Irreconhecível

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Estava tarde quando Bulma conseguiu sair do seu consultório, além da situação que viveu mais cedo com Vegeta, e também por ter demorado para acalmar seu paciente Gohan, ela ainda teve mais quatro pacientes para atender em seguida, o que causou um atraso sucessivo para todos eles e consequentemente a fez ficar mais tempo trabalhando naquele dia. Felizmente, por conta desse embaralhado de situações, sua cabeça ficou ocupada o suficiente para não pensar no seu ex-paciente extremamente gostoso e completamente sádico. Entretanto, no seu caminho de volta para casa, enquanto dirigia seu carro nas ruas movimentadas de Nova Iorque, e admirava o nascer da noite, seus pensamentos traiçoeiros a levaram justamente para aquele que ela não deveria pensar mais.

Em qual momento exatamente aquilo começou e como ela deixou chegar naquele ponto? A resposta era bastante simples na verdade, sua atração por Vegeta começou justamente no dia em que ele atravessou a porta do seu consultório e ela o aceitou como paciente, deveria ter se precavido e tomado uma atitude assim que se excitou ao ouvi-lo falar de sua vida sexual, mas não, resolveu deixar as coisas chegarem em um ponto perturbador.

Tudo bem que agora ela havia tomado uma atitude, e que sua vida profissional não estava mais em risco, mas como esqueceria a figura daquele homem, que impregnou sua mente tão intensamente? Ele domava seus pensamentos e suas vontades. Além disso, Bulma não conseguia acreditar que tinha permitido ele erguer sua saia em seu consultório, em sua área de trabalho, e pior, que teria permitido que ele batesse nela – se Gohan não tivesse intervindo com sua crise – em plena luz do dia, sóbria e totalmente consciente de suas ações – não que ela aprovasse espancar mulheres estando bêbadas e inconscientes, muito pelo contrário, mas para ela, sentir um cinto de coro atingindo sua bunda deveria ser assustador e não excitante, e o único cenário que ela aceitaria uma situação daquelas, seria um sábado à noite, onde ela estivesse muito bêbada e completamente carente. Na verdade, analisando bem aquela situação toda, sua irmã Tights era uma pessoa que combinava muito mais com uma situação daquelas do que ela, ao observar o estilo de vida dela.

Quando o carro parou no sinaleiro, Bulma olhou para retrovisor e o ajustou para olhar sua própria face. Suas pupilas estavam dilatadas – não exageradamente, mas um tanto maiores que o normal –, suas bochechas estavam rosadas, seu lábio inferior estava um tanto inchado, provavelmente por conta da quantidade de vezes que o mordeu naquele dia, e seus cabelos estavam uma bagunça de tanto que passava a mão neles.

- O que está acontecendo comigo? – sussurrou ela ainda olhando para o espelho do retrovisor.

Bulma não reconhecia a mulher que refletia para ela, era como se a nerd de óculos tivesse sido substituída por uma mulher selvagem e faminta.

- Confessa, Bulma – o Reflexo-Bulma exigiu através da imagem do espelho. – Você ia gostar se ele tivesse enchido sua bunda de hematomas.

- Que bobagem! – Bulma fez uma careta para seu reflexo. – Eu estava completamente fora de mim, àquilo não vai se repetir.

- Agora que você dispensou o paciente gostosão provavelmente não se repita mesmo.

Bulma fez uma expressão triste.

- Viu? – Debochou o Reflexo-Bulma. – Está arrependida de ter dispensado o detetive sádico antes de conhecer o peso daquela mão.

- Minha profissão vem em primeiro lugar – rosnou Bulma. – Não estou arrependida.

- Repita isso até que se convença – debochou uma segunda vez o reflexo.

- Cala a bo...

A buzinada a despertou de seu momento particular e esquizofrênico, a trazendo de volta para o carro no qual ela dirigia, e para o sinal que já devia estar aberto há um bom tempo, analisando o mau humor dos motoristas atrás dela. Empurrando a marcha e pesando o pé no acelerador, Bulma praticamente voou para a casa. Ela precisava urgentemente de um banho para relaxar e esquecer tudo que a perturbava. Talvez ligasse para Tights mais tarde, afinal, precisava se abrir com alguém, e não tinha ninguém melhor que a sua irmã para isso.

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