O orquidário parte - III

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Carol não estava compreendendo nada do que passava diante a seus olhos, se beliscou sutilmente, tentando ver se aquilo era um sonho e logo acordaria, apertou seu pulso por duas vezes e simplesmente nada mudou, Natália continuava ao seu lado, sorrindo, enquanto seu braço direito enlaçava sua cintura.

- Carol? - Natália falou - Está tudo bem, meu amor? - Carol sentiu o tempo paralizar ao ouvir a última frase: Meu amor??? - Pensou estar em uma pegadinha, apesar de não ter o menor sentido.

- Ah, desculpa! é um prazer conhecer um amigo da Natália... - Estendeu sua mão, precisava entrar neste teatro, afinal de contas, com certeza Natália deveria ter um motivo para inventar essa história, contudo, só poderia questioná-la depois, e iria... com toda certeza.

Ulisses sorriu ao fitar a orquidóloga, apertou sua mão com força. - Gente, que isso? ele quer quebrar meus dedos? Pensou, mas gemeu levemente, afastando a mão do homem.

- Ulisses, o que está fazendo? quer quebrar os dedos da minha namorada? é inveja? quer me prejudicar, é? - Carol olhou rapidamente para a outra, não acreditava que ela estava mesmo falando sobre...

- Eu fiquei nervoso, me perdoem meninas, acho... que estou acostumado a apertar mão de homens.

- Nossa, deve ser bem tedioso... - Vamos para dentro? Natália disse enquanto entrelaçou seus dedos aos de Carol, levando a mão da outra até seus lábios, beijando seus dedos delicadamente. - As bochechas da doutora abandonaram a tonalidade alva e tornaram-se rosadas. Ulisses tentava disfarçar, porém, era certo que ele sentia ciúmes de Natália, era palpável o quanto ele odiava a presença de Carol.

Sentaram em uma mesa, próxima ao mirante, era um lindo restaurante, elegante e os atendentes estavam em vestes formais, um deles, aparentando ter uma idade avançada se aproximou com o cardápio.

- Senhorita Natália, é uma honra ter sua presença aqui hoje! - Natália deu uma risada gostosa e abraçou o senhor.

- Marcos, como é bom te ver! como foram as férias? Gostou mesmo de Buenos Aires? Seu filho está bem? - Eles eram velhos conhecidos, Carol sentia um quentinho ao ver aquela interação 

- Bruno está se saindo muito bem, as melhores férias! nada melhor do que ver seu filho progredindo, certo?

- Com certeza, Marcos! fico feliz por você!!! Mas deixa eu apresentar uma pessoa muito importante, estendeu sua mão para a mulher ao seu lado, Marcos, essa linda moça é alguém que eu conheci a pouco tempo, porém quando olhei esses olhos azuis me afoguei perdidamente... Não consigo mais ficar um dia sem escutar a voz  doce dela.. Carol, minha namorada...

Marcos fez uma reverência leve, olhou profundamente para Carol. Sorriu e disse:

- Há tempos não vejo a senhorita Natália tão feliz, espero que você corresponda em igualdade esse vulcão de sentimentos...

- Eu... eh...

-Marcos! vai acabar assustando ela! bobo! Não liga, meu amor... Ele está bricando! - Ulisses soltou um grunhido,  chamando atenção.

- Quase ia esquecendo... Este é Ulisses, um amigo antigo! da época da escola. - A mulher descrevia sem muita emoção, contudo, não chegava a ser antipática, apesar de ser perceptível a discrepância de sentimentos entre um e outro, ainda mais depois que Ulisses machucou Carol.

- Prazer, senhor! - Os homens se cumprimentaram e logo os três clientes fizeram seus pedidos e iniciaram uma conversa, apaziguando os maus entendidos.

Natália aproveitou que a sua companheira pousara a mão sob a mesa e segurou esta, deslizando o polegar lentamente...

- Carol, sabia que sua namorada era conhecida como Carrie, a estranha? Ninguém gostava de ficar perto dela, juro! As meninas sempre faziam bullying com ela... - Natália paralizou com a conversa resgatando tudo o que ela mais queria esquecer, a adolescência tinha sido sua época mais dolorosa. Carol sentiu o silêncio dela.

- Adolescentes sempre são idiotas mesmo, é um período infeliz e com certeza, não deve ser recordado se sabe que não trás boas vibrações, Natália é uma pessoa maravilhosa, encantadora para quem sabe admirar sua beleza diferenciada, Tão viva e cheia de alegria! é impossível não sentir a bondade que emana dela... Estou surpresa que um "amigo" esteja falando essas babaquices... - Natália ficou estarrecida com a defesa inesperada de Carol, todavia, a cara de pânico que Ulisses transpareceu foi o melhor, com a voz trêmula tentou se retratar e mudar de assunto.

- Carol, e você? o que te trouxe para essas bandas? como começou a história de vocês?

- Eu sou uma pesquisadora doutora orquidóloga, um conhecido me avisou que estavam precisando de alguém para cuidar do Orquidário da família Cardoso e eu vim, e chegando aqui... - Carol fitou sua "namorada" - Conheci a flor mais delicada que eu poderia querer, com o perfume doce de pêssego, uma que retribui a todos os cuidados que tenho...

(Preciso dizer que a presença de Ulisses era totalmente esquecível? Alguém some com ele, pelo amor?!!!) Comentário da autora.

Carol entendeu o motivo da mentira, era óbvio que aquele escroto queria algo mais com Natália e inventar um namoro seria o modo mais fácil para acabar com essas investidas infundadas, ficou entristecida pelo fato, por segundos imaginou como seria se aquilo fosse real, as confissões, toques, olhares... Ela queria Natália e esse fora o momento que seus sentimentos foram correspondidos, infelizmente através de uma ilusão... 

Será que continuo com este conto? Fica nas mãos de vocês!

Meninas, esqueci de perguntar! Então estou fazendo este adendo:
Vocês preferem algo mais sweet, leve, sabe? Ou algo mais intenso?! Mais detalhadinho mesmo? Dependendo da escolha, o Cap será mais longo ou curto.
Fico no aguardo! Já tem quase 1000 palavras, Socorro.

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