— Quem mais voou? — ele perguntou, assim que seus três filhos estavam sentados em sua frente no seu quarto em Hogwarts.
Harry não achava que alguma vez havia usado um tom tão ríspido com seus filhos como estava fazendo.
Nenhum dos três levantou a mão ou se pronunciou, mas nenhum deles ousou olhar para o pai, e ele sabia o que aquilo significava.
— Merlim, Lily, até você?
O moreno passou as mãos pelo cabelo, evitando a vontade de socar a parede com raiva. Por algum motivo, estava agindo como um adolescente novamente.
— Pai...
— Albus Severo, fique quieto!
Como um feitiço, o filho ficou quieto. Após aquilo, os quatro permaneceram alguns minutos quietos. Harry pensando, e os meninos com medo de falar alguma coisa.
— Nós havíamos combinado que nenhum de vocês jogaria quadribol.
— Pai, já fazem cinco anos — James disse, e Potter sabia que o filho nunca tinha falado num tom de voz tão submisso antes. — O professor Malfoy estava certo, sabe? Nossos pais eram lendas do quadribol, e não podemos nem tocar em uma vassoura sem pensarmos em quão mal isso vai te fazer. Você também amava voar.
É claro que Harry amava voar. Por Merlim, Harry sentia tanta falta em alguns dias que pensava em desistir e simplesmente pegar a vassoura de Ginny que ele não tinha tido coragem suficiente para jogar fora e passar horas sentindo o vento em seu rosto. Mas Harry amava muito mais Ginny, e saber que ele havia perdido ela por causa de um jogo de quadribol era demais para conseguir conciliar os dois.
— É claro que Malfoy está certo agora, quando é conveniente. Na verdade, começamos essa discussão toda porque aparentemente você e Teddy resolveram fazer uma de suas pegadinhas.
Os Potters souberam que a situação estava séria quando James nem mesmo abriu um sorriso orgulhoso pelo que havia feito.
— Pai, o que James está querendo dizer e Draco também é que a probabilidade de algo acontecer com qualquer um de nós não fica maior só porque aconteceu com mamãe. Nós todos amávamos ela, mas nós querermos voar não é um desrespeito para a lembrança dela, e sim uma forma de nos lembrarmos.
Harry percebeu que a situação estava realmente crítica quando James e Albus se juntavam em uma discussão.
— Eu não posso suportar perder mais um de vocês — ele disse, a voz baixa desta vez, torcendo para que nenhum deles escutasse — Quando vocês se põem em risco, como Malfoy falou, eu só não suporto mais perder pessoas que eu amo. Eu pensei que depois da guerra, depois de Snape, Dumbledore, Fred e todos os outros, eu pensei que eu teria paz.
— Pai — James disse, a voz calma, como se o filho estivesse confortando o pai —, eu passei 10 anos com medo de você não voltar do trabalho todos os dias enquanto você era auror. Mamãe também. Ela nunca te impediu de ir, no entanto. Era o que você gostava de fazer.
Ah. Harry se deixou cair na cadeira, sentindo a lágrima que ele prendeu durante cinco anos quando estava na frente dos filhos ser derramada.— O que estamos querendo dizer, e acho que até você sabe, é que mamãe não ia querer que nós ficássemos sem jogar. Nem os filhos dela, e nem você — Lily disse, aproximando-se do pai para abraçá-lo.
O moreno sentiu o braço de todos os outros filhos o envolvendo, e, pela primeira vez, se deixou chorar em luto pela esposa.
•••••
Draco estava o evitando, e Harry sabia que deveria ser ele a pedir desculpas. Mesmo assim, quase uma semana após a discussão deles, o grifano ainda não havia criado coragem para tanto. Pedir desculpas para Malfoy era quase tão íntimo quanto ter que se despir na frente de alguém era para ele.
Harry criava o monólogo perfeito na sua cabeça, mas quando olhava naquele mar azul que eram os olhos do sonserino, as palavras não saiam.
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Um lar de olhos azuis
FanfictionHarry Potter recebeu uma carta o convidando a ser professor de Hogwarts. Ele estava pronto para recusar, quando percebe que, ao fazê-lo, estaria sozinho. Portanto, nesse ano, ao levar os filhos à plataforma 9 3/4, ele embarca no expresso junto com e...