Ele tem Um irmão

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Capítulo 2

Antes de entrar na sala mando uma mensagem para meu irmão avisando que não ficaremos na mesma turma esse ano. Ele está na 305 e eu na 304. O terceiro ano está ficando cada vez mais assustador. Sem o Zack com quem eu vou me sentar ou fazer trabalhos em dupla? Eu odeio a maior parte da escola, não dá pra enfrentar um ano sem meu único amigo. Tento me acalmar pensando que vou vê-lo na aula de ciências e no lanche. Mas a ansiedade ainda está fazendo minha mão tremer. Okay, eu consigo. Coloco a mão na porta no intuito de gerar a maçaneta, mas alguém segura ao mesmo tempo e nossas mãos se encostam. Dou um passo para trás, surpresa. Olho a pessoas... eu só consigo olhar. É o cara mais bonito que já vi na vida. Olhos azuis, pele bronzeada, cabelos loira encaracolados, sorriso largo cheio de dentes.

- Desculpa, primeiro as damas! - sorriu um pouco envergonhando. Acenti e passei pela porta depois que ele abriu. Eu não sei de onde eu tirei meu sorriso bobo, mas eu não consegui tirar do rosto.

A sala já estava cheia, então parei por alguns segundos procurando um lugar para sentar. Tinha uma mesa para duas pessoas vazia no fundo da sala perto da janela. Não é o ideal sentar no fundo, mas eu não tenho mais opções. Me dirijo à cadeira e para minha surpresa o garoto bonito me segue e senta ao meu lado. 

- Meu nome é Oliver. Como se chama? - ele começa uma conversa assim que acomoda sua mochila embaixo da mesa.

- Beatrice, mas pode me chamar de Triz. Minha mãe me deu esse nome por causa do livro preferido dela.

- Divergente? 

- Ah, você conhece! 

- Gosto de livros de ação e aventura, e você?

- acho que não tem um tipo de livro que eu não goste contanto que o escritor escreva direito.

- sou assim com música, aceito qualquer coisa contanto que faça sentido.

- É bem difícil hoje em dia. As músicas são tão padrão.

- As antigas são as melhores. Não tinha uma fórmula correta, acredito que eles escreviam com o coração.

- ATENÇÃO! VAMOS COMEÇAR NOSSA AULA! - Esse professor tinha uma voz tão grave que ao falar com imponência todos se calaram ao mesmo tempo.

No momento que ele se virou para escreveu seu nome no quadro o psicopata passou pela porta como uma assombração. Meus olhos se encontraram com os dele e em seguida ele encarou Oliver por alguns segundos. Eu imediatamente olhei para a cadeira vazia na minha frente, a única vazia na sala. O frio na barriga voltou novamente. O professor se virou para o garoto.

- Novo na escola? - o garoto acentiu.

- Sente-se e não volte a entrar com atraso. Nessa escola todos seguem normas.

- Ok. - ele caminha com as mãos nos bolsos. Se senta a minha frente e ajeita a cadeira, batendo contra minha mesa de propósito. 

No decorrer da aula o professor nos dá instruções de uma tarefa complicada. Era sobre cálculo de física. Teríamos que responder uma apostila de cálculos até o final do mês e entrega-lo. Odeio cálculos. Odeio números. 

Na hora do almoço penso em encontrar meu irmão para almoçar, mas eu hesito ao ve-lo sentado com uma garota. Não quero atrapalhar, meu irmão assim como eu deve estar tentando fazer amigos agora que nos separamos. 

- Quer sentar comigo? - Oliver surge ao meu lado com uma bandeja de comida. Acenti e fui com ele até uma mesa. 

- Então? Você está aqui a mais tempo, né? - Ele pergunta. 

- desde o fundamental na verdade. - Olho em seus olhos tentando não parecer muito tímida. 

- Tem muitos amigos por aqui? 

- Deu pra ver que não. - pauso e olho para o meu irmão - era eu e o meu irmão desde sempre. Esse ano nós separaram. 

- E porque não está sentada com ele?

- Ele é aquele garoto moreno alí. - aponto sutilmente - ele está sentado com uma garota bonita. Não quero atrapalhar, eles devem estar se conhecendo. 

- Você é uma irmã legal! - ele comenta e  arruma o cabelo olhando por cima do meu ombro. Sua expressão muda rapidamente.

- Oli, irmãozinho! Quero te convidar para minha festa! - não preciso me virar, já entendi que toda vez que sinto um frio na barriga o psicopata aparece. 

- Você são irmãos? - deixo escapar. 

- Conhece ele? - Oliver me pergunta curioso. 

- Discutimos no micródromo antes da primeira aula. - digo sem rodeios e a criatura de pé atrás de mim esboça um sorriso. 

- Sua nova amiguinha é bem autêntica. - ele comenta e senta conosco.

- Me chamou de chata mais cedo. - respondo encarando-o.

- E você me chamou de escroto! - retruca rapidamente.

- Sinto muito pelo meu irmão, Triz. - Oliver intervém. 

- Tudo bem. - digo e admiro meu prato tentando não focar nessa óbvia rivalidade entre os dois.

- Você é tão certinho. Tenho sorte de ter você para se desculpar por mim. Espero que faça isso quando nossos pais descobrirem que vou dar uma festa de inauguração à nossa nova casa. 

- Kevin, acabamos de chegar... 

Seu irmão se levanta e caminha distribuindo os convites para a tal festa nas mesas do refeitório. 

- Vai fazer o quê? - pergunto curiosa.

- Não sei ainda. - ele responde preocupado.

Mais tarde voltei para casa conversando com meu irmão sobre meu dia sem ele e ele me contou sua versão. Conheceu a garota com que almoçou hoje e está feliz por isso. 

-  te vi com aqueles dois caras no refeitório. Um deles me deu um convite para uma festa.

-   Eu cai na mesma sala que ele. Brigamos mais cedo, ele é um cretino. Não iria na festa dele nem morta. - zack fica em silêncio. - Não me diga que quer ir!   

-  A Luiza quer ir, e eu gostei dela. Seria legal acompanhá-la… - ele fala rápido - eu quero uma namorada, Triz. Se essa garota encontrar um cada nessa festa eu vou perde-la para sempre.

- Nossa, como você é trouxa! - balanço a cabeça e continuo andando. Nós dois sabemos que eu vou então terminamos esse assunto e entramos em outro.

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