Capítulo 2 - O Escritório da Duquesa

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Algumas semanas se passaram desde o ocorrido na floresta. Os três adolescentes estavam em volta da mesa da sala de conferências. Arden analisava plantas do castelo e mapas do reino, Raya pensava em um plano de invasão e Isabella já tinha expectativas de batalhas.
“Acho que não vamos achar alguma passagem secreta com esses mapas.” Disse Arden, retirando os óculos que usava para ler. “São de informação pública, se duvidar até uma criatura mágica tem acesso.”
“Não tem não.” Raya se levantou. “Nenhuma criatura tem acesso…”
“Claro que nenhuma criatura tem.” Isabella se levantou também. “Ironia, já ouviu falar?”
“Vocês não deixaram claro que era ironia”
Arden suspirou.
“Eu vou ver se o meu pingo de poder que tenho sendo príncipe nos dá acesso a uma planta mais útil.” Arden falou, enquanto andava para fora da sala. “E, sim, nenhuma criatura mágica tem acesso a tal planta.”
Ele saiu batendo a porta.
“Só não quebra porque é fraquinho!” Isabella gritou.
“Eu não sou fraco!” Arden rebateu.
“Se fosse forte eu ainda tava sendo rejeitada e rebaixada por guardas reais machistas.” Ela disse, sorrindo. “Tinha que ver a cara daqueles idiotas quando me tornei guarda pessoal do Arden. Ficaram todos de mimimi para o guarda líder quando ele me concedeu esta missão.”
“Que legal. Deve ter sido muito satisfatório vê-los perder tal oportunidade.” Raya respondeu.
“É, tinha que ser homem.”
Raya riu.
Arden voltou a sala, com uma leve expressão de decepção em seu rosto.
“Pois é.” Ele se sentou novamente. “Somente o rei e a rainha e o duque e duquesa tem a planta avançada do castelo. Meu pai não confia nem no próprio filho…”
“Então vamos para o plano b.” Isabella socou a palma de sua mão com um olhar maléfico.
“Não vamos socar os guardas da sala de registros particulares.” Raya alertou.
“Então faremos o quê?! Implorar de joelhos?” Ela respondeu.
“Talvez…Sei lá, eu possa pedir para a duquesa! Ela é minha tia, talvez, TALVEZ dê certo.”Arden sugeriu.
“Não sei se sua tia confiaria em você.” Raya disse.
“Ela vai. Só espera pra conhecer ela.” Ele disse, determinado.
Os três saíram da sala, com Raya levando algumas coisas consigo. Após caminhar pelo castelo, eles chegaram a frente de uma porta, que havia uma placa em si.

Escritório da duquesa
Horários:
Seg a sex / 8h às 10h e 13h às 19h
Favor bater

“Deixa que eu vou sozinho.” Arden disse, enquanto batia na porta. “Ela pode me adorar, mas não é burra ao ponto de notar que vou compartilhar os segredos do reino.”
Uma criatura mágica roxa, de aproximadamente 130 cm, abriu a porta. Havia seis braços, onde os dois braços inferiores seguravam alguns papéis e arquivos, o braço do meio direito segurava uma carta e o esquerdo um selo. Nas mãos superiores, uma segurava a maçaneta da porta e a outra alguns cristais.
“Vamos logo, Pérola, você deve colocar estes Cristais Mortíferos cuidadosamente dentro daquela caixa, para entregarmos ao reino Saphirefall. E ai se você sequer quebrar uma delas…” Disse a duquesa, que estava escrevendo uma carta em sua mesa bagunçada.
A criaturinha, cujo nome foi descoberto sendo Pérola, abriu completamente a porta e correu até uma mesinha do lado direito da sala, que estava lotada de cartas e pacotes ao redor, e uma caixinha no centro.
Arden prosseguiu e entrou na sala.
“Parado aí.” Ela disse sem ao menos tirar os olhos da carta. “São dez horas e UM minuto. Está fora do meu horário de atendimento, e você tem que marcar um horário antes.”
Ela tirou os olhos da carta e olhou para ele. De repente, um sorriso largo e enrugado apareceu em seu rosto.
"Arden!" Ela disse enquanto se levantava. "DOBBLE! Faça o seu trabalho e levante! Feche a carta e organize minha mesa." Ela olhou para outra criatura igual a Pérola, porém azul e com um penteado diferente.
"O que quer, querido?" Ela disse, num tom doce muito diferente da grosseria que tratou Dobble e Pérola.
"Assim...Eu queria estudar uma planta detalhada do castelo, mas não me deixam entrar pois sou o príncipe. Mas eles te deixam entrar. Pode me ajudar?" Arden disse em um tom tão falso que Isabella e Raya duvidaram que era seu amigo.
"Mas é claro! Porém, sabe as regras." Ela disse num tom sério. "Não compartilhe com seus amiguinhos da ralé. Essa regra nem é minha."
"Claro, tia! Não vou!"
"Que bom, espere aqui que já volto." A duquesa disse, saindo apressada.
Arden fez uma cara de nojo após ela sair.
“Credo. Falsa. Puxa-saco. Falou mal dos meus amigos. Odeio essa mulher.”
Isabella riu de uma forma não muito delicada.
“Acho que é meio idiota também.”Raya confessou.
Os três riram, porém Isabella já estava chorando de rir a esse ponto.
Após poucos minutos, a duquesa voltou ao escritório, com as mãos vazias.
“Perdão, querido. Nem mesmo a duquesa pode pegar tais informações. Espero que arrume uma forma de conseguir a planta. Tchauzinho!” Ela disse, enxotando Arden da sala e batendo a porta.
O sorriso falso de Arden se esvaiu de seu rosto.
“Tive que aguentar essa mulher pra nada. Já virou rotina.”
Isabella andou até ele com um sorriso ameaçador.
“Não.” Ele respondeu, sério.
“Sim.” Isa rebateu, maliciosamente.
Os dois começaram a contrariar uns aos outros, apenas falando “sim” e “não”
“Acho que deveríamos falar com Elowen.” Raya quebrou a briga deles.
“Você ainda lembra o nome daquele elfo?”Arden olhou para ela, debochando.
“Tenho passado com ele nessas últimas semanas. Queimei o meu livro, e vou escrever outro com a ajuda dele.” Ela explicou, enquanto o grupo andava para fora do castelo. “Ele me explicou que as fadas usam pó de fada para moldar sua aparência!”
Então, os três adolescentes foram para a floresta.

Enquanto tudo isso acontecia, Elowen corria silenciosamente entre as árvores da Floresta da Vida. Havia ouvido gritos de sofrimento, que se calaram rapidamente. Seus olhos azuis brilhantes percorriam de um lado para o outro, procurando sinais, desesperados.
Foi quando ele ouviu passos e uma conversa. Poderia ser apenas qualquer criatura mágica andando pela floresta? Poderia, porém Elowen estava com a intuição de que eram caçadores.
Ele se abaixou entre as árvores rapidamente, e sacou sua flecha, porém estava muito nervoso para sequer envenená-la. Ergueu o arco, colocou a flecha, mirou no caminho que tinha em sua frente…
As vozes ficaram familiares.
Elowen finalmente percebeu que se tratava de sua amiga, Raya, e os seus outros novos amigos, Isabella e Arden, os quais ele não teve muita interação. Quase soltou a flecha e atirou, de alívio.
Ele abaixou o arco e guardou sua flecha novamente, antes de sair das sombras para falar com eles. Mas ainda estava alerta, pois, por mais que já tenha passado algumas semanas com Raya, e já havia estabelecido confiança nela, ainda não teve diálogo decente com os outros para confiar neles.
Saia com desdém, obviamente. Seu olhar desconfiado não parecia incomodar Raya, que o cumprimentou normalmente. Isabella e Arden também o cumprimentaram, por mais que Elowen fizesse o mesmo com timidez e desconfiança.
“Então né elfo.”Disse Arden, tentando iniciar um diálogo.
”Elowen.”Ele o interrompeu.
“Perdão, Elowen, mas enfim. Precisamos de um plano para nosso objetivo, porém, o plano inicial não funcionou…E…”O elfo olhava para ele com mais desconfiança.’...Raya sugeriu que falássemos com você.”
Elowen colocaria medo até mesmo no chefe da guarda real; Era alto e ágil, além de uma pequena cicatriz no canto de sua testa e um olhar penetrante. Se não fosse um elfo, poderia ser um rei devido a sua expressão séria.
“Bom, Elo.-Raya se referiu a ele com tal apelido.”Talvez…Não acredito que vou falar isso…Poderíamos fazer alguns ataques ao reino, por enquanto, até algum plano provável.”
Elowen olhou para ela com o mesmo olhar, mas Raya não parecia intimidada.
“Tava querendo fazer isso desde que nasci.”O elfo revelou, sorrindo.”Só não fiz por causa da barreira.”
Raya e Elowen riram. Isabella e Arden também, mas com um pouco de desprezo.
“Com o que começamos?”A criatura perguntou com animação.
Os três adolescentes humanos olharam para ele em choque. Raya tinha acabado de ter aquela ideia. Não haviam pensado em nada.
“Raya, você acabou de ter a ideia, não é?-Elowen riu.”O negócio é que, já criei tantos cenários em minha cabeça de eu vandalizando as ruas de Emerald Veil. Tenho um plano.”
Ele os chamou para mais perto e contou várias de suas expectativas. Após discutirem um pouco (até porque, Elowen sugeriu coisas impossíveis para um humano ou para um pequeno ataque), acharam algumas formas que não iriam ferir alguém gravemente ou destruir muito alguma construção.
E assim, o ataque foi planejado.

O ataque consistia em vandalizar uma das paredes internas do Salão Público de Eventos do Reino Emerald Veil (SPEREV) durante a Feira Anual de Artefatos Mágicos (FAAM). O trio escreveu numa parede localizada em um local com pouco movimento, que no momento, estava vazio por causa do discurso do rei.
Após escrever a frase em vermelho, o grupo, disfarçado pela magia de Raya (Feiticeiros humanos como Raya trabalhavam com o rei, logo eram permitidos), correu para fora do salão.
Porém, Raya não havia notado que deixou cair de sua bolsa um pequeno rubi.

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