Eu nunca imaginei que, aos 35 anos, eu acabaria num bar pé sujo, sentada numa mesa de plástico da Skol, enquanto tomava uma ice de limão. Mas lá estava eu, e isso só deixava claro que eu tinha realmente chegado ao fundo do poço.
A bebida alcoólica deveria ajudar, mas estar rodeada de pessoas jovens e alegres só me fazia lembrar do que eu tanto queria esquecer: meu casamento de 3 anos tinha acabado. 3 anos me dedicando a alguém que, assim que teve a oportunidade, me trocou por uma mulher 8 anos mais nova, que provavelmente se misturaria fácil naquele bar idiota! Tem como ser mais clichê que isso?
César, meu ex-marido, decidiu jogar anos juntos no lixo para viver um grande romance com a colega de trabalho, e eu, idiota, demorei 6 meses para descobrir o que estava bem diante dos meus olhos.
Meu Deus, por que eu tinha que gostar de homem?
Assinar aqueles papéis de divórcio foi como assinar meu atestado de fracasso e burrice. Mesmo tendo sido eu quem entrou com todo o processo para a separação. E mesmo sabendo que aquilo era pelo meu bem, porque eu merecia mais, merecia estar com alguém que também me amasse.
"Divorciada". Eu não acreditava que, a partir daquele momento, teria que preencher todos os formulários e documentos assim. Eu era nova demais para ser divorciada!
Eu nunca ia esquecer da expressão agressiva em seu rosto quando o confrontei. O modo como ele tentou negar, como me chamou de paranóica e disse que eu precisava confiar na palavra dele. Mas claro que, assim que eu mostrei as fotos, a conversa mudou. César chorou e jurou que nunca mais aconteceria, que tinha sido um erro isolado. Isso tudo até eu falar que aquele era o fim, eu não perdoaria a traição.
César não aceitou nada bem, disse que eu estava cometendo um erro, que eu estava jogando nosso casamento fora.
EU JOGANDO NOSSO CASAMENTO FORA? Dá pra acreditar? Então peguei minhas coisas e fui embora, mas foi um dos dias mais difíceis da minha vida.
Algum tempo depois, ele já estava assumindo a amante dele, postando foto dos dois juntos nas redes sociais com declarações românticas que me davam enjoo. César foi morar com ela em uma casa imensa e luxuosa no Lago Sul (sim, eu caí na tentação de futricar a vida dele, podem me julgar), e tudo o que me restou foi aquela sensação de vazio e fracasso. Eu tinha tudo na minha vida planejado, e agora os planos estavam indo pelos ares.
Tomei mais um gole da bebida, desejando poder parar o looping de pensamentos autodepreciativos.
Sim, tinha sido completamente humilhante ser trocada por uma mulher bem mais nova que eu, mas eu precisava deixar aquilo para trás. Precisava esquecer César e tudo o que tínhamos vivido, mesmo que fosse difícil, mesmo que doesse fisicamente. César não me merecia, ele não deveria ser mais nada para mim, mas eu estava lutando contra anos de memórias.
César e eu nos conhecíamos desde a adolescência. Nossas famílias eram vizinhas e muito amigas, e nós tínhamos idades parecidas, então foi meio que natural nos aproximarmos. Durante um bom tempo mantivemos uma convivência amigável por causa dos nossos pais, mas eu estava vivendo meus próprios romances adolescentes e César os dele.
Foi só na fase adulta que aquela espécie de amizade inocente acabou virando algo mais, quando nossas famílias deram uma de cupido para cima da gente (é, eu sei, um pouco vergonhoso de se admitir). Eu tinha acabado de sair de um namoro de 1 ano com uma mulher que disse que não me amava mais, não como namorada, pelo menos, mas que adoraria continuar sendo minha amiga. Aquilo destroçou meu coração e meus pais acompanharam a fossa que foi superar aquele término (e não, não continuamos amigas). Então acho que César foi meio que um modo deles de me incentivarem a seguir em frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como (não) reprovar no amor
RomanceAos 35 anos, Laura não esperava ver seu casamento com César ruir e acabar em divórcio. Num momento de desespero, ela acaba parando num bar duvidoso para afogar as mágoas, e lá conhece a Sam. Sam não tinha esperanças de conseguir nada com Laura (a m...