Epílogo

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Cinco anos se passaram.

   Então era aquela a sensação de perder alguém?
   Por uma curiosidade repentina, após sair do estúdio, Jungkook foi até o bairro em que cresceu. O motivo? Ele gostaria de ver o seu pai, pelo menos de longe.
   Ao chegar no local, recebeu uma notícia por meio dos vizinhos.
   Seu pai estava morto há pelo menos dois anos.
   No momento em que recebeu a notícia, não conseguiu mostrar reação alguma; agradeceu aos vizinhos e saiu em um estado de desconforto terrível. Eles disseram que o motivo da morte era desconhecido, já que o encontraram quase que em estado de decomposição dentro da casa. Já era de esperar, um alcoólatra violento não teria amigos para visitá-lo ou sentir sua falta.
   Estacionou o carro um pouco longe de casa e saiu dando passos lentos, até chutava pedrinhas, e em sua mente, as lembranças tão dolorosas. Não conseguia recordar de nenhum momento de carinho ou afeto entre ele seu pai, apenas flashs de sessões de espancamento que pareciam durar horas. Seu corpo, lembrou, era cheio de marcas roxas de cinto ou socos, mas quase ninguém reparava nisso. Quando ainda estudava, uma professora chegou a chamar a mãe dele ao notar hematomas vermelhos em suas costas. Resultado? Mais violência e uma transferência de escola. Nem se lembrava mais de quantas escolas já havia passado, pois sempre que algum professor percebia que algo estava errado, mudavam ele para outra escola.
   Aquilo já não doía mais, no entanto, saber da morte do pai o deixou pensativo. E se ele tivesse nascido em uma família diferente, será que tudo seria melhor? Não sabia, e para falar a verdade, não valia mais a pena pensar em algo que não chegaria a lugar algum.
   Com passos pesados, abriu a porta e entrou em casa. De imediato, viu Ella sentada na poltrona segurando uma xícara de chá. Isso se repetia todas as noites, pois ela não conseguia dormir sem que Jungkook estivesse em casa, então o esperava. Esse costume se repetia ao longo dos anos, e para falar a verdade, ver aquele sorriso tão doce da sua esposa o tirava de toda tensão do dia.
   Ella, como sempre, deixou a xícara de chá na mesinha de centro e levantou da poltrona. Jeon tirou a jaqueta suja de tinta e a colocou no cabideiro, se aproximando em seguida da moça e selando seus lábios.

— Boa noite, meu amor. — a tomou em seus braços, envolvendo sua cintura. — Me desculpe por chegar tão tarde, você deveria estar dormindo a essa hora.

— Boa noite, meu bem. — segurou em seu rosto com as mãos e deixou mais um beijo rápido nos lábios dele. — Você demorou mais do que o normal, aconteceu alguma coisa no trabalho?

— Não, no trabalho não. Eu fui até a casa do meu pai.

   Os olhos grandes dela se arregalaram levemente, e Jungkook sabia que Ella levava aquele assunto bem a sério.

— Me diga tudo.

   Ela se desvencilhou dos braços dele e sentou na poltrona novamente, fazendo o homem sentar em outra poltrona ao lado dela.
   A casa estava sendo iluminada apenas pela luz da cozinha, deixando um pouco mais difícil de ver as expressões de Ella, porém, algo lhe dizia que os lábios da moça estavam caídos para baixo.

— Quando eu estava saindo do estúdio, senti uma vontade muito grande de ir no bairro que eu cresci, em parte, para ver meu pai. Eu não queria conversar com ele, só... Não sei. — fez uma pausa, tentando colocar os pensamentos em ordem. — Assim que cheguei na rua em que ele morava, fui reconhecido por uma família que morava ao lado da nossa casa desde que eu nasci. Quando perguntei sobre meu pai, disseram que ele havia falecido há dois anos.

— Ah, querido... — sua mão encontrou a dele, segurando calmamente. — Eu sinto muito, de verdade. Receber essa notícia dessa forma deve ter sido horrível, não consigo nem imaginar.

Quando Juntos, Somos Eclipse | JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora