-Haa! Finalmente acabou! - " foi o que eu amo acabar de traduzir as páginas de um mangá que ainda será lançado ":-Akira, você vai poder voltar para casa hoje? - " perguntou o meu melhor amigo e parceiro de tradução, Tsukasa ":
-Acho que não. Talvez eu passe em um bar ou algo assim...
-Você deveria ir para casa. Soube que será o nosso último dia "de boa" antes das férias de verão. A Presidente provavelmente fará nós trabalhamos até tarde depois das férias, alguma coisa haver com o atraso das páginas que precisam ser traduzidas e a data de entrega, eu sei lá...
-Haaaa! Eu tava afim de beber algo hoje!
-Beber, trabalhar, dormir. Você só faz isso da sua vida?
-De vez em quando eu vou ao fliperama, e desenho quanto eu tenho tempo livre.
-E você chama isso de vida?!
-Eu sou adulto, moro sozinho e me sustento. Acho que está tudo certo...
-Tá bom. Eu acho que eu posso viver com isso.
-Você tá afim de dar sermão hoje, hein?
Eu me chamo Akira Kazuki, e tenho 25 anos. Eu trabalho como tradutor de Mangás para o português brasileiro há quatro anos. Pode-se dizer que a empresa em que trabalho, em geral, é um pouco abusiva. As altas cargas horárias e o pouco tempo de descanso, aos poucos, vem me desgastando. Eu não me demiti ainda porque acredito que estou fazendo algo que eu gosto, nisso eu quero acreditar. As pessoas ao meu redor dão o seu máximo para cumprir com os padrões perfeccionistas da Presidente. Para alguém mais nova do que eu, ela tem um senso de maturidade e liderança muito mais desenvolvido, ou pelo menos era isso em que eu acreditava.
Já em relação a bebida, já aviso, não sou alcoólatra. Normalmente, quando vou aos bares, bebo refrigerante em vez do álcool. Por quê? Na faculdade, todas as vezes que nós conquistávamos algo, íamos para o bar comemorar. Por causa disso, toda vez que eu conquisto algo, como meu descanso tão esperado, vou para o bar movido por aquela lembrança da faculdade, mas nunca bebo nada. Porém, aquela alegria foi sumindo,e meu descanso parar ia ter sido colocado em risco quando o alto falante da empresa emitiu essa seguinte frase:
"-Akira Kazuki, por favor, dirija-se a sala 102"
A sala 102. Lugar que eu preferia nunca entrar. A sala da Presidente.
Fui caminhando pelo corredor até o local. Meu coração gelou e eu comecei a ficar nervoso, e "se eu for demitido?"; e " se meu salário não ia cair na conta esse mês?"; " como eu faria para pagar as contas?"; " será que eu cometi algum erro?"; " qual a chance de ser uma notícia boa?"
Esse pensamentos foram me acompanhando todo o caminho até a 102, quando foram interrompidos pela fala de uma garota de mais ou menos 1,50 de altura:
-Você nunca esteve aqui antes, Sr. Kazuki. Devo admitir que seu trabalho é excepcionalmente perfeito. Entretanto, venho percebido que o senhor de se "acomodado" demais em suas ideias de "perfeição". Suas últimas páginas traduzidas apresentam erros notáveis, o que não faz sentido, visto que os trabalhos do Sr. são ótimos. O que você pretende fazer em relação a isso, Sr. Kazuki?
Eu gelei. Não sabia o que dizer a ela. O olhar de seus olhos azuis penetravam em mim, como se estivesse analisando até os lugares mais pequeno e insignificantes da minha alma. Eles brilhavam, e emitiam uma mensagem, como se um movimento errado me levaria a morte. Sua franja castanha estava caída sobre seus olhos, o que me empresta de ver sua expressão com mais clareza, fazendo a parecer misteriosamente perigosa. Seu cabelo era curto, bem curto mesmo, e muito liso. Sua pele era clara, com algumas sardas na região da bochecha. Ela me lembrava uma boneca, uma boneca assassina.:
-Sr. Kazuki, venha aqui, por favor. Essas são as páginas que você traduziu?
Ela estava apontando para algo no computador, fui me aproximando devagar, eu tinha certeza, se ela continua-se me olhando daquele jeito analítico, eu ia infartar na hora. Ao olhar aquelas páginas no computador, consegui alguma coragem junto com a dignidade que me estava para falar:
-Sra. Presidente, essas não são as páginas que eu traduzi.
Que medo. Ela se levantou da sua cadeira e me fitou nos olhos. Minha mente estava a mil pensamentos de como eu poderia sair daquela situação, mas, antes que eu disse-se alguma coisa, ela se jogou na cadeira, fazendo com que seu corpo ficasse largado e relaxado, ela fez um gesto que levou sua mão até a cabeça, ems sinal de cansaço. Pela primeira vez naquela sala, acreditei que aquela garota era uma humana.:
-Sr. Kazuki, eu sinto muito pelo incoveniente.
Eu não acreditava. A Presidente estava me pedindo desculpas. É um absurdo, mas na minha cabeça, eu acreditava que pessoas como os chefes e presidentes de empresas a, nunca, cometessem nenhum erro no trabalho, mas eu me enganei.:
-Co...Com licença, Sra. Presidente. Se não for muito incoveniente, você poderia me dizer seu nome.
Essa pergunta fez a Presidente corar, e, em exclamação, ela se levantou rapidamente da cadeira,.meio confusa e toda vermelha. Aquela reação humana e normal fez, meu coração, palpitar.:
-Aaaaahh!
Ela bateu os pés no chão, como se estivesse marchando no mesmo lugar, e sacudiu seu cabelo com as duas mãos grosseiramente. Ela parou por um segundo me fitou, dizendo:
-Eu me chamo Sakura Yamamoto, é um prazer te conhecer!
Ela fez uma reverência grotesca, e rápida. Estava confusa e me parecia irritada com a situação. Foi fofo de se ver, aliás, qualquer um que cometesse um erro na frente de outra pessoa, ficaria envergonhado e irritado, mas não tenho certeza se reagiria assim.
Para não incomodá-la, saí rapidamente da sala, deixando-a. Eu precisa ir para casa rápido, para enteder a reação inusitada do meu coração naquela sala. Por quê ? Por quê? Por quê?!:
-Argh! Assim não dáááá!
Enquanto eu surtava como um adolescente no meio do corredor, o Tsukasa apareceu na minha frente, dizendo:
-Então, como foi?
VOCÊ ESTÁ LENDO
23 e 25
RomanceSe soubéssemos que duraria tão pouco, teríamos aproveitado mais. O amanhã de nossas vidas nunca chegou. A lembrança daqueles dias parece mais um borrão, um sonho que eu tive. Muitas vezes, a realidade é difícil de aceitar, e muitas vezes, recusamos...