Confissões

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Capítulo 3

No dia seguinte encontrei Oliver logo na entrada da escola. Fui obrigada a apresentá-lo ao meu irmão. Eles acabaram se entendendo muito rápido. Oliver é tão estranho. Nunca imaginei que um cara tão bonito falaria comigo. Ele parece um anjo ou um ator famoso, sei lá. Mas ele gosta de coisas normais: livros, música, gibís, filmes nerd… e pelos músculos deve gostar de esportes. Eu só não consigo acreditar que um cara como ele é irmão de um cara como o Kevin. Falando nele, eu não o suporto. Principalmente o jeito que olhou para seu irmão ontem e o chamou de “certinho”.

Na hora do lanche Oliver estava sentado com algumas pessoas no refeitório. Meu coração batia com força enquanto observava a mesa dos populares na cantina da escola, hesitante sobre me juntar a eles ou não. Sempre fui uma garota reservada, acostumada a passar os intervalos com meu irmão, mas algo dentro de mim me impulsionava a dar um passo além naquela tarde. Oliver era meu novo amigo, não?

Ele estava lá, cercado por pessoas bonitas e populares, e eu senti um impulso inexplicável de me juntar a eles, mesmo que soubesse que poderia não ser bem-vinda. Com uma mistura de ansiedade e determinação, aproximei-me da mesa e Oliver imediatamente me ofereceu um lugar ao seu lado. Seu sorriso acolhedor me encheu de coragem, mas a atitude dos outros integrantes da mesa foi menos receptiva.

Erica, a líder do grupo dos populares e também líder de torcida, dirigiu-me um olhar de desdém e perguntou: "Beatrice, o que você está fazendo aqui?"

Tentei manter a compostura e respondi: "Só esperava me juntar a vocês, se não se importarem."

O olhar crítico dos outros populares me fez sentir pequena e vulnerável, mas a presença de Oliver ao meu lado me deu forças para enfrentar aquela situação desconfortável. Erica questionou minha presença, desafiando-me, e os outros trocavam olhares de desaprovação. Jason provocou-me, questionando o motivo pelo qual eu achava que poderia fazer parte daquele grupo.

Mas Oliver interveio, defendendo-me com suas palavras gentis e gestos de apoio. Seu olhar de compreensão e ternura me confortaram naquele momento de conflito, fazendo-me perceber que sua amizade valia mais do que aquelas pessoas ao nosso redor. 

Decidi ficar ao lado de Oliver, enfrentando os olhares hostis e comentários maldosos. Mas no fundo também queria questionar por que diabos ele estava se juntando com aquele tipo de pessoa. Eu sei que ele tem uma aparência boa o facilmente para chamar atenção dos populares e até poderia ser um deles, no entanto, ele era diferente, era legal, e eu queria muito que fosse meu amigo e também de pessoas melhores que aquelas.

Olhei para Oliver com curiosidade e refletindo quando saímos da mesa a caminho da sala de aula. Então finalmente reuni coragem para fazer a pergunta que estava em minha mente desde nos juntamos à mesa dos populares.

-"Oliver, por que você quis se tornar amigo deles? Eles pareciam tão diferentes de nós", questionei, tentando entender melhor a situação.

Oliver suspirou, seus olhos encontrando os meus com sinceridade. - "Eles me chamaram para comer e se enturmaram comigo. Pareciam legais no começo, mas não gostei do jeito que te trataram quando você se sentou conosco Acabaram sendo malvados só aquela hora, não sei porque. Eu sei que a sua amizade vale muito mais do que qualquer aparente popularidade que eles poderiam oferecer. Se esse é o problema, não fica preocupada."

Eu  senti um calor reconfortante se espalhar por meu peito ao ouvir as palavras sinceras de Oliver. Percebeu o valor verdadeiro da amizade e me  senti grata por ter alguém tão leal e genuíno ao meu lado quando eu pensei que ficaria sozinha sem meu irmão por perto.

-  Sabe, já que somos amigos, eu quero te ajudar com o seu irmão. Ele vai destruir sua casa no sábado. Meu irmão quer ir porque a futura namorada dele não pode dar bobeira sozinha no meio de um monte de caras. - sorrio debochada e ele retribui - Aceita minha ajuda?

-  Mais uma ajuda? Pensei que me livrar daqueles chatos no almoço já tinha sido um grande gesto. - ele comenta brincalhão. No fundo eu sei que os populares só se revelaram me tratando mal porque me consideram insignificante graças à minha condição financeira. Aqui não importa o quão inteligente você seja a menos que você tenha um pai rico e um rosto bonito.

-  Sim, você vai gostar de mais essa ajuda. - depois da aula contei alguns dos meus planos. Ele aprovou tudo. Me senti uma vencedora.

O dia da festa…

O Kevin, aquele jovem rebelde, decidiu organizar uma festa clandestina  na casa dos pais sem nem os consultar. Ele estava tão determinado a chamar a atenção que não considerou as possíveis consequências de suas ações. Eu e o Oliver, preocupados,, tentamos sabotar a festa para proteger a casa e mandar todo mundo embora. Colocamos sal a mais na comida e desligamos o sistema de som, mas não adiantou muito. 

De algum jeito o destino foi contra nós, algumas pessoas ligaram o som de seus carros e continuaram a beber sem se importar com a comida. 

-  E então? Mais alguma ideia? - Oliver pergunta um pouco perto demais, consegui sentir seu bafo e então olhei sua boca involuntariamente. Ele percebeu e nos afastamos um pouco constrangidos. - Desculpa, eu não consigo nem ouvir o que estou falando! - ele grita.

Me sinto muito muito mal com o som e o cheiro de álcool. Olho para os lados e vejo meu irmão sentado com Luiza conversando de algum jeito. Como eles conseguem com esse barulho?

-  Eu estou ficando enjoada! - pauso e olho para o chão segurando a tontura. Tinha muita gente naquele lugar. Eu tenho ansiedade, não dá pra ficar num lugar com tanta informação. - Oliver percebe que estou mal e segura meu braço me acompanhando até a cozinha. Lá os garotos estavam jogando e bebendo. Entre eles, estava Kevin. Quando nos viu propôs que jogassemos contra ele e Erica. Oliver negou por nós dois e me trouxe um copo de água. Percebi a raiva nos olhos e Kevin por não ter a oportunidade de vencer o irmão na frente dos novos amigos ridículos. 

-  Preciso respirar… - comento e Oliver me conduz até a porta dos fundos da cozinha.

No quintal avisto um banco abaixo de uma árvore. Me apresso em sentar.

Eu estava inquieta com a tensão que pairava entre Oliver e Kevin, irmãos que pareciam ter sério problemas. Como amiga de Oliver, eu não conseguia compreender o motivo por trás daquela animosidade. Eu tinha que descobrir a razão por trás da hostilidade entre os dois irmãos.

- Posso te perguntar uma coisa? - falo.

- Claro. - Oliver responde automaticamente. 

- Por que vocês não se dão bem? O que aconteceu entre vocês? - questionei, em busca de respostas que pudessem esclarecer aquela situação delicada.

Oliver hesitou por um momento, desviando o olhar e parecendo escolher suas palavras com cuidado antes de responder. Sua expressão era carregada de tristeza e mágoa, revelando a complexidade do relacionamento com seu irmão.

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