir diante de seus próprios olhos, e ele não poderia permitir que isso acontecesse.

Em sua mente atormentada, ele via Elena como uma espécie de abominação, uma anomalia que não deveria existir. Ele se sentia compelido a intervir, a impedir que esse encontro proibido continuasse. Afinal, a preservação da pureza de sua própria linhagem era uma questão de honra para ele, uma batalha que ele estava determinado a vencer a qualquer custo.

Draco permaneceu parado na entrada da casa, observando a cena com um misto de descrença e indignação. A lembrança da traição de Sofia, de sua gravidez e do destino trágico que se seguiu ecoava em sua mente como um tormento constante. Ele não podia permitir que algo semelhante acontecesse novamente, especialmente com sua própria filha.

No entanto, ao ver a determinação nos olhos de Elena e a força do vínculo entre ela e o lobisomem, Draco começou a questionar suas próprias convicções. Será que ele estava realmente agindo pelo melhor interesse de sua filha, ou apenas repetindo os erros do passado por medo e preconceito?

Um turbilhão de emoções o envolveu enquanto ele lutava para reconciliar seus sentimentos contraditórios. Por um lado, ele ansiava por restaurar sua humanidade perdida e encontrar paz, mas por outro, a ideia de aceitar a ligação de Elena com um lobisomem parecia uma traição aos seus princípios mais profundos.

Enquanto Draco permanecia imóvel, mergulhado em seus pensamentos tumultuados, uma voz suave interrompeu seu conflito interno. Era a voz de Elena, calma e firme, confrontando-o com suas próprias palavras. Ela não permitiria que ele interferisse em sua vida, nem que seus preconceitos obscurecessem sua felicidade.

Draco foi tomado por uma mistura de surpresa e admiração diante da determinação de sua filha. Talvez, em meio ao caos de suas emoções, ele começasse a vislumbrar uma nova perspectiva, uma chance de redenção e reconciliação.