Capítulo V

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Os olhos negros brilhavam de maneira perigosa enquanto analisava o homem empalado. Nappa realmente tivera um fim terrível, era uma morte que ninguém na face da Terra gostaria de saborear. Era bem verdade que todos os seres vivos um dia teriam o seu tão temido fim, mas daquela maneira cruel e tão dolorida, ninguém desejava.

Realmente o rei tratava-se de um homem perigoso, sem limites e puramente impiedoso. Afinal, não bastava ele ter dado aquela sentença à Nappa, queria mostrar à todos o que acontece com quem o decepciona.

Tirando as mãos das costas e desviando o olhar do pobre cadáver, o homem de cabelos compridos e tão negros quantos seus olhos, voltou-se para os lacaios.

- Levem esse espeto para a vila, o Rei ordenou que seja colocado em praça pública para todos verem.

Os lacaios apenas acenaram em concordância e pegaram cada um em um lado da madeira que empalava o cadáver de Nappa.

- E não esqueçam de dizer à todos que o fim de quem trair sua majestade será muito pior do que esse.

- Sim, senhor.

Os cabelos se moviam com charme conforme os passos se apressavam para onde o rei descansava. Abrindo as portas duplas, não fora surpresa nenhuma vê-lo sentado tranquilamente em frente a lareira com um livro na mão, e tudo ficava ainda mais perturbador ao ver que o livro em questão tratava-se de uma Bíblia.

- Se uma mulher for estuprada e não gritar alto o suficiente, ela será apedrejada - recitou Black, com a voz baixa, quase em um sussurro.

- Deuteronômio.

Somente então o rei ergueu o seu olhar, que até então estava fixado na Bíblia.

- Não sabia que era um conhecedor da Bíblia, Raditz.

Raditz apenas arqueou uma sobrancelha em resposta. Black sorriu, fechou o livro, colocando-o na poltrona e se levantou.

- É que difícil de entender - explicou o rei de maneira debochada. - Até alguns anos atrás você não passava de um pobre coitado, criado em meio a prostitutas. Nunca imaginei que seria um soldado tão habilidoso, e agora, me surpreende em ser conhecedor das palavras divinas.

- Prostitutas também leem a Bíblia, majestade - a voz de Raditz saiu com escárnio.

- Aposto de leem - sorriu Black de maneira cruel. - Mas do que adianta ler e não temer, não é mesmo?

Raditz contraiu a mandíbula de uma maneira tão forte que era visível para Black.

O rei vendo que começara a atingir Raditz, colocou as mãos nas costas e virou-se para a lareira, seus olhos brilhavam enquanto analisava a lenha se retorcendo em meio as chamas.

- Mulheres merecem o lugar que tem, meu caro Raditz, são engenhosas, manipuladoras e traidoras. Eu dormiria mais tranquilo ao lado de uma cobra peçonhenta do que ao lado de uma mulher.

Raditz preferiu não dizer nada, apenas escutava.

- Veja minha situação, por exemplo, minha doce irmã Bulma, a quem eu acolhi a pouco, dando-lhe tudo, oferecendo-lhe tudo... Me traiu na primeira oportunidade que teve, ajudando um homem que ela nem conhecia.

Raditz continuava em silêncio.

- E veja você... - Black desviou seu olhar das chamas e virou-se para Raditz. - Não passa de um bastardo, literalmente um filho da puta, meu irmão.

Os olhos de Raditz se desviaram, não queria que o rei visse sua ira estampada em suas pupilas.

- É mais velho que eu, Raditz, se sua mãe não fosse uma meretriz, se tivesse usado o que tem no meio das pernas de uma maneira mais inteligente, talvez tivesse conseguido casar-se com nosso pai, ele era louco por ela, ao menos é o que dizem.

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