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O problema do ser humano é achar que os outros são besta

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O problema do ser humano é achar que os outros são besta.

Aquele engomadinho desgraçado me ligou hoje, me falando que me desculpava por ter dado ousadia para o pai da menina, e que queria continuar saindo comigo.

Obviamente deixei toda a minha ética na cama e xinguei até a última geração do desgraçado.

Me desculpar?

Me desculpar?!

Eu não preciso das desculpas dele, que ele enfia toda aquela desculpa no olho do..

-LUA, DESCE AQUI- minha avó grita me tirando da linha de raciocínio.

-JÁ VOU, PERA AÍ- saio do quarto com a boa de pelo atrás de mim, vou na direção da sala, assim que eu colo os pés na sala um arrepio passa por meu corpo. Olho para o homem impressionantemente gostoso que está sentado no sofá de braços cruzados e com uma cara fechada.- Qual foi coroa?- pergunto a ela que estava segurando uma menininha que era a coisa mais linda do mundo.

-Baiano quer falar com você- franzo a testa

-Baia quem?- pergunto e logo uma voz grossa que faz todo o meu corpo se arrepiar responde.

-Eu- me viro e arqueio a sobrancelha.- Satisfação, Baiano, Dono da avz de Ouro.

-E o que tu quer comigo- cruzo os braços e seus olhos percorrem todo o meu corpo na maior cara de pau, que vagabundo.

-Bater um lero contigo sobre algumas normas do morro pra tu ficar ciente.- Murmuro apenas um "A" e me sento do lado da minha avó, a menininha tenta pegar o cachorro que cheira ela.

-Pode falar- o cachorro sobe no meu colo e a pequena faz de tudo para tocar nele

-Primeiro, sem brigas, discussão, barraco, como você achar que se chame, não tolero nada disso, se acontecer vai pra ideia. Segundo, obediência, se rolar um toque de recolher, você ouvir nas caixas de som, pelo WhatsApp, obedeça, se não sua avó vai te encontrar dentro de um caixão- engulo em seco e ele continua.- Terceiro, ninguém rouba ninguém, se roubar vai levar maderada. E último, qualquer um pra entrar e sair daqui tem que passar por mim, ninguém do asfalto entra no meu morro sem minha permissão.-ergo a sobrancelha- tu entendeu mina?

-Perfeitamente- sorrio irônica e ele estreita os olhos.

-Espero mesmo- ele vai até a minha vo e pega a bebezinha no colo dela.- Fé pra vocês- ele sai e minha avó vai acompanhar.

-Quanta arrogância- digo assim que ele sai

-Ele é dono filha, tem que manter na tranquilidades

-Tanto faz, não quero me envolver em nada que tenha esse cara, preciso começar a rodar a cara e colocar currículos nas escolas, não posso ficar mais tempo que o necessário sem um emprego.

-Faça isso amanhã- concordo.

-Cheguei, e cheia das fofoca.- Vó Carla fala entrando em casa cheia de sacola na mão.


Coloco currículo em todas as escolas que eu vejo pela frente, tanto particular quanto pública, a pública é um pouco mais difícil, mas se eu conseguir vai ser a minha alegria.

Paro um pouco e me sento em uma lanchonete para comer alguma coisa, tenho que ir ainda na faculdade para concluir a transferência, novamente.

-Bom dia, gostaria de um X-Burger com suco- digo sorrindo e a atendente concorda e sai indo fazer o meu pedido.

Vejo alguns e-mails, respondo a vó no WhatsApp.

-Aqui- a menina coloca o lanche na minha mesa e eu agradeço.

Como enquanto olho algumas coisas no Instagram e vejo mais algumas vagas de emprego disponível. Eu odeio ficar sem trabalhar, então nem que eu ganhe dinheiro para bater latinha eu tô aceitando.

Termino o lanche e vou até a UFRJ, estudar na federal é um porre, mas me trás ótimos benefícios.

Faço a transferência que foi mais rápido do que eu imaginava e vou pro ponto pegar um ônibus e ir pra casa.

Já são quase quatro horas da tarde, me sinto acabada. Não lembro a última vez que eu tive que fazer tudo isso.

Subo a ladeira já dentro do morro, entro no beco que da nas escadas de casa e tomo um susto quando vejo um cara na curva.

-Senhor Jesus.- coloco a mão no peito pelo susto

-Qual foi mina, ta devendo?- o cara pergunta e eu suspiro.- tem o que aí pra mim?-franzi a testa e olho pra ele.

-Que?

-C toda bonitona aí, deve ter alguma coisa, vamo, passa- ele fala e eu arregalo os olhos, tá de brincadeira né?- bora mina, passa logo, se eu for pegar tu não vai gostar- ele fala e tira uma faca da cintura, tá mais enferrujada que o lixão.- passa tudo, celular, relógio, dinheiro tudo, anda

Pego as coisas e entrego pra ele que sorrir com aqueles dentes todos podres e sai.

-Puta que pariu viu, inferno- falo virando e subindo a ladeira pra ir pra casa

As pessoas devem está achando que eu sou louca por tá resmungando sozinha, mas porra, eu acabei de ser roubada, eu tô acabada de cansada, e não tenho dez centavo no bolso para comprar outro celular.

Como vão entrar em contato comigo sobre a vaga de emprego, ele levou até o meu chip, mas que inferno.

Subo as escadas e logo estou no portão de casa, abro e entro já quase chorando.

-Lua, é você?

-Oi vovó- digo e ela vem da cozinha, me jogo no sofá e Puglu pula em mim.

-Mas quem te bateu menina, tá com cara de acabada em- Vó Maria fala

-Você na viu que eu tava te ligando não menina?- Carla fala e eu me jogo no sofá.

-Fui roubada

-Como assim roubada, onde?

-No beco da ladeira

-Meu Jesus Cristo- Maria fala passando a mão na cabeça.- e agora?

-Agora só me resta chorar, meu chip tá lá, coloquei currículo o dia todo com aquele número.

-Que chorar o que garota, levanta, vamo lá no tráfico, eu quero ver, mane chorar, eu vou fazer o desgramado que te roubou pagar- Vovó Carla fala e tira o avental- Bora Maria, levanta essa bunda velha daí- ela fala e a mais velha levanta resmungando.- Anda pirralha, bora

-Não vai adiantar de nada vó

-Não vai adiantar de nada se eu quiser que não adiante, agora anda e levanta porra- resmungo e levanto- coloca a coleira no Puglu e bora- ela fala e eu obedeço.

Meus Presentes Surpresa- Livro 2 da Série: MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora