O quadro

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Piastri

Eu estava totalmente puto da vida. Tudo naquela quarta feira me irritava. Arrumei minhas malas de qualquer jeito. Eu não iria mandar mensagem para ela.

Lando falou comigo por telefone e ficou surpreso que ela não se despediu. Pelo menos eu não tinha sido o único, pois provavelmente ela fez um carinho de despedida em Helmet.

Precisava ir até o mercado para repor a ração do gato para que Jhon o alimentasse durante a semana que passaria na Austrália.

Ao entrar no elevador olhei os números, e acabei apertando o 9°.

Ao parar no andar a porta se abriu. E notei que a porta do loft onde Stela havia morado estava aberta, o que era padrão após o inquilino deixar o apartamento.

Entrei. Então tudo estava como era antes, mas sem o toque de Stela. Sem flores, sem roupas jogadas, sem pincéis na pia. Ou cheiro de comida.

Mas no canto da sala notei um dos quadros que ela havia embrulhado. Apenas um.

Fui até o canto onde estava encostado, vi que havia um bilhete colado no plástico bolha.

"Não sei se você vai vir até aqui, ou ler este bilhete, provavelmente você odeia meus bilhetes... " Eu realmente odiava "Desculpe não me despedir, se eu visse seu rosto seria o suficiente para que eu fizesse a escolha errada de não partir." Escolha errada? Eu realmente odiava os bilhetes dela.
"Durante minha estadia eu fiz isso." Olhei para o quadro ainda embrulhado. "Se não quiser, tudo bem. Apenas deixe ai. Eu sinto muito mesmo. Sei que você não entende meus motivos, e tudo bem. Não irei voltar para a Inglaterra para a inauguração do mural, minha família virá sozinha desta vez. Então vença essa corrida, e muitas outras, um dia talvez nos esbarramos por aí, te desejo tudo de bom. Com muito amor. Stela."

Ela havia me jogado no fundo do poço e terminado com "muito amor". Um golpe baixíssimo.

Peguei o quadro e comecei a desembrulhar. Quando todo plástico tinha sumido. Eu olhei a pintura. Era meu capacete, meus olhos. Era eu. Dava pra saber só com a expressão, que era eu. Stela sabia exatamente como capturar a essência das pessoas. Senti raiva, como ela podia ser tão talentosa mas tão medrosa e bipolar.

Fiquei olhando por alguns segundos, então coloquei no chão novamente, aquela pintura só iria me fazer lembrar dela e de tudo que foi jogado fora. Levantei e fui até a porta. Antes de sair eu parei embaixo do batente. E encarei meus próprios olhos na pintura.

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Stela

Minha mãe estava pronta para me chamar de burra. Mas ela estava respeitando meu momento. Logicamente eles me levaram para a casa deles, não me deixariam fugir antes de desabafar. Dona Angélica e seu Fernando são pessoas ótimas, mas inconvenientes, e não me permitiriam ir para minha casa antes que eu abrisse minha boca.

Então contei tudo a eles.

Só então que mim mãe ficou zangada.

- Sua burra!- Ela falou.

- Ange... Calma. - Meu pai a repreendeu..

A Arte De Pilotar - Oscar Piastri Onde histórias criam vida. Descubra agora