29. É, Taylor Swift: it hits different mesmo (Sam)

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Eu nem tive que passar pela experiência de rever a Laura na faculdade depois da nossa ligação, porque no dia seguinte ela não estava lá. Nem no outro, nem em nenhum.

Começaram boatos na turma sobre o sumiço da Laura, mas ninguém parecia saber o motivo real, o que me trouxe certo alívio. Bia e Gus eram os únicos que sabiam da verdade, porque foi inevitável. Eles chegaram juntos no apartamento naquela segunda e eu estava em prantos, soluçando de tanto chorar. Eles obviamente juntaram 2 + 2 e eu acabei contando os detalhes. Eu merecia poder desabafar com meus amigos, porque caso contrário eu explodiria com aquele segredo.

Claro que ambos me deram aquele olhar de "você sabe o que isso significa, né?", mas eu ignorei e desconversei. Não queria incomodá-los por muito tempo com meus problemas, principalmente porque Gus estava finalmente namorando a Olívia, depois de um pedido super romântico à beira lago no parque da cidade. Ele mostrou as fotos pra gente e eu comecei a chorar outra vez.

Meus amigos perceberam que eu estava mais sensível, porque eu vivia chorando em momentos inoportunos como durante meu treino na academia ou nas idas ao bar numa sexta-feira (sim, eu cheguei nesse nível), mas como eu me recusava a ficar tocando no assunto da Laura, eles não insistiam, e eu agradecia. 

Era humilhante demais lembrar da nossa conversa, da forma como Laura não hesitou em dizer que deveríamos nos afastar de vez. Nem sequer encontros clandestinos seriam tolerados, afinal, Laura tinha muito a perder, e não estava disposta a correr o risco de ser denunciada outra vez. Só o que me restava era respeitar a decisão final dela, mesmo que sua ausência me destruísse por dentro.

Era uma sensação nova para mim, porque eu estava acostumada a desapegar e seguir em frente quando precisava. Já tinha tido tantos lances casuais ao longo da faculdade, mas com Laura era diferente. Eu não sabia bem explicar o porquê, mas quando Hits Different começou a tocar no meu celular enquanto eu fazia meu exercício de remada curvada na academia, ficou óbvio. Eu só não estava pronta para admitir, então tentei fingir que não me afetava tanto assim, e voltei correndo para casa para chorar.

Quando o professor substituto entregou as provas no final do mês e eu vi que tinha tirado 9,5, nem consegui comemorar. Afinal, qual era a graça se eu não poderia chegar na Laura e me gabar sobre ter atingido o nível extremamente alto (e até um pouco desnecessário) de cobrança dela? Então só ignorei o elogio do professor e guardei a prova no fundo da mochila.

Em certo momento, comecei a agradecer por Laura não aparecer na faculdade, porque evitava reabrir as feridas que não queriam cicatrizar. Era mais fácil fingir que ela não existia se eu não pudesse vê-la. E como Laura não tinha respondido minha mensagem (sim, confesso que doeu) e nem me mandado nenhuma desde a nossa ligação, era como se ela realmente estivesse sumindo da minha vida.

A única certeza que eu tinha de que Laura não era uma invenção da minha cabeça, era quando Sara falava sobre a orientadora comigo. 

— Poderia ser pior. Pelo menos fazemos videochamadas toda semana para trabalhar os pontos da coleta de dados. Essa suspensão dela me pegou completamente desprevenida. — Sara confessou para mim numa tarde qualquer em que estávamos juntas na biblioteca. Ela digitava sem parar no computador, fazendo correções na dissertação dela enquanto eu fingia ler um livro. Eu já estava relendo o mesmo parágrafo há 1 hora, incapaz de absorver as informações.

Tentei não pensar demais sobre como queria que Laura me ligasse também, porque era idiota e destrutivo. Nós tínhamos conversado e eu tinha aceitado esperar o prazo de 1 mês da suspensão dela. Eu não podia fazer mais nada além de assistir os dias passarem enquanto esperava por algum mensagem de reconciliação.

Como (não) reprovar no amorOnde histórias criam vida. Descubra agora