Capítulo 1

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O gosto amargo do café desce pela minha garganta, e eu faço uma careta involuntária

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O gosto amargo do café desce pela minha garganta, e eu faço uma careta involuntária. Minha mãe acaricia minhas costas, mas, conhecendo-a bem, sei que ela deve estar pensando: “Isso que dá beber demais.” Ela pega a xícara do balcão americano e a coloca na pia. A ressaca me consome, mas nem assim sou perdoada. Tenho que ir para a faculdade. Parabéns, Lizzie! Isso que dá ficar bebendo domingo à noite como se não tivesse responsabilidades na segunda-feira de manhã.

— Melhora essa cara! — minha mãe diz, servindo um pouco de café para si mesma e acrescentando algumas colheres de açúcar.

— Argh! — reviro os olhos, tentando ignorar o sabor forte.

— Bom dia! — meu padrasto entra na cozinha, dando um selinho carinhoso em minha mãe. Ele então se vira para mim. — Lizzie, o que aconteceu?

— Sua enteada responsável decidiu se embriagar horrores no domingo à noite — minha mãe responde com um tom de deboche.

— Preciso de uma carona até o campus — digo, quase implorando.

— Bom... — meu padrasto olha para o relógio em seu pulso — sinto muito.

— O quê? Vou ter que ir de ônibus? — resmungo, a frustração transparecendo na minha voz.

— Considere isso um aprendizado! — minha mãe diz, saindo da cozinha com um sorriso satisfeito. Meu padrasto a segue como um cachorrinho obediente.

Pego minha bolsa e saio de casa, facilmente confundida com um zumbi de The Walking Dead. Pego meu celular e chamo um carro de aplicativo; não vou pegar ônibus nenhum hoje. Quando o carro chega, entro e me deixo sofrer no banco de trás. O trajeto até o campus é rápido e, pela janela, vejo meus amigos conversando animadamente. Agradeço ao motorista ao sair do carro e marcho até eles, que me fitam com sorrisos divertidos.

— Qual é a porra da graça? — pergunto irritada.

— Tá estressada, fia? — Yasmin coloca o braço em volta do meu pescoço como se fôssemos melhores amigas do mundo.

— O que vocês colocaram na minha bebida? — resmungo, ainda sonolenta.

— Você se auto sabota, gata! — Kaike ri alto, aproveitando o momento.

— Nunca mais saio pra beber com pessoas como vocês — declaro com firmeza.

— Hum, ouvimos isso há exatamente muitos anos — Yasmin debocha com um sorriso travesso.

— Este final de semana vou visitar meu pai; definitivamente não estou pronta — tento enfiar meu afro puff dentro do capuz da jaqueta.

— Vai mesmo colocar um capuz na cabeça? — Kaike cruza os braços com uma expressão cética.

— A luz do dia está queimando meus olhos! — franzo a testa dramaticamente.

— Ela deve estar esquecendo que é preta! — Yasmin gargalha alto.

Reservas do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora