7• Grande dança dos erros.

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Com o passar dos meses Kara foi notando aquele epopeico sentimento centuplicando dentro de si; No começo era tão bom e confortável que ela se acostumou, depois decediu permanecer em silêncio apenas para se sentir assim, soberba e carregada de emoção, para ela era doce. Doce quando seu coração saltitava, doce quando suas palavras saíam desconectas, doce quando seus simples pensamentos a levavam a sorrir quase a todo instante.
Seu coração não era mais seu e apesar disso ter sido bom no começo, com tudo, veio a grande dança dos erros, seus sentimentos vindicavam por respostas, por atenção. Como ela poderia deixar-se amar sem ser amada? Apenas amar a sensação de admirar alguém seria o bastante? O que aquilo queria dizer sobre ela?
Ela decediu que adiará esse dia, mas que virá a contar em algum momento, nas veras, ela sentia que se expusesse Lena mudaria, tudo mudaria. Talvez por Lena não  gostar de mulheres, talvez porque ela já virá dito que não se sente mais confortável de estar em uma relação amorosa, talvez ela se magoasse pela verdade encoberta e ela mudaria, certamente, ela mudaria.
Então, indiferentemente do início, não era mais bom, era sufocante, exceto em alguns momentos... Como quando Lena era muito fofa e depois ela podia arrazoar isso alegremente para as amigas, descrevendo cada segundo da cena.

[...]

Kara- Ei.

Lena- Oi?

Kara- Colhendo morangos?

Lena- Pois é, são para a sobremesa que prometi a Locke.

Ela olhou para sua cesta que tinha apenas os melhores e mais suculhentos morangos.

Kara- Como você sabe?

Lena- Quando você fica cego seus outros sentidos ficam muito mais aflorados, é como uma espécie de equilíbrio.

Kara- Oh.. isso é bom!- Sentiu seu coração anguistiar-se, por vê-la tão bela e não saber como dizer, e nada mais o que contar, era como se o infinito dicionário tivesse sumido do mundo e ali só habitasse o silêncio. Ela escrevia e apagava, ela lia e lia de novo e então percebia que falava sozinha, trágico para qualquer leitor, verossímil para qualquer escritor; Dentre todos os seus poemas Lena era a poesia, as vezes tão bela que uma folha em branco poderia dizer mais que seus tinteiros.

Lena- Você anda estranha.- Confessou a morena durante a volta.

Kara- Estou com a cabeça um pouco cheia.- Admitiu.- Podemos beber vinho?

Lena- Claro querida.

Deu um riso baixo, nervoso.

Querida.

Pequenos apelidos vindo de pessoas que gostamos nós fazem sentir acolhidos, e tal como a palavra, Kara se sentia querida por alguém, mas não o bastante para dizer a verdade.

[...]

Locke dormia, enquanto isso elas se apanhavam de vinho.

Lena- Kara você sabe..- Soluçou de embriaguez.- Que sou tão grata a você?

Kara- Eu também sou grandiosamente grata a tu Lena! Por tornar minha vida mais feliz.

Lena- E você por me trazer de volta a felicidade, por ser minha família e me dar esperanças de novo.

Kara olhou a morena com intensidade e segurou sua mão aveludada.

Kara- Por que me diz isso agora?

Lena- Porque eu sei que tu tinhas uma meta desde que me conheceu, sei que queria me fazer bem de novo e você fez. Eu não sei o que é, mas algo está pesando para ti e eu não suportaria que fosse eu.

Kara- O que? Não Lena! Eu só.., eu..

Lena- Kara. Sabe, você me ajudou a encontrar a paz, mas ela não está aqui, ela está comigo. Você sempre dizia muito sobre aqui, mas é sobre ti. E eu estava pensando que agora eu não posso ver as coisas, mas eu posso sempre sentir porque você me ensinou, e caramba! Eu quero sentir outras coisas, eu quero continuar vendo o mundo da maneira que você me ajudou a pintar! E talvez.. Bom, talvez eu me sinta pronta pra um novo cenário. E você não precisará mais se incomodar comigo.

As sombrancelhas da loira quase se fundiram quando as rugas ficaram tão próximas, mascando a sua raiva e confusão.

Kara- Você está blefando!

Lena- Kara??

Kara- Você está me dizendo que vai embora??!

Lena- Estou dizendo que quero me aventurar por aí, viver em outros nundos, eu não disse que iria sumir para sempre. -Disse com firmeza, não gostando da alteração na voz da loira.

Dormente, de súbito e imediato, era como se sentia. Ali era o paraíso, o que mais Lena queria buscar? Por que não permanecer perto da amiga? Por que deixa-lá..?

Kara- Você. Vai. Embora?

Lena- Pretendo, mas eu virei visitar vocês, nem sei quanto tempo posso aguentar longe!

Kara- O bastante para propor a ideia sem que seu coração saísse pela mulata.- Se pronunciou em choque.

Lena- Kah..

Kara- Branca de Neve, não pode ir embora! Nós precisamos de você conosco.- Ela precisava de Lena com si.

Lena- Kara, sejamos sinceros, eu é quem preciso de vocês! Sempre precisei, desde que fiquei cega eu não tive espaço para ser independente e eu sinto falta disso.

Kara- Lee.. Eu não quero ser egoísta, mas se você for eu não sei como posso ficar. Eu me acostumei com a ideia de te ter por perto e eu amo isso. Você não se importa de ficar longe de nós? Isso não partiria seu coração?

"Em um milhão de pedaços" - Pensou a morena.

Lena- Sei que sim, mas eu só queria tentar; Eu prometo que voltarei.

Kara- Quando??!

Lena- Quando eu sentir que é o certo.

Os olhos da loira se transformaram em trincheiras, ela se lembrou da noite em que se encantou pelo boto e ele a deixou, ela se lembrou de como estava alegre para contar sobre Locke e depois teve de lidar com isso sozinha. O campo era mágico mas talvez carregasse uma maldição, todas as pessoas que saíam prometendo voltar nunca achavam o caminho de volta, porque ele não está realmente em lugar nenhum, ele aparece quando precisamos e merecemos. Ela sabia que Lena não voltaria.

A morena escutou o choro da amiga e se aproximou para abraçá-la, rapidamente ela desvencilhou-se de seus braços.

Lena- Kara..

Kara- Você não está feliz aqui Lena?!

Lena- Não quando sinto que algo te incomoda e eu sei que sou eu, os duendes me contaram!

Kara- Malditos.

Lena- Kara?! Você não pode agir assim com sua casa, você sempre disse que a floresta ficaria chateada com você e não te abençoaria. Eu quero tentar evoluir e te dar um tempo, porque quando eu cheguei aqui você era a pessoa mais majestosa que eu conhecia e hoje parece uma bomba relógio, prestes a explodir.

Kara soluçou, Lena tinha razão, ela não se reconhecia mais.

Kara- Desculpe, eu falhei com você.

Lena- Oh..querida, não falhasses comigo.- Ela novamente puxou a loira para seus braços, que dessa vez não se soltou e a abraçou forte.

Kara- Estou com medo de como Locke vai reagir Lena, você vai partir nós deixando como uma ruptura estilhaçada.

O vinho e as lágrimas foram uma combinação perfeita para que seu sono a velasse, e em seus sonhos, ela sonhava com a morena sendo para ela uma mulher e mãe para seu filho.

A frase ecoou pela cabeça da Branca de Neve por muito tempo, que por sua vez não conseguiu dormir. A decisão de ir não foi só dela, Lena andou conversando com sábios, e com Alex,  quem mais conhece Kara no mundo.
Lena também sentia uma coisa por Kara, algo que ela não sabia explicar e não se sentia merecedora de gozar, pois sabia que sempre seria um peso para Kara; que por sua vez, era tão pura e tinha a alma tão bela, Kara foi a primeira pessoa que fez Lena se apaixonar pela maneira de vislumbrar o mundo; E ela sentiria falta da mais velha descrevendo-o, ela agora poderia ver as tintas e a tela, mas não sabia manejar o pincel e talvez estar em um outro lugar nunca seria como estar ali, mas você nunca irá descobrir até que tente.

O campo bem funcionava para Kara e Branca de Neve  sabia que o bagunçou.

Jardim Encantado. (KARLENA/SUPERCORP)Onde histórias criam vida. Descubra agora