Capítulo 5 - " See me "

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Porchay irrompe no quarto, uma tempestade de passos apressados que ecoam sua urgência. Talvez fosse o medo de perder a coragem ou talvez o alívio de encontrar Kim consciente. Seu coração batia um alerta: se Kim não tivesse despertado, seria uma realidade insuportável.

Os planos de Porchay eram claros como cristal: entrar, confrontar, exigir respostas. Mas a realidade é um rio caudaloso, e ele foi arrastado pela correnteza de emoções que o inundou ao cruzar o limiar do quarto. Cada passo era um esforço hercúleo, sua respiração pesada traía o nervosismo que encharcava sua pele, apesar da máscara de tranquilidade que tentava ostentar. Um olhar perspicaz veria através da fachada trêmula. E essa fachada ruiu como um castelo de cartas quando seus olhares se entrelaçaram. Kim, receoso, encarava-o, perdido em como proceder. E, talvez, nem Kim estivesse preparado para o turbilhão que se aproximava.

Porchay, num impulso quase selvagem, corre até Kim, envolvendo-o num abraço que carrega o peso do mundo. Kim, atônito, congela sob o toque. Segundos se arrastam até que, finalmente, as mãos de Theerapanyakul encontram refúgio nas costas de Chay.

O mais velho, visivelmente abalado pela ação do mais novo, não esperava tal demonstração de afeto, não se via digno de tal graça. Porchay, por sua vez, não conseguia conter as lágrimas que desenhavam rios em seu rosto, cada uma carregando histórias de dor e agonia que se estendiam por horas, dias, semanas. Quando Chay se afasta, uma onda de ira o consome, e antes que Kimhan possa reagir, Porchay desfere golpes contra o homem que permanece sentado, paralisado pelo choque.

Chay - Seu idiota! Como pôde fazer algo assim?!

Cada palavra é um golpe, um terremoto sacudindo o peito do homem à sua frente, que nada faz para se defender, apenas tenta, em vão, conter as mãos furiosas de Porchay.

Kim - Eu sei, você precisa se acalmar...

Mas suas palavras são combustível para Porchay, que intensifica os golpes, embora sua força vá se esvaindo, drenada pelo choro que Kim percebe ser antigo, ao observar os olhos inchados e a expressão exausta de Chay.

Chay - Não me diga para me acalmar, todos dizem isso! Eu não quero calma, eu quero... eu quero te fazer pagar! - Os golpes cessam, substituídos pelo choro. Chay está devastado, cada medo ainda sugando sua energia, deixando-o vazio.

Kim, então, o envolve num abraço que é um porto seguro, um refúgio para a tempestade de Porchay. E ele chora, desaguando toda a dor acumulada. Porchay retribui o abraço com o que resta de suas forças, encontrando consolo no ritmo constante do coração de Kim. Um sorriso triste brota entre as lágrimas; Kim está vivo, e isso é um bálsamo repentino para sua alma atormentada.

Ainda assim, Kimhan não compreende a presença de Porchay, não entende o abraço. Para ele, Porchay deveria estar imerso em ódio, não segurando-o como se fosse seu último elo com a vida. E, por um instante, ele deseja que esse seja o desejo sincero de Porchay.

Kim - Por que você veio? - Ele se esquece momentaneamente que foi ele quem chamou Porchay do abismo com uma mensagem.

Chay recua, encarando Kim, olho no olho. Ali, naquele instante, eles veem mais do que meses de convivência revelaram: dor, amor, esperança e algo indefinível que paira entre eles.

Chay - Foi você quem me enviou aquela mensagem, idiota! Você faz ideia do que senti? Da culpa que me consumiu? - Ele quer golpear Kim novamente, mas o medo de causar dano o detém, ignorando que Tankhun já havia feito isso.

Redemption: Last ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora