O orquidário parte II

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Após um mês, Carol havia se acostumado com aquele ambiente reconfortante, sem falar na presença assídua de Natália, borrifar água nas orquídeas já havia virado rotina entre as duas, Carol notara que sentia algo diferente quando Natália aparecia, a risada da mulher agitadinha aquecia seu coração, sem contar na maneira tosca que ela dançava ao som de Ney Matogrosso, os cabelos castanhos esvoaçantes, isso era novo para ela, não sentira interesse em nenhuma mulher antes...

Apesar de tanta prosa, Carol não havia descoberto nada da intimidade de Natália, ela parecia tão repleta de assuntos, que essa questão não chegava a baila.

Obviamente, Carol ficava nervosa quando a chance da pergunta vinha a tona. Por este motivo, nunca tirava sua dúvida, contudo já estava há um mês naquele recinto, ninguém além dos funcionários de Natália apareciam por ali, ninguém acompanhava aquela mulher! E assim a orquidóloga se prendia à esperança.

- Bom dia, Carol! Como está? – Abraçou forte a pesquisadora, esta respirou fundo o cheiro que Natália exalava, um delicioso cheiro de pêssego açucarado.

- Está tudo na mais perfeita ordem! Estou podando a pequena dark... – sorriu fitando a planta.

- Você tem um cuidado especial com esta aqui, já percebi isso, heim! Engraçado... no dia que nos conhecemos, eu estava tratando dela! Você não deve se lembrar... – Disse se aproximando da orquídea negra.

- Tá brincando? Eu lembro de cada detalhe daquele dia, e aliás, sempre que preciso me animar, é só lembrar de você estatelada na terra, melhora meu dia em 1000% - Carol ria enquanto Natália fazia um muxoxo forçado.

- Você é uma comediante, né Ana Carolina?! Haha! – Cruzou os braços.

- Desculpa, prometo que não vou mais rir disso... eu acho! Mas você chegou um pouco tarde hoje! – Comentou sem tentar pressionar uma explicação.

- Sim, Ulisses apareceu lá em casa hoje, um amigo antigo... vamos almoçar hoje, você quer ir comigo? Pode ser mais um amigo para sua lista, heim? Talvez até algo mais.

- Obrigada pelo convite, mas não gosto de encontros deste tipo. – Carol falou séria.

- Vamos Ana Carolina Sofredini, vai... Eu faço tudo o que você quiser, pode me pedir qualquer coisa! – Implorava com as mãos juntas, como numa prece.

- Tá bom, mas você vai se arrepender de falar isso!

- Duvido! o que você vai pedir? – Natália falou curiosa.

- Ah, não vou falar agora! Será um acordo às cegas. Se quiser aceitar, a oferta está aí. – A pesquisadora tinha ganhado no acordo, estava mais que óbvio que Natália aceitaria a proposta.

- Aff, você é impossível, sabia? Combinado. – A jovem sentou, pegou o borrifador para ajudar Natália.

- Você conhece a lenda que rodeia a Orquídea? Deve saber, né? Sua família é dona desse orquidário...

- Não! Me conta. Nunca parei pra perguntar sobre isso, bem, você já percebeu que sei o básico para não matar as plantinhas, apenas. Não sou nada demais, alguém assim, como você! – Carol ficou sem jeito, suas bochechas ficaram rosadas.

- Bem, é uma lenda boba! Gosto dela! Era uma vez (risos), uma jovem muito bonita, todos os jovens se apaixonavam por ela e esta os usava como peões, tentando conquistar o amor da jovem, alguns homens até perdiam a vida, um deus, vendo a atitude prepotente da moça, profetizou que um dia a jovem iria se apaixonar perdidamente e não seria correspondida, aflita a jovem apaixonada se sentindo prejudicada, resolveu pedir ajuda a uma bruxa, esta a enganou, transformou o amado da jovem em uma frondosa árvore e com tristeza a bela jovem ficou abraçada ao tronco, em prantos, implorando perdão por sua arrogância, um feiticeiro comovido com a situação a transformou em uma bela orquídea de modo que os dois ficaram juntos pela eternidade... Viu? Eu disse que era boba!

- Eu amei! É sério, Carol! Assim, uma vibe Romeu e Julieta. – A pesquisadora sorriu com a referência da outra. Rapidamente a hora do almoço chegou, Natália e Carol foram juntas, certamente a nossa querida Sofredini estava radiante com a aventura de ter Natália ao seu lado.

- Hum, Carol... Eh... Vou perguntar uma coisa, se você não quiser me responder, não tem problema, ok? – Parou o Carro no estacionamento do restaurante.

- Você namora? – A cara pacífica como se tivesse perguntado se Carol tomava chá. – Carol respondeu sem rodeios.

- Não!

- Ótimo! Vamos? – Desceu do carro e abriu a porta para a outra. – Carol riu com a situação inusitada.

- Natália?! O que você está fazendo?

- Eu? Abrindo a porta para minha convidada ilustre! Não posso?

- Pode... mas não fica parecendo que você... e eu....

- Somos um casal perdidamente apaixonado? – Natália falou sorrindo.

- Sim! – desembuchou.

- Exatamente! Essa é a ideia! – Natália entrelaçou seus dedos aos de Carol, os olhos claros se arregalaram, enquanto os escuros estavam brilhando com o toque inesperado.

Um homem se aproximava com certa agilidade.

- Olá meninas! – Falou amistoso.

- Ulisses! Que alegria te ver, amigo! Como te falei mais cedo, essa é Ana Carolina Sofredini... ou Carol, minha querida, doce e inteligente... Namorada!

É O QUE?

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