26. me desculpa, mesmo.

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oi bixas!

boa leitura

pedro - 5/5



No domingo, eu fiquei com a minha mãe praticamente o dia inteiro. Tudo aqui em casa estava igual era antes de eu sair, os mesmos quadros nas paredes, as mesmas plantas no jardim e a minha mãe estava sempre radiante.

— Você tem saído de casa? — Eu perguntei, curioso.

Minha mãe fez uma careta enquanto me olhava atentamente, tentando captar algo na minha expressão.

— Saído para conhecer pessoas? — Ela pergunta, direta e objetiva como sempre e eu afirmo com a cabeça — às vezes eu saio com as minhas amigas do hospital, mas nada demais.

Fico olhando para o rosto dela com atenção, seus olhos estão focados em mim e um sorriso orgulhoso preenche o rosto dela, era assim que ela sorria sempre que me olhava.

— Você ao menos deu uma chance para novas pessoas? — Pergunto, me inclinando pra frente levemente.

— Ah, Pedro! Olha quem fala — ela riu, e eu ri também.

A melhor parte da minha relação com a minha mãe é o fato de sermos muito amigos, por esse motivo, temos liberdade para conversar sobre o que for, é muito reconfortante saber que posso contar com ela para qualquer ocasião.

Nós ficamos o dia inteiro jogando conversa fora, conversando sobre o trabalho, o estágio e a faculdade, dividimos o restante do bolo que sobrou e quando me dei conta, já estava na hora de ir para a rodoviária novamente.

João me esperava na frente de casa, com uma mochila nas costas, um sorriso bonito no rosto e os braços cruzados, havia um boné com a aba virada para trás na cabeça dele e eu me senti apaixonado, como sempre.

O caminho de volta pra São Paulo foi diferente da ida, nós estávamos mais próximos agora, os dedos entrelaçados no banco e a cabeça dele encostada no meu ombro enquanto nós dividimos o fone de ouvido com a playlist dele, dessa vez. Era bom poder desfrutar da companhia dele mais uma vez.

Mas eu ainda me lembrava de que eu não poderia me entregar demais, que nossa relação agora pendia mais para uma amizade com benefícios do que qualquer outra coisa, e ainda havia aquele garoto Lucas, com quem João tem andado muito próximo. E no mundo do meu coração, eu ainda acredito que seja só uma amizade mesmo.

Eu sei que estou me enganando, mas pra quem já fez isso tantas vezes, um pouco mais não tem problema nenhum.

A paisagem passava rápido pela janela enquanto João cochilava no meu ombro, apesar da proximidade física com ele, eu sabia que havia a barreira da complexidade emocional que eu precisava enfrentar.

Mas ele estava aqui, dormindo no meu ombro e segurando a minha mão com tanta ternura que eu não conseguia ignorar o fato de estar ainda muito apaixonado por ele, e nesse momento eu comecei a pensar que, talvez, só talvez, a ideia de uma amizade colorida entre a gente fosse péssima.

Eu assumo isso, viu? Eu sou uma pessoa imatura, impulsiva, reativa e ciumenta. Mas eu também sou um homem apaixonado, e eu concordei estar disposto a lidar com as coisas conforme elas acontecem. Eu acho que a minha psicóloga vai ficar bem irritada quando eu contar a ela essa novidade, e ainda terei que dizer que a ideia foi minha.

AZUL - PEJÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora