Jardim Encantado. (KARLENA/SUPERCORP)

9• Terra suja.

Passavam-se mais de sete noites em que mal eu me dormia. Hoje não foi diferente, mas decedi que iria me levantar. Começar o dia com um pouco de cautela, até ser levada ao pedestal. As coisas não ficariam assim, vou procurar por dissoluções até que minha mente fique em remanso e meu coração fleumático.

Kara— Locke você pode ir para casa da tia Alex ficar brincando com Ruby? Eu preciso precaver de alguns assuntos.

Locke— Tudo bem.— Falou desanimado.— Se cuida mamãe..

Sua feição era de desassossegado, todos pareciam estar previnindo minhas ações, olhando de repente e esperando o pior. O que seria mais estorvo do que minha atual situação? Decatende.
Uma sutil e doce maneira de falar, como se no fundo eu não notasse o quão raso é o fundo de suas sábias e nem tão sábias palavras. A melhor maneira de assustar alguém não é ter as armas mais caras, mas saber como usufruir, independente do calibre, quando mirar certificar-se de acertar a preza. Se no tinteiro faltar resíduo use borra de café, mas não deixe de escrever.

— Obrigada, querido.— Beijei o topo de sua nuca.

E agora eu tinha uma missão, entender aquilo que estava subentendido.

"Kara, siga o caminho do boto e me encontre em NA."

Corri pela floresta e procurei pelos portões da saída, inebriante, arrepiante! Eu sequer me lembrava onde era a saída. Droga. Parei de correr. Onde fica a saída? A saída aparece para quem quer ir, mas eu ainda quero voltar.

Rao... E se uma vez que os portões abrirem eu não encontre mais a entrada? E se eu perder Locke para sempre? Valeria a pena por um amor?

Se ele existe em algum lugar eu preciso descobrir e depois buscar Locke para ir comigo.

Dei voltas e voltas, procurei pela saída, o campo que antes parecia um pequeno paraíso estava extenso. Quando isso virou um labirinto? Meus joelhos derrapando no chão, sem se quer uma força. Onde os portões estão? Por onde eu entrei? Eu quis mesmo vir para cá?

— SÁBIOS! SÁBIOS!— Gritei.

Gandalf— O que quer pequena humana?

— Quero me leve aos portões! Por onde eu posso sair?

Gandalf— Oh, pequena, não posso dizer.

— Por que não pode dizer, essa merda é um tipo de prisão?— Chutei o monte com fúria.

Gandalf— Como pode dizer isso de sua casa?

— PORQUE ESTÁ TUDO ERRRADO! E não me diga que é mentira!— Gritei olhando para o alto e encarando suas raízes.

Gandalf— Saiba, não a saída, não quando o campo não tiver uma para te dar. Seus ossos já foram implantados aqui, Kara! Cada broto que nasce é sinônimo de sua esperança, e quando escurece..— Apontou paras flores mortas— Algo está se perdendo, o conselho não pode deixar você ir,  porque você é parte disso.

— Conselho? Que raios é o conselho?

Gandalf— O governo e a política é a chave para qualquer sistema, não é porque é mágico que deixa de existir. Eu não poderia estar te contando essas coisas, mas preciso que você pare, antes que eles te coloquem na linha da maneira difícil.

Da maneira difícil? Então aqui não é verdadeiramente bom, eu estava certa! É a merda de um sistema falho, como qualquer outro. A ideia de que vir para cá e fugir do mundo era uma mentira. Sempre foi uma mentira e eu nunca notei o quão podre é o brilho, o quão assustador pode ser uma beleza traiçoeira que lhe encanta e te faz seu servo.

AUTOR POV

Ela voltará para casa cabisbaixa. Como sua punição, o campo a cansava, prolongando sua tortura. Ela apanhou um pouco de água em sua tigela e levou até a boca, sua fonte estava ficando escura.  Mas, o desespero a fez engolir assim mesmo, respirou fundo e se deitou sobre o gramado.
A verdade é que a dor era seu paraíso, mas nenhum galardão juntaria de seu martírio. Se teu tesouro fosse a paz, seus olhos não se escancarariam.

O seu "paraíso" era um pesadelo vestido de sonho, era o próprio inferno lhe fazendo enxergar a salvação. Como um truque da mente a beleza os enganou, enganou a todos, exceto Lena.
Lena não se sentiu bem por estar no campo, se sentiu bem por estar com Kara. Suas raízes jamais foram traçadas pela terra suja.

Após longos minutos Kara se levantou, chamou pelas fadas, mas nenhuma a atendeu. Ela avistou de longe e as viu mal escondidas, com uma feição assustada. O que quer que fosse o conselho as deixa refém outrossim. Essa atitude implantou um novo pensamento na cabeça da loira. Todas as criaturas mágicas ali também estavam aprisionadas?

Se fosse, ela sabia que uma grande guerra estava prestes a acontecer, sem ideia de saber como ganhar, determinada e com forças decediu que iria lutar.