Redemption: Last Chance

Capítulo 1- " Scars "

"Porchay"

Não que minha vida sempre tenha sido fácil; nunca foi. Porém, eu pensei que, pela primeira vez, tudo estava bem... Até descobrir que fui usado por quem me apaixonei, por quem entreguei meu coração e que simplesmente jogou isso no lixo. Talvez tenha sido culpa minha, não percebi os sinais e continuei; e quem acabou machucado fui eu.

Passou um mês desde que meu irmão assumiu a liderança da segunda família, o que o faz ficar muito ocupado. Eu passo a maior parte do tempo em casa, sozinho, ou pensando no que fazer da vida. Ninguém me disse que ter 18 anos seria sinônimo de fracasso. Nada é como imaginei; tudo deu errado e eu nem percebi, mas pelo menos fiz um novo amigo nesse caos da minha vida.

Macau, o irmão mais novo de Vegas — que também é namorado do amigo do meu irmão, Pete — é complicado, eu diria, mas os dois andam tão grudados. Talvez seja porque Vegas ainda está se recuperando dos tiros que levou e, por algum milagre, não morreu.

Comecei a me aproximar de Macau há mais ou menos duas semanas. Ele se mostrou compassivo e um ótimo ouvinte. Não tive coragem de contar tudo que rolou com Kim, mas também não foi preciso; bastava falar o nome dele que eu claramente ficava pior do que já estava. Foi questão de tempo para ele perceber que minha história com Kim foi de mal a pior, mas ele nunca fez perguntas demais sobre isso e eu agradeço. Não sei se estou pronto para falar dele ou de qualquer coisa relacionada. Bom, até hoje pelo menos ele não havia me perguntado, porque parece que a sorte correu de mim e agora estou em um momento que evitei, mas não podemos fugir por muito tempo dos problemas, não é?

Macau – Chay, o que o Kim fez realmente? Claramente você nunca fica bem quando ele é citado. – Eu pensei muito nessa pergunta. Estava tão na cara assim?

 Chay – Ele não me segurou quando precisei... mas talvez eu tenha colocado expectativas irrealistas nisso tudo... – Incrível como, depois de tanto tempo, meu coração ainda dói. Quem eu queria enganar? Ainda o amava como no primeiro dia que nossos olhos se cruzaram, e como no último dia em que ele se virou e levou muito mais que meu coração; ele levou tudo.

Talvez minha feição tenha ficado mais triste ou depreciativa do que eu queria, pois Macau se aproximou de mim, me abraçando. Estávamos sentados em um pequeno sofá que havia no meu novo e pequeno apartamento.

Macau – Aquele idiota não te merece, Chay. Pessoas como ele não sabem valorizar corações como o seu... – Talvez fosse verdade. Talvez Kim nunca pudesse me amar como eu o amo... mas por quê? Será que não fui bom o suficiente? Ou talvez tenha sido apenas uma mera distração da investigação idiota dele.

Chay – Talvez sim, talvez não, não sei mais, Macau. Tudo que sei é que, infelizmente, eu ainda o amo... – Seria patético dizer isso, mas de fato lágrimas queimavam meus olhos, talvez pela força que eu estava fazendo para segurá-las. Era como se mil espinhos estivessem em minha garganta.

Macau – Ei, tá tudo bem, você também pode chorar. Precisa se libertar desses sentimentos, se não viverá preso neles. – Quando olhei para o garoto ao meu lado, vi ternura e verdade em suas palavras, e isso me machucou ainda mais.

Era muito egoísmo da minha parte, era patético, mas eu não posso evitar. Meu coração gritava com todas as forças que eu queria que Kim estivesse aqui, me dizendo essas coisas, me consolando. Isso é patético; eu devia odiá-lo, mas meu coração insiste em amá-lo, e para quê? Para sofrer mais? Para não ter mais paz?

Chay – Eu só não entendo, Macau! O que eu fiz de errado? Me diz! Não foi suficiente?! Por que não posso ser feliz como meu irmão? Por que ele só me usou? Eu não mereço o amor também? – Não demorou para eu não conseguir mais segurar; lágrima após lágrima descia sem parar, meu rosto estava quente e soluços involuntários saíam de minha garganta. Eu queria gritar, mas meu grito mais alto sempre foi em silêncio; isso não ia mudar agora.