27. é só que dói um pouco quando eu lembro assim.

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para aqueles que não acreditam em amizade colorida com o ex (eu)

joão 1/5





— É fácil, João — ele diz, com a mão no câmbio do carro — presta atenção, você coloca a primeira marcha, e conforme o carro vai andando você vai dando as marchas, senão ele fica todo zoado.

Afirmei com a cabeça e pisei na embreagem e no freio, coloquei a primeira marcha e desengatei o freio de mão.

— Agora tira o pé da embreagem devagar e vai pisando com calma no acelerador, tá bem? — afirmo com a cabeça e fiz o que ele mandou.

Em um solavanco rápido, o carro fez um barulho enorme e acelerou com força, andando rápido pela rua enquanto o motor praticamente gritava comigo.

— Freia! — Ele disse alto ao meu lado e eu pisei no freio com força, fazendo o carro morrer ao mesmo tempo em que o garoto ao meu lado puxou o freio de mão com força — meu deus, Jão! Você quer morrer? — ele fala.

Eu acabo rindo, um pouco sem graça enquanto inclino a cabeça para o lado levemente. Desde que comecei a trabalhar no estúdio, Lucas se propôs a me ensinar a dirigir no horário de almoço. E tem sido uma tarefa bem difícil, na verdade. Eu não consigo andar cem metros sem que o carro acabe morrendo, eu estava ficando exausto. Eu poderia, sei lá, estar dormindo nesses horários.

— Acho que não nasci pra dirigir, Lucas — eu falo, me sentindo cansado disso.

— Nada a ver, amanhã a gente tenta de novo, tá bem? — A insistência dele era algo que eu achava legal e apreciava, parecia realmente se importar.

Começar a trabalhar ocupou muito a minha mente desde que Pedro terminou comigo. Não sei ao certo o que me levou ao estúdio novamente na semana anterior, mas quando entrei, Lucas me recebeu com um sorriso no rosto e disse "hei, veio tatuar o rosto da pessoa que te chutou?", e desde então nós viramos amigos.

Eu comecei a frequentar o estúdio depois da aula quase todos os dias e o gerente disse que estava precisando de alguém para cuidar das redes sociais e responder os possíveis clientes que entravam em contato e, eu aceitei de primeira. O salário não era bom, mas não era ruim, o lugar era divertido e eu estava sempre rodeado de uma galera alternativa que me fazia esquecer um pouco como as coisas estavam da porta pra fora do estúdio.

Lucas, entretanto, se tornou uma figura muito mais frequente na minha vida depois que nos beijamos pela primeira vez, no banheiro de um boteco sujo num Happy Hour da galera do trabalho. Eu estava desesperado, com saudade de Pedro e querendo ligar ou mandar mensagem para ele e, bem, Lucas entrou no banheiro na hora certa, com as palavras exatas e eu o beijei. No começo foi estranho, mas quando os beijos se tornaram mais frequentes eu aprendi a gostar. Mas eu ainda sentia falta de Pedro a cada batida do meu coração.

Estar na companhia de outra pessoa, não preenchia o vazio que o amor da minha vida havia deixado no meu coração, mas era bom ter com o que me distrair.

— Você quer ir lá em casa hoje a noite? — Eu o pergunto enquanto empurramos a porta do estúdio para voltar ao trabalho.

— Nós vamos ficar estudando igual a última vez? — Ele pergunta, rindo e eu fico um pouco tímido — eu gosto mais quando você fica falando e falando por horas até eu ter que te beijar e calar a sua boca.

Eu fico em silêncio, rindo quando lembro de como ficamos estudando até dormir no sofá quando ele esteve na minha casa.

— E qual é a daquele seu ex? — Ele questionou, parecendo curioso e eu ergui os ombros, sem saber direito como responder a ele.

AZUL - PEJÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora