O dia passou se arrastando. Era como se os minutos demorassem mais que o normal para circular o relógio, até mesmo o ponto dos segundos parecia não querer se mexer.
Na noite passada, Bulma rolou de um lado para o outro na cama, dormindo pouquíssimas horas depois do telefonema de seu novo paciente, porém, estranhamente não estava cansada ou sonolenta, e sim agitada e nervosa. Aquele frio na barriga simplesmente não passava, e a ansiedade tomava conta de todo o seu corpo.
Enquanto ela atendia seus pacientes, um por hora, tentava se concentrar no que eles falavam, e, enquanto as palavras dos problemas deles entravam em seus ouvidos, Bulma desenhava em seu pequeno caderno coisas como algemas, cordas e chicotes – mesmo que o caderno em questão servisse apenas para anotar o que considerava importante de seus pacientes.
- Eu não aguento mais viver assim, Doutora, eu acordo de manhã e estou mentalmente cansada, mesmo que eu tenha tido uma boa noite de sono. Não vejo alegria em nada, não consigo mais me sentir feliz.
Bulma terminava de esboçar o chicote com o grafite e ergueu o olhar ao ouvir a última frase da sua paciente. Suspirando, ela percebeu que não ouvira muito do que ela disse durante aquela hora que se passou, entretanto, o final foi o suficiente para entender o que se passava com aquela moça.
Colocando o caderno na mesa ao lado da cadeira de couro, da qual estava sentada, Bulma ajeitou os óculos e inclinou-se para frente, enquanto sua paciente erguia-se e sentava-se no sofá, deixando a posição de deitada, pois percebera que seu tempo com a psicóloga estava acabando.
- Você está com depressão – Bulma explicou pausadamente. – Vou encaminhá-la para um psiquiatra, para que ele possa te passar alguma medicação, mas quero que volte mais vezes aqui, e se por acaso você se sentir tentada a cometer algo irreparável, me liga, a qualquer momento, em qualquer horário.
- Irreparável? – Ela sussurrou passando as mãos no jeans surrado que usava.
- Pessoas com depressão costumam pensar em formas de acabar com esse vazio, com essa tristeza. Acreditam, durante as crises, que não tem muitos motivos para viver. – Bulma inclinou a cabeça para o lado tentando mantê-la calma.
A moça abaixou o olhar, não tendo coragem de encarar sua psicóloga, mostrando assim, que ela já havia pensando naquela possibilidade.
A paciente saiu do consultório com um encaminhamento em mãos, como psicóloga, Bulma não podia prescrever remédios para depressão, seu trabalho naquele momento era encaminha-la para um psiquiatra, que avaliaria o caso dela, para então medica-la se assim ele achasse necessário.
Bulma desabou na cadeira se sentindo culpada, ela tinha que se concentrar em seu trabalho, não podia ficar se distraindo com Vegeta e seu problema o dia todo. Diante desses pensamentos, ela tentou ao máximo não se distrair enquanto atendia os outros que chegavam. Porém, mesmo mantendo-se mais focada, o dia demorou a passar, mas no fim, o horário tão aguardado finalmente chegou.
Bulma batia a ponta do lápis no caderno enquanto esperava a chegada de seu último paciente, fazendo um barulho de batuque no ambiente. Estava ansiosa, impaciente e até mesmo empolgada.
Ele já devia ter chegado. Seu cérebro gritava com os cinco minutos de atraso dele. Será que não vinha mais? Ou talvez houvesse acontecido alguma coisa? Quem sabe ele desistiu de se tratar e tenha voltado a ativa no seu estilo de vida. Pode ter conhecido alguém e...
O último pensamento causou certo desconforto em Bulma, fazendo-a balançar a cabeça negativamente. Era uma completa tolice da sua parte ficar tão desesperada pela chegada de um paciente e incomodar-se com uma provável desistência dele, afinal, que importância tinha ele continuar a amarrar e chicotear mulheres?
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Dominador
ChickLitBulma Briefs é formada em Psicologia e depois de passar dois anos atendendo pacientes em um hospital, decidiu mudar o rumo de sua carreira, se mudando para Nova Iorque, abrindo uma clínica particular e atendendo seus pacientes de forma discreta. Tud...