Capítulo 15 - " I don't feel you, Kim. "

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🚫⚠️Contém Gatilho: Cuidado⚠️🚫



Havia se passado duas semanas desde o incidente do sequestro. Alguns conseguiram lidar bem com o luto, outros não, e Porchay se enquadra no segundo grupo. Porsche tentou diversas vezes tirá-lo do quarto ou distraí-lo com outras atividades, mas sem sucesso. Por isso, na maioria das vezes, ele simplesmente fazia companhia ao irmão no próprio quarto.

Apenas em ocasiões raras, com a ajuda de Tankhun, conseguia levar o rapaz para fora, pelo menos para tomar um ar no jardim e ouvir a história de como Porsche acabou matando os peixes de estimação de Khun. Nessas raras ocasiões, sons que lembravam risadas eram emitidos por Chay.

Kinn parecia mais retraído que o usual, e somente seu parceiro sabia que era apenas a maneira dele de lidar com a perda do irmão. O ambiente também estava um tanto sombrio entre os guardas; tanto Arm quanto Pol passavam a maior parte do tempo com Tankhun, que vivia chorando e se culpando pela perda do irmão. Não era culpa dele, mas tentar convencê-lo disso apenas resultava em mais lágrimas. Contudo, ninguém podia negar que ele se esforçava, especialmente perto do Kittisawasd mais jovem, onde tentava não demonstrar tanta tristeza. Big não retornou ao complexo desde aquele dia, assim como Tay, que desejava muito ir assim que Porsche informou que Chay havia acordado, mas foi impedido por razões maiores.

Vegas e Pete lidavam com a situação à sua maneira. Eles ainda estavam abalados pelo ocorrido, mas se esforçavam ao máximo pelo pequeno que tinham e também pelo apoio que queriam oferecer a Macau, que estava arrasado ao ver o estado do amigo. Sentir-se impotente em uma situação dessas era terrível; ele se sentia inútil. No entanto, nenhum deles retornou ao complexo principal, nem mesmo Mac, que foi aconselhado pelo irmão a esperar um pouco. Porchay precisava de seu espaço, e ele também. Mas isso não significava que ele deixasse de enviar mensagens diariamente ao irmão do mais novo, perguntando como ele estava, e sempre recebendo a mesma resposta: "...do mesmo jeito, ainda não se recuperou."

E isso era desolador.

Tay também enviava mensagens todos os dias a Porsche e a Kinn, perguntando sobre o garoto, lamentando não poder estar presente, mas prometendo que iria, pois precisava conversar com o mais novo. A verdade é que tanto Tay quanto Big estavam em um momento delicado e decisivo, e não eram os únicos. Mas estavam concentrados em encontrar qualquer pista de Time, que simplesmente havia sumido. E Tay, mais do que ninguém, conhecia as capacidades dele e, por isso, o temia. Temiam ainda mais que ele encontrasse uma maneira de chegar até Porchay, e isso era algo que nenhum deles permitiria.

Chay se mantinha em seu próprio mundo, tendo sido observado por Porsche que, desde o sequestro, o garoto parecia sempre absorto, e estranhamente tomava pelo menos quatro banhos por dia. O Kittisawasd mais velho não compreendia isso, mas já o havia escutado chorar no banheiro, um lamento profundo e doloroso.

Porchay não revelou o que realmente aconteceu naquele dia, não contou nada, na verdade, pois havia parado de falar. Dormia mal, pois sempre que fechava os olhos, tinha pesadelos terríveis, algumas vezes com Time, outras, na maioria das vezes, com Kim morto, o que era insuportável. Frequentemente, Porsche tinha que correr até o quarto do irmão ao ouvir seus gritos enquanto dormia, e quando acordava, o choro parecia interminável, algo lamentável.

Porsche insistiu em ficar em um quarto próximo ao do irmão, que inicialmente ficou no quarto de Tankhun, mas depois foi realocado. Ele achou que dormir por perto seria o melhor, principalmente após os dias consecutivos em que o irmão acordava em pânico devido aos pesadelos. Ninguém jamais ousou perguntar sobre o conteúdo deles ou se havia algo que eles desconheciam sobre o sequestro.

Redemption: Last ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora